Sob pressão, Facebook e Apple fogem do óbvio para crescer no 4º tri
As duas gigantes da tecnologia estão pressionadas por órgãos reguladores, mas devem crescer com apostas no e-commerce e no setor de serviços
Rodrigo Loureiro
Publicado em 27 de janeiro de 2021 às 06h00.
Última atualização em 27 de janeiro de 2021 às 08h52.
Facebook e Apple revelam nesta quarta-feira (27) seus resultados financeiros do 4º trimestre do ano passado. Na mira de órgãos reguladores, que buscam coibir o avanço desproporcional das big techs para promover uma maior concorrência no mercado de tecnologia, as duas gigantes ainda devem apresentar resultados com números bastante positivos.
Na previsão da consultoria Visible Alpha, o Facebook deve apresentar receita trimestral próxima de 26,3 bilhões de dólares, um aumento de quase 25% em relação aos 21,1 bilhões de dólares obtidos no mesmo trimestre do ano anterior. O lucro por ação deve ficar em 3,16 dólares, 23% a mais do que os 2,56 dólares de 2019. A companhia de Menlo Park estava avaliada em 804 bilhões de dólares no fechamento do pregão de terça-feira.
O aumento do faturamento do Facebook pode estar relacionado diretamente ao crescimento do número de Usuários Únicos Mensais (MAU, na sigla em inglês). Mais de 2,7 bilhões de pessoas acessam a plataforma criada (e as compradas) por Mark Zuckerberg ao menos uma vez por mês, segundo estimativas do mercado. Com mais usuários, o Facebook consegue atrair mais anunciantes e, assim, ganhar mais dinheiro.
Vale destacar ainda que o Facebook intensificou a sua aposta no e-commerce durante os últimos meses. Com a quarentena por conta da covid-19 e o fechamento de lojas físicas, o comércio virtual ganhou tração no mundo inteiro. A estratégia girou em torno do Facebook Shops e de outros produtos de e-commerce, como as etiquetas de preço do Instagram.
Ao mesmo tempo em que cresce no comércio virtual, o Facebook também deve perder receita por conta das implicações referentes a questões de privacidade envolvendo seus aplicativos. Ainda não se sabe o quanto isso vai custar para os acionistas da empresa comandada por Zuckerberg, mas a previsão é de que o impacto possa ser de mais de 2 bilhões de dólares.
Apple
As previsões da consultoria Visible Alpha para a Apple também são otimistas. A receita da companhia de Cupertino deve crescer 11% para 102 bilhões de dólares. Já o lucro por ação deve saltar pouco mais de 9% para 1,37 dólar por cada papel negociado na bolsa. Vale lembrar que esses resultados são referentes aos meses de outubro, novembro e dezembro de 2020, mas que correspondem ao 1º trimestre fiscal da Apple de 2021.
Avaliada em 2,4 trilhões de dólares, a fabricante do iPhone teve um trimestre de lançamentos com a chegada de uma nova linha de MacBooks, agora com processadores “feitos em casa” após o fim da parceria com a Intel, além de um novo MacBook Air. Os novos produtos ajudaram a companhia a reconquistar o posto de marca mais valiosa do planeta após cinco anos longe da liderança.
Mas o grande foco da Apple ficou na área de serviços. A empresa que faturou 12,7 bilhões de dólares com a divisão durante os últimos meses de 2019 deve apresentar faturamento de 14,9 bilhões de dólares em seu próximo balanço trimestral, alta de 17%. A receita obtida com serviços (que inclui a App Store, por exemplo) foi de 53,7 bilhões de dólares no último ano fiscal da Apple e corresponde a 22% do total.
“A Apple está deixando de ser só uma fabricante de eletrônicos para se tornar uma empresa de serviços”, disse Gene Munster, analista e sócio da empresa de investimentos americana Loup Venture s, em entrevista feita ainda em 2018. “A era de grandes saltos nas vendas dos iPhones acabou, mas estamos entrando em um período de mais estabilidade e rentabilidade.”a
O anúncio dos resultados do Facebook e da Apple será feito após o fechamento das principais bolsas de valores nos Estados Unidos, às 18h (horário de Brasília).