Tecnologia

Startup brasileira vence competição de inteligência artificial do Google

A HandTalk, que cria aplicativos para deficientes auditivos, é uma das 20 vencedoras do Desafio Google de Impacto IA e vai receber 3 milhões de reais

Acessibilidade: empresa de inteligência artificial promove inclusão no meio digital (Hand Talk/Divulgação)

Acessibilidade: empresa de inteligência artificial promove inclusão no meio digital (Hand Talk/Divulgação)

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Maria Eduarda Cury

Publicado em 7 de maio de 2019 às 15h58.

Última atualização em 7 de maio de 2019 às 16h35.

São Paulo - Nesta terça-feira (7), o Google anunciou os 20 vencedores do Desafio Google de Impacto IA, incluindo uma startup brasileira. A competição, que contou com participantes de 119 países, promovia o uso de inteligência artificial como forma de enfrentar situações da vida real e cotidiano. As organizações apresentaram projetos destinados a áreas como conservação ambiental, saúde e educação.

Para alavancar os seus projetos, os 20 vencedores dividirão 25 milhões de dólares em forma de auxílio monetário, crédito e consultoria pelo Google Cloud - serviço de nuvem desenvolvido pelo Google para armazenar projetos -, ajuda de especialistas em inteligência artificial da empresa e um programa de aceleração personalizado, Launchpad do Google Developers, além de outros benefícios.

Dentre os projetos escolhidos, dois são da América Latina: Brasil e Colômbia receberam destaque por suas iniciativas tecnológicas. Representando o Brasil, a empresa Hand Talk promove a acessibilidade no meio digital ao desenvolver um Tradutor de Sites virtual para deficientes auditivos. Do total financeiro disponibilizado entre os vencedores, a iniciativa brasileira recebeu 750 mil dólares, cerca de 3 milhões de reais.

A ferramenta, que possui um código script para ser introduzido em qualquer website, possui um serviço de assinatura e seu destino é, principalmente, empresarial. Assim que o serviço é instalado, o usuário do site conta com a ajuda de Hugo, boneco virtual 3D que realiza a tradução dos textos e vídeos para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Além do tradutor de sites, a Hand Talk também criou um aplicativo para smartphones que traduz automaticamente texto e áudio para Libras, além de contar com uma seção educativa onde o personagem Hugo ensina, por meio de vídeos, a linguagem de sinais. O aplicativo está disponível para download na Apple Store e no Google Play e é gratuito em ambas as plataformas.

O publicitário Ronaldo Tenório, um dos fundadores da empresa ao lado de Thadeu Luz e Carlos Wanderlan disse, em entrevista a EXAME, que a ideia de unir acessibilidade com inteligência artificial surgiu da grande demanda do serviço: "A gente criou um personagem 3D e, para que ele ficasse mais inteligente a cada dia para fazer as traduções, a gente precisava que ele tivesse uma inteligência. São milhões de traduções todos os dias e precisamos usá-las a nosso favor para melhorar a qualidade."

Sendo a principal referência no mercado para os Estados Unidos e Brasil, a startup consegue ter um impacto social de grande escala. Além disso, seu serviço é reconhecido pela ONU. Após realizar a compra de sua principal concorrente - a empresa de tradução ProDeaf -, a HandTalk conta com clientes como o banco Bradesco e a instituição de ensino Insper.

Após receberem um investimento de 2,5 milhões de reais, o principal foco da empresa foram as vendas e a melhoria da tecnologia utilizada nos produtos. "A gente tem que pensar mais globalmente, de forma escalável, e causar impacto para crescer rápido", disse Tenório, completando que a parceria da empresa com o Google já é antiga. Ela se iniciou em 2016 após o lançamento do Launchpad Accelerator para startups do Brasil, Índia e Indonésia.

Até o momento, apenas 2% dos sites brasileiros são acessíveis para deficientes auditivos. No entanto, o CEO da startup afirma que as respostas sobre os produtos já são muitas e positivas. "O feedback vem de todos os lados. Um familiar ouvinte que tem um familiar surdo e que tinha essa barreira de comunicação já não tem mais. Muitos ouvintes aprendem os primeiros sinais de libras nos aplicativos."

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