Tecnologia

Twitter pode ser uma faca de dois gumes na mão dos políticos

Nos seus sete anos de existência, rede se consolidou como ferramenta indispensável para congressistas, políticos em geral e formadores de opinião pública


	Logo da mídia social Twitter: polítciso esperam mandar seu recado nos seus próprios termos e, muitas vezes, sem filtros na rede social
 (Leon Neal/AFP)

Logo da mídia social Twitter: polítciso esperam mandar seu recado nos seus próprios termos e, muitas vezes, sem filtros na rede social (Leon Neal/AFP)

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Da Redação

Publicado em 13 de setembro de 2013 às 23h49.

Washington - Presidentes e primeiros-ministros, líderes sul-americanos e quase todo o Congresso americano têm usado o Twitter para defender e divulgar suas plataformas políticas. Mas, afinal, o pequeno passarinho azul tem ajudado ou atrapalhado na transmissão dessas mensagens?

Nos seus sete anos de existência, o microblog, que anunciou que em breve fará uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), consolidou-se como ferramenta indispensável para congressistas, políticos em geral e formadores de opinião pública, que buscam influenciar o debate em seus respectivos países.

Com o Twitter, eles esperam mandar seu recado nos seus próprios termos e, muitas vezes, sem filtros.

Quando o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, decidiu por fim ao suspense e declarar a vitória em sua reeleição contra o republicano Mitt Romney, foi o Twitter - e não a mídia tradicional - que ele escolheu para anunciar "mais quatro anos". Foi o tuíte mais retuitado de todos os tempos.

Obama é o político com maior número de seguidores no microblog, com um recorde de 36,5 milhões de pessoas.

Congressistas de todas as tendências estão aderindo cada vez mais à tecnologia digital, alimentando freneticamente o ciclo de notícias com seus tuítes. Em 140 caracteres (ou ainda menos), eles comentam seus posicionamentos políticos, reações a todo tipo de evento, além de publicar fotos com seus eleitores (no formato "selfie").

O Twitter se tornou o verdadeiro e crucial serviço de mídia em tempo real para a dinâmica legislativa e para campanhas políticas, atingindo o ápice e se consolidando na última corrida à Casa Branca, em 2012.

"Os políticos não têm escolha, na verdade, eles precisam entrar no Twitter", disse o especialista Marcus Messner, professor da Escola de Comunicações de Massa da Virginia Commonwealth University.


Segundo ele, hoje, ficar fora do Twitter significa ficar de fora de um dos mais engajadores discursos políticos com eleitores, estrategistas de campanha, demais políticos e jornalistas.

Messner ressaltou, contudo, que postar apenas "releases para a imprensa" não leva ninguém a lugar algum. "É importante que os políticos mostrem um pouco da sua personalidade", afirmou.

Como exemplo do "movimento certo", ele citou o senador Chuck Grassley, que tuitou uma foto do "maior porco" da Feira Estadual de Iowa. "Isso mostra um lado humano", explica Messner.

Mas a chamada twittersfera também se tornou, rapidamente, um lugar de profundas trincheiras políticas, onde democratas e republicanos travam uma feroz guerra digital.

Cada vez mais, os congressistas americanos usam o Twitter para se posicionar em questões que estão na ordem do dia, como o debate sobre a Síria. Muitos manifestaram, por exemplo, seu ceticismo em relação ao plano de ataques ao regime de Bashar al-Assad defendido por Obama.

O consultor de mídia Rick Wilson disse que um número crescente de políticos, como o novato senador republicano pelo Texas Ted Cruz, está usando o Twitter muito bem para moldar sua imagem política. Para o consultor republicano, a saraivada de tuítes de Ted está conseguindo posicioná-lo como "um dos líderes do novo bloco conservador no Senado".

Visto como um potencial candidato à corrida presidencial de 2016, Ted Cruz tem como público-alvo de seus tuítes "militantes e eleitores conservadores altamente ativos, altamente motivados e altamente comprometidos, de todo o país" - acrescentou Wilson.

 O fenômeno não é apenas americano

O presidente da Turquia, Abdullah Gul, é um dos políticos mais seguidos no mundo, com 3,6 milhões de fãs, enquanto o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan tem 3,1 milhões de seguidores. Ambos ficavam bem atrás do ex-presidente venezuelano, Hugo Chávez, que faleceu em março de 2013 e contava com mais de 4,1 milhões de seguidores no microblog.


Na Europa, porém, o ritmo de adesão dos chefes de Estado tem sido lento. A chanceler alemã, Angela Merkel, não tem uma conta no Twitter, recorrendo ao tradicional porta-voz para se pronunciar. O presidente francês, François Hollande, parou de tuitar em 2012, transferindo a tarefa para o Palácio Eliseu.

A visibilidade obtida com o Twitter nem sempre é positiva. O senador John McCain - de longe o congressista americano com mais seguidores - foi atacado por todos os lados no início do ano, quando comparou o então presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, ao macaco que o Irã havia lançado ao espaço.

Mas nenhum parlamentar americano passou por bocados piores do que Anthony Weiner, que renunciou ao cargo depois de tuitar mensagens impróprias e fotos íntimas picantes, como a de sua zona genital. O caso se tornou um alerta e um exemplo do que não fazer para os políticos mais afobados e ansiosos por mostrar seu lado pessoal no Twitter.

O britânico David Cameron estava entre os que ficavam contra a "instantaneidade" e o uso precoce do Twitter como ferramenta política. Em entrevista a uma rádio em 2009, quando ainda era líder da oposição, ele declarou "too many twits might make a twat" (em tradução livre, "tuítes em exagero podem produzir um 'babaca'"). Depois da gafe de usar uma palavra considerada chula, ele teve de pedir desculpas.

O agora primeiro-ministro, que entrou no Twitter desde então e conta com 446 mil seguidores, reconheceu o benefício de simplificar a mensagem política, reduzindo-a em uma frase, ou duas.

"Você precisa trabalhar para comunicar algo complicado de uma maneira simples, caso contrário, você não leva as pessoas com você", ensinou Cameron.

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