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Simpatizantes de líder do WikiLeaks promovem retaliação na Web

Manifestantes também se voltaram contra o site corporativo da empresa de cartão de crédito MasterCard

Julian Assange, criador do WikiLeaks: site vai coninuar publicando documentos (Dan Kitwood/Getty Images)

Julian Assange, criador do WikiLeaks: site vai coninuar publicando documentos (Dan Kitwood/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 8 de dezembro de 2010 às 19h33.

Londres - Simpatizantes do WikiLeaks aparentemente atacaram os sites do Ministério Público sueco e da MasterCard em retaliação às suas iniciativas contra Julian Assange, que tem divulgado despachos diplomáticos sigilosos dos Estados Unidos, causando constrangimento ao governo norte-americano e despertando sua ira.

O Ministério Público sueco informou ter denunciado o ataque online à polícia. A ordem de prisão de Assange, fundador do WikiLeaks, emitida pelo órgão por acusações de crimes sexuais, levou uma corte britânica a mantê-lo detido.

"Claro, é fácil pensar que há uma conexão com o WikiLeaks, mas não podemos confirmar isso", disse o editor de web do Ministério Público, Fredrik Berg, à Reuters Television.

Os simpatizantes de Assange também se voltaram contra o site corporativo da empresa de cartão de crédito MasterCard, numa aparente retaliação pelo fato de a companhia ter bloqueado as doações ao site WikiLeaks.

"Temos o prazer de lhes contar que www.mastercard.com/ caiu e está confirmado!", dizia uma mensagem no Twitter de um grupo autointitulado AnonOps, que afirma lutar contra a censura e o "copywrong".

Mark Stephens, o principal advogado de Assange em Londres, negou que o criador do WikiLeaks tenha ordenado os ataques.

A MasterCard disse que seus sistemas não foram comprometidos pelo que classificou como "um esforço concentrado de inundar nosso site corporativo com acesso lento".

"Estamos trabalhando para restabelecer níveis de serviços normais", disse a empresa em comunicado.

Assange passou a noite numa prisão britânica e comparecerá a uma audiência no dia 14 de dezembro.

Assange, que vive periodicamente na Suécia, foi acusado este ano de conduta sexual imprópria por duas voluntárias suecas do WikiLeaks. O advogado das duas disse que as acusações não tinham motivação política.

"Não tem nada a ver com o WikiLeaks ou com a CIA", disse o advogado Claes Borgstrom.

Assange tem enfurecido as autoridades norte-americanas e foi manchete em todo mundo ao publicar as comunicações secretas da diplomacia norte-americana.

O ministro de Relações Exteriores da Austrália, Kevin Rudd, disse que as pessoas que vazaram os documentos originalmente, e não Assange, são legalmente responsáveis e que os vazamentos levantaram questões sobre a competência da segurança norte-americana.

"O sr. Assange não é responsável pela divulgação não-autorizada de 250 mil documentos da rede de comunicações diplomática dos EUA", disse Rudd à Reuters durante uma entrevista.

"Os norte-americanos são responsáveis por isso", declarou Rudd, que foi descrito em um dos documentos divulgados como "controlador obsessivo".

Divulgação continua

O WikiLeaks prometeu que continuará divulgando detalhes dos despachos confidenciais norte-americanos. Até agora, apenas uma pequena parte foi publicada.

Assange tornou-se a face pública do WikiLeaks, saudado por simpatizantes, entre eles o jornalista e ativista australiano John Pilger e o cineasta britânico Ken Loach, que veem nele um defensor da liberdade de expressão. Agora, no entanto, ele se esforça para limpar seu nome.

Alguns simpatizantes aparentemente querem ajudá-lo. Os atuais ataques cibernéticos parecem ser diferentes do usual.

"Neste caso...eles parecem usar computadores próprios", afirmou Mikko Hypponen, pesquisador-chefe da empresa de segurança em software finlandesa F-Secure. Questionado sobre quantos indivíduos poderiam estar envolvidos, afirmou: "Provavelmente, ao menos centenas; podem ser milhares."


O serviço de pagamentos online PayPal, que estava entre as empresas que suspenderam as contas do WikiLeaks usadas para receber doações, disse ter agido sob ordem do governo dos EUA.

"Em 27 de novembro, o Departamento de Estado dos EUA, o governo dos EUA basicamente, escreveu uma carta dizendo que as atividades do WikiLeaks eram consideradas ilegais nos EUA e como resultado nosso grupo de política teve que tomar a decisão de suspender a conta", disse o vice-presidente de plataforma e tecnologia emergente da PayPal, Osama Bedier, em coletiva de imprensa em Paris.

A Swiss PostFinance, unidade financeira da estatal Swiss Post, e que também encerrou uma conta de donativos da WikiLeaks, disse ter tomado medidas adicionais e que uma onda inicial de ataques estaria diminuindo.

"A comunidade ao redor de Julian Assange disse 'estamos deixando isto agora, mostramos o que podemos fazer'", disse o porta-voz da PostFinance, Alex Josty.

Novas revelações

Os despachos mais recentes, publicados pelo jornal britânico Guardian, disseram que o líder líbio Muammar Kaddafi ameaçou cortar o comércio com a Grã-Bretanha e advertiu sobre as "repercussões enormes" que haveria caso o líbio condenado pelo atentado aéreo de Lockerbie em 1988 morresse numa prisão da Escócia. Ele foi solto em agosto de 2009.

Assim como muitos dos telegramas, as revelações dão um insight sobre a diplomacia, normalmente distante da opinião pública.

A fonte original dos vazamentos é desconhecida, embora um soldado raso do Exército dos EUA, Bradley Manning, que trabalhou como analista de inteligência no Iraque, tenha sido acusado por autoridades militares pelo download não-autorizado de mais de 150 mil documentos do Departamento de Estado.

As autoridades norte-americanas não quiseram informar se esses telegramas são os mesmos que agora estão sendo divulgados pelo WikiLeaks.

Assange defendeu o seu site em um artigo de jornal nesta quarta-feira, dizendo que ele é crucial para espalhar a democracia e o associando ao barão da mídia mundial Rubert Murdoch na busca por publicar a verdade.

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