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Site 'Repolítica' é reformulado e passa a ser colaborativo

INFO conversou com Daniel Veloso, um dos idealizadores do site, para esclarecer as mudanças e diferenciais da plataforma

Repolítica (Reprodução)

Repolítica (Reprodução)

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Da Redação

Publicado em 18 de setembro de 2014 às 05h54.

O site Repolítica foi criado em 2010, por quatro amigos, para ajudar as pessoas que estavam com dificuldade em pesquisar e escolher candidatos durante as eleições. No endereço, é possível fazer um teste que mostra quais candidatos têm o perfil mais parecido com o do eleitor. Quatro anos depois, o site foi reformulado e agora é colaborativo, no estilo da Wikipédia.

INFO conversou com Daniel Veloso, um dos idealizadores do site, para esclarecer as mudanças e diferenciais da plataforma. Leia a entrevista na íntegra abaixo:

Como surgiu a ideia de criar o site?

Começamos a imaginar o site após as eleições de 2008, ao notar nossa própria dificuldade de pesquisar e escolher candidatos. Com mais de 2000 candidatos a um único cargo, um ser humano normal não tem tempo e nem paciência de pesquisar entre todos eles de forma igualitária, ainda mais considerando que a maioria não mostra claramente suas posições. E isso acaba privilegiando aqueles com maiores verbas de marketing ou em coligações mais poderosas, o que geralmente não está relacionado ao quão bem aqueles candidatos representam o eleitor. O Repolítica é uma tentativa de equilibrar a disputa, reduzindo a influência do marketing e das estratégias eleitoreiras, e de evidenciar as reais posições políticas de cada candidato.

O que mudou no site nestes quatro anos?

Lançamos o projeto em 2010, com um teste bem raso em termos de informações. O mais importante que dizíamos eram as prioridades do candidato e se ele era de direita ou esquerda. Mas uma semente legal que já tínhamos era o uso das opiniões das pessoas, por meio de votações, como forma de construir os perfis dos políticos.

Em 2012, introduzimos as perguntas específicas. Eram perguntas que diziam respeito à questões polêmicas de cada município, e, a partir delas, era possível saber se o político em quem o eleitor iria votar era, por exemplo, a favor da construção de UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora). Isso foi um grande salto em termos de profundidade, porque estas questões muitas vezes definem as eleições.

Agora, em 2014, nós lançamos a versão mais robusta de todas até o momento. Além de termos a profundidade das perguntas sobre questões federais e estaduais, temos também um modelo completamente colaborativo de obtenção das informações. Qualquer usuário registrado pode acrescentar informações sobre os políticos que ele conhece. Assim, conseguimos muito mais informações sobre muito mais políticos. Em 2014, fizemos também uma grande reformulação do layout, tornando as informações ainda mais claras e objetivas.

Agora que o site é colaborativo, vocês não acham que correm o risco de usuários cadastrarem dados errados sobre os candidatos, até mesmo para boicotá-los?

Os editores do site precisam ser previamente cadastrados antes de fazer edições, exatamente pra que possamos identificá-los no caso de abusos. Além disso, fazemos um monitoramento geral das alterações pra evitar abusos mais graves. Mas o principal monitoramento é feito pela própria comunidade — e até pelos próprios políticos que usam o site.

Funciona como a Wikipédia, só que de forma um pouco mais segura. Na Wikipédia qualquer pessoa pode alterar qualquer artigo sem necessidade de se cadastrar, e a única referência que ela guarda dessas pessoas é o IP. Nós, além de guardarmos o IP, guardamos também o e-mail de cadastro.

Sistemas de informação colaborativos sempre têm algum risco de sofrerem abusos, mas a prática mostra que eles acabam sendo tão confiáveis quanto sistemas fechados. E em breve lançaremos outros mecanismos pra facilitar o acompanhamento das alterações por qualquer pessoa que seja editora de um perfil de político, pra tornar o processo ainda mais seguro.

Algum candidato já pediu a retirada de suas informações do site?

Só fora do período eleitoral. Não participar do Repolítica é uma chance a menos de ser descoberto por um potencial eleitor.

Vocês já receberam mensagens de eleitores satisfeitos por terem ajudado na escolha? E eleitores insatisfeitos com a escolha e culpando o site por isso?

Já recebemos muitas mensagens de eleitores agradecendo pela ajuda na hora de escolher um candidato. Também há pessoas insatisfeitas com os resultados, mas ninguém chega a nos culpar por isso. Até porque nossa proposta não é dizer em quem cada eleitor deve votar, mas sim facilitar a comparação entre candidatos. Em vez do eleitor pesquisar 2 mil candidatos, ele pode pesquisar 10 ou 20 que nós já indicamos que têm mais a ver com ele.

Um fato engraçado e que exemplifica muito bem o quanto as pessoas desconhecem os políticos é que, às vezes, alguém reclama do resultado dizendo que nunca votaria naquele político. Aí, pra tentar aprimorar o sistema e ver se o teste funciona, nós perguntamos individualmente sobre cada questão que aquela pessoa respondeu. E, muitas vezes, para a surpresa desse eleitor, nós mostramos que ele de fato pensa de forma mais similar ao candidato do que ele esperava.

Qual é o diferencial do site, tendo em vista que já existem aplicativos que também fazem esse teste de compatibilidade entre candidatos e eleitores?

Há muitos sites que fazem testes rasos pra indicar candidatos ao eleitor. Há também outros que só focam em presidente e governador ou se restringem a candidatos com mandato anterior, enquanto nós focamos em todos os cargos e todos os tipos de candidatos. Mas há também outros sites com bons testes e nós não somos contra eles. Acho que eles nos complementam. Havendo oportunidade, é importante testar os candidatos em diversos sites, porque cada um tem uma abordagem diferente.

No caso do Repolítica, nós procuramos dar clareza e objetividade às informações. É mais fácil você descobrir certas opiniões de determinados candidatos olhando no Repolítica do que procurando no plano de governo dele, por exemplo, ou no meio de uma longa entrevista. E, no caso de políticos menores, que não têm tanta informação disponível por aí, o Repolítica é a fonte de mais fácil acesso e, muitas vezes, com informações exclusivas.

Em breve o eleitor poderá, inclusive, fazer perguntas diretamente aos políticos cadastrados que estiverem administrando seus próprios perfis.

Falando em aplicativo, existe alguma previsão de lançamento de um app do Repolítica?

Ainda não temos um aplicativo do Repolítica, mas o site tem uma versão mobile e pode ser acessado de qualquer dispositivo móvel. Mas nós temos intenção de ter um aplicativo em breve, sim.

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