Tecnologia

Robôs submarinos ajudarão em busca de petróleo e pesquisas

Com sensores para navegação submersa e equipamentos de comunicação, eles podem ser programados para ir e voltar de local predeterminado

Flatfish, da BG Brasil: o robô será usado para inspeção de estruturas de exploração de petróleo (Divulgação / BG Brasil)

Flatfish, da BG Brasil: o robô será usado para inspeção de estruturas de exploração de petróleo (Divulgação / BG Brasil)

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Da Redação

Publicado em 7 de julho de 2016 às 11h57.

Última atualização em 20 de novembro de 2017 às 17h05.

A partir da década de 1990, robôs submarinos que navegam de forma autônoma, sem precisar estar ligados a uma embarcação por cabos, começaram a surgir para auxiliar nas pesquisas oceanográficas e na exploração de petróleo e gás no fundo do mar.

Com sensores para navegação submersa e GPS, quando estão na superfície, além de motores e equipamentos de comunicação por rádio, eles podem ser programados para ir e voltar de um local predeterminado.

Receberam o nome de Veículos Autônomos Submersos (AUV, sigla para Autonomous Underwater Vehicle) e são produzidos por empresas de países como Estados Unidos, Noruega, Japão e França.

No Brasil, as pesquisas e os desenvolvimentos nessa área são recentes, e ainda não foi produzido um robô submarino que possa ser fabricado comercialmente. Mas existem pelo menos três protótipos atualmente em fase de testes.

O mais recente é destinado à exploração de petróleo e gás, a área que mais oferece oportunidades tecnológicas e de aplicações operacionais de robôs AUV no país.

A BG Brasil, uma subsidiária do Grupo Shell, desenvolveu um AUV chamado FlatFish em parceria com o Senai – Campus Integrado de Manufatura e Tecnologia (Cimatec), em Salvador (BA), e com o apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

O robô será usado para inspeção visual em três dimensões (3D) de alta resolução de estruturas submarinas de exploração de gás e petróleo, como tubulações e oleodutos, cascos de navio e plataformas.

Outra vertente atual do uso de robôs submarinos está na exploração dos oceanos.

O engenheiro naval Ettore Apolonio de Barros, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), começou a desenvolver um AUV em 2005, o Pirajuba (peixe amarelo, em tupi), com financiamento da FAPESP, para estudar a hidrodinâmica de um veículo autônomo submerso com formato de um torpedo, o que fez durante nove anos no Laboratório de Veículos Não Tripulados.

O desenvolvimento do Pirajuba continuou com pesquisas realizadas sob a coordenação do biólogo Rubens Lopes, professor e chefe do Laboratório de Sistemas Planctônicos (Laps) do Instituto Oceanográfico (IO) da USP.

Ele estuda a distribuição de plânctons (microrganismos que servem de alimento a várias espécies de peixes e outros animais marinhos) em partes da costa brasileira.

“Em fevereiro de 2014, demos início a um projeto para modificar nosso AUV Pirajuba, dando a ele uma aplicação prática”, conta Barros. “Agora o objetivo é obter dados de plânctons.”

A maneira tradicional de coletar dados nesse tipo de estudo é lançar, em vários pontos da área a ser pesquisada, uma sonda com sensores específicos a partir de uma embarcação. “Com um AUV basta programar a rota e largar a máquina na água”, diz o pesquisador.

O minissubmarino não tripulado possui sete microprocessadores a bordo, que se comunicam entre si, além de sensores para navegação e outros específicos para pesquisa de microrganismos, como indicadores de condutividade e temperatura da água e profundidade.

“O veículo também inclui sensores ópticos, que emitem luz ultravioleta para medir partículas suspensas na água, além da presença de clorofila e cianobactérias.”

Baterias de lítio garantem uma autonomia aproximada de 10 horas. Depois de 2014, o veículo tem sido avaliado no mar, ao redor da ilha Anchieta, na região de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo.

No ano passado, o veículo coletou dados para a caracterização de plânctons na região. Barros conta que o seu laboratório está aberto à cooperação com empresas para a transferência de tecnologia e possível produção do equipamento.

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