Uber espiona usuários de seu serviço de caronas
Depois que um executivo afirmou que a empresa poderia gastar um milhão de dólares para procurar podres na vida de jornalistas, Uber tem semana ruim
Victor Caputo
Publicado em 19 de novembro de 2014 às 10h43.
São Paulo – A semana tem sido ruim para o Uber . A startup de transportes, que usa carros de luxo para transporte de passageiros, tem atraído atenção, mas no pior sentido possível. A empresa foi envolvida em alegações de quebra de privacidade de seus usuários e ameaças a jornalistas.
Tudo começou depois que o BuzzFeed publicou uma matéria sobre um vice-presidente da empresa, Emil Michael. Ele disse em um jantar que o Uber poderia gastar um milhão de dólares para caçar podres na vida de jornalistas que falam mal da companhia.
O jantar reunia o CEO e co-fundador do Uber, Travis Kalanick, executivos da empresa, o ator Edward Norton, jornalistas e membros do conselho do Uber. O jornalista do BuzzFeed não foi avisado que a conversa era em “off” (expressão jornalísticas para dizer que o que for dito não pode ser publicado).
Após a publicação da matéria do BuzzFeed, na segunda-feira de noite, a equipe de relações públicas do Uber e seus executivos precisaram tentar limpar o problema. Emil Michael afirmou que suas afirmações não refletem as opiniões da empresa, nem as suas.
O CEO da empresa, Kalanick, afirmou no Twitter que as afirmações de Michael não são a visão da empresa e que ele mostrou falta de liderança e de humanidade. Kalanick ainda afirmou que o executivo não seria demitido. Algumas opiniões em sites e redes sociais pediam que o Uber mandasse o vice-presidente embora para mostrar que ele não refletia o pensamento da empresa.
Privacidade
As acusações contra o Uber não pararam aí. O BuzzFeed resgatou uma informação que não havia sido publicada anteriormente. No início do mês, uma jornalista da equipe do site havia visitado o escritório da empresa para uma matéria.
Ao chegar, um executivo, Josh Mohrer, estava aguardando a jornalista na entrada do prédio. “Aí está você. Eu estava seguindo você”, disse ele, mostrando o iPhone em sua mão.
Alguns meses antes, a mesma jornalista trabalhava em uma matéria sobre o serviço Lyft, concorrente direto do Uber. E ao questionar Mohrer, recebeu um e-mail no qual o executivo mostrava os registros que o Uber tinha das corridas que ela havia feito, mostrando os endereços de origem.
Em nenhum dos dois casos, a jornalista havia dado autorização para suas corridas fossem acessadas e compartilhadas. Dois ex-funcionários do Uber afirmaram que a prática é comum dentro da empresa. A ferramenta para ver as corridas tem até um nome: “God View”, ou “Visão de Deus”, em português.
O mesmo problema foi denunciado por um investidor , Peter Sims. Ele afirmou em um post em um blog que enquanto usava um carro do Uber, passou a receber mensagens de texto dizendo onde ele estava.
“Finalmente ela revelou que estava na festa de lançamento do Uber em Chicago e que uma tela mostrava onde em Nova York estavam algumas ‘pessoas conhecidas’”, escreve Sims em um texto chamado “Podemos confiar no Uber?”.
Após as revelações, o Uber se posicionou oficialmente sobre o assunto. “Temos uma política que proíbe funcionários de qualquer nível de acessar informações de um motorista ou passageiro. A única exceção para essa política é para um número limitado de propósitos de negócios”, afirmou o Uber em um comunicado.
Legislação desatualizada
O Uber ainda enfrenta problemas de licença em vários países do mundo. No Brasil não é diferente. Após iniciar operações no Brasil em julho, a empresa já teve problemas com taxistas e com políticos .
A prefeitura de São Paulo estudou suspender o aplicativo na cidade. Alguns carros prestando serviço à empresa foram apreendidos por realizar transportes de passageiros sem autorização. O Uber alega que a legislação local é desatualizada.
São Paulo – A semana tem sido ruim para o Uber . A startup de transportes, que usa carros de luxo para transporte de passageiros, tem atraído atenção, mas no pior sentido possível. A empresa foi envolvida em alegações de quebra de privacidade de seus usuários e ameaças a jornalistas.
Tudo começou depois que o BuzzFeed publicou uma matéria sobre um vice-presidente da empresa, Emil Michael. Ele disse em um jantar que o Uber poderia gastar um milhão de dólares para caçar podres na vida de jornalistas que falam mal da companhia.
O jantar reunia o CEO e co-fundador do Uber, Travis Kalanick, executivos da empresa, o ator Edward Norton, jornalistas e membros do conselho do Uber. O jornalista do BuzzFeed não foi avisado que a conversa era em “off” (expressão jornalísticas para dizer que o que for dito não pode ser publicado).
Após a publicação da matéria do BuzzFeed, na segunda-feira de noite, a equipe de relações públicas do Uber e seus executivos precisaram tentar limpar o problema. Emil Michael afirmou que suas afirmações não refletem as opiniões da empresa, nem as suas.
O CEO da empresa, Kalanick, afirmou no Twitter que as afirmações de Michael não são a visão da empresa e que ele mostrou falta de liderança e de humanidade. Kalanick ainda afirmou que o executivo não seria demitido. Algumas opiniões em sites e redes sociais pediam que o Uber mandasse o vice-presidente embora para mostrar que ele não refletia o pensamento da empresa.
Privacidade
As acusações contra o Uber não pararam aí. O BuzzFeed resgatou uma informação que não havia sido publicada anteriormente. No início do mês, uma jornalista da equipe do site havia visitado o escritório da empresa para uma matéria.
Ao chegar, um executivo, Josh Mohrer, estava aguardando a jornalista na entrada do prédio. “Aí está você. Eu estava seguindo você”, disse ele, mostrando o iPhone em sua mão.
Alguns meses antes, a mesma jornalista trabalhava em uma matéria sobre o serviço Lyft, concorrente direto do Uber. E ao questionar Mohrer, recebeu um e-mail no qual o executivo mostrava os registros que o Uber tinha das corridas que ela havia feito, mostrando os endereços de origem.
Em nenhum dos dois casos, a jornalista havia dado autorização para suas corridas fossem acessadas e compartilhadas. Dois ex-funcionários do Uber afirmaram que a prática é comum dentro da empresa. A ferramenta para ver as corridas tem até um nome: “God View”, ou “Visão de Deus”, em português.
O mesmo problema foi denunciado por um investidor , Peter Sims. Ele afirmou em um post em um blog que enquanto usava um carro do Uber, passou a receber mensagens de texto dizendo onde ele estava.
“Finalmente ela revelou que estava na festa de lançamento do Uber em Chicago e que uma tela mostrava onde em Nova York estavam algumas ‘pessoas conhecidas’”, escreve Sims em um texto chamado “Podemos confiar no Uber?”.
Após as revelações, o Uber se posicionou oficialmente sobre o assunto. “Temos uma política que proíbe funcionários de qualquer nível de acessar informações de um motorista ou passageiro. A única exceção para essa política é para um número limitado de propósitos de negócios”, afirmou o Uber em um comunicado.
Legislação desatualizada
O Uber ainda enfrenta problemas de licença em vários países do mundo. No Brasil não é diferente. Após iniciar operações no Brasil em julho, a empresa já teve problemas com taxistas e com políticos .
A prefeitura de São Paulo estudou suspender o aplicativo na cidade. Alguns carros prestando serviço à empresa foram apreendidos por realizar transportes de passageiros sem autorização. O Uber alega que a legislação local é desatualizada.