Review: PlayStation 4

Entretanto, onde estavam os botões “Start” e “Select” agora há uma série de novos recursos. O chamado “Options” funciona para pausar um jogo, traz informações e permite que você apague itens do menu. O “Share”, do outro lado, é um botão que permite que você compartilhe imagens do seu jogo nas redes sociais, ou até mesmo transmitir um gameplay ao vivo. Um toque nesse botão tira uma foto automaticamente da sua tela e salva os últimos 15 minutos do seu gameplay no seu HD (sim, o console está sempre gravando você) e você é direcionado para o menu de compartilhamento. No Call of Duty Ghosts, uma imagem de 250KB e um vídeo de 792MB foram capturados nos testes do T3. A publicação de vídeos está vinculado à sua conta no Facebook, sem uma opção para compartilhar o gameplay no YouTube. Também não há ferramentas de edição, diferentemente do ótimo Upload Studio, do Xbox One.A transmissão de vídeo ao vivo pode ser feita no Twitch e no Ustream.

No meio do DualShock 4 há uma painel sensível ao toque. Sem texturas, ele é suave, mas suficientemente responsivo ao navegar nos menus e também pode atuar como botões substitutos, com dois pontos de cliques, como um mouse. Abaixo dele e do Microsoft, está o botão PS, que funciona como o botão home do iPad e a entrada para headsets. O controle mantém a tecnologia de conexão sem fio chamada Sixaxis, o que permite usar giroscópio e acelerômetro para navegar mais rapidamente. A autonomia da bateria do DualShock 4 é de sete horas de uso, o que é pouco menos que a da geração anterior, embora com essa ampla gama de novidades isso seja esperado. Ele é carregado via USB ou microUSB no próprio console, então você provavelmente terá um outro cabo desses caso você perca o que vem com o PS4.

Recursos - Logo após tirar o PlayStation 4 da caixa você terá que faze ruma atualização do firmware 1.5, para habilitar diversos recursos. O arquivo tem 323 MB. Uma vez na nova interface do PS4, você notará que a experiência de uso é suave e rápida, dando realmente a impressão de estar em uma nova geração de games após seis anos de espera. Voltar para o PS3 é como trocar uma conexão banda larga por discada. Mas enquanto faz a geração anterior parecer arcaica, há familiaridade no novo sistema. Sim, o visual chamativo e dinâmico das janelas em formato de telhas predominam na tela, bem como o “What’s New”, que traz atualizações das redes sociais. Mas uma barra XMB logo acima, que oferece acesso a configurações mais profundas do sistema, assim como as tensões de sons e o papel de parede permanecem idênticos. É possível navegar rapidamente pelos menus, abrir e fechar aplicativos sem travamentos, mas o design da tela às vezes parece muito desestruturado. O mesmo acontece com as funções sociais do console e com o navegador.

O botão PS do controle é bastante útil, permitindo alterar configurações do sistema rapidamente apenas com um clique. O multitarefa chegou aos consoles, mesmo rodando apenas um game por vez. Atualizações do sistema são coisas do passado. Tudo acontece em background, entretanto, a promessa de poder jogar durante um update está cumprida apenas em parte. Nos testes do T3, foi preciso esperar o download do Warframe da PSN antes que pudéssemos jogar, apesar desse game ser exclusivamente online. Mas jogos em mídias parecem funcionar instantaneamente, apesar de claramente mandar dados para o HD, o que foi feito sem problemas aparentes. Conteúdo - Todos os títulos do PS4 estão disponíveis para download digital pela PSN, e alguns dos games AAA estão chegando aos 40 GB. Então, não dá para saber se o HD de 500 GB – igual ao do antigo PS3 – vai durar muito, ainda mais porque o espaço disponível é de cerca de 400 GB graças à instalação do sistema operacional.

Pode ser que em breve consigamos fazer o streaming de games pelo Gaikai, mas, por ora, o ambicioso serviço de nuvem da Sony nem começou a funcionar nos Estados Unidos e não tem data de lançamento para outros países. Drives externos ainda não são suportados pelo console já no lançamento, mas você já pode substituir o HD interno se quiser – e, claro, souber. Com tanto foco em games, aliás, o suporte a formatos de mídia foi meio que deixado de lado pela Sony. MP3 e mídias digitais locais não rodam no PS4, mas rumores apontam que o suporte pode vir em um update futuro. E depois de certa confusão, Blu-rays 3D receberam a devida atenção depois de uma correção no firmware feita no dia do lançamento. Em questão de serviços, o Netflix está prometido para o lançamento, mas mesmo nos Estados Unidos a oferta não é tão variada – o pacote típico de Hulu e Crackle. A Sony está focando seus esforços em música e vídeo nas suas próprias plataformas de streaming, a Music e a Video Unlimited, baseadas em um sistema de assinaturas e pay-per-view. O suporte à mídia ganha prioridade quando o assunto é 4K. A resolução só funciona em situações que não envolvem games, mas não foi possível testá-la.

Periféricos -A variedade de controles pode ser expandida para além do que vem na caixa graças a uma série de extras opcionais. A PlayStation Camera (60 dólares, cerca de 136 reais) é uma peça interessante e até essencial do kit – ela funciona como um sensor de movimentos estilo Kinect e permite controlar menus com comandos de voz (basta iniciar as frases com “PlayStation...”). O acessório não é tão integrado e talvez nem tão avançado quanto o Kinect, mas consegue realizar tarefas individuais muito bem. A captação de voz é bem melhor que a do atual aparelho da Microsoft, por exemplo, e o reconhecimento facial encontrou cada usuário, de cada conta diferente, mesmo quando estávamos jogando em grupo. Bom portátil, com uma biblioteca interessante – apesar de pouco vasta aqui no Brasil –, o PS Vita também faz parte da gama de acessórios do PS4 com uma funcionalidade de Remote Play. Para usá-la, atualize o portátil para o firmware 3.00, aliás. Parear os dois consoles é simples, e nos testes feitos, a lentidão foi mínima – embora isso dependa de sua localização. Há também um app PlayStation, disponível para Android e iOS, que leva a interface do PS4 para um smartphone ou tablet.

Games - Pode parecer óbvio, mas vale notar que o PS4 roda apenas jogos para PS4 – sem retrocompatibilidade com discos do PS3. E mesmo que suas contas da PSN e da PS+ funcionem nos dois consoles, nenhum jogo digital da rede funcionará na nova máquina. No entanto, tudo isso se aplica também ao Xbox One, e o que ambos fazem é entrar de cabeça na nova geração de jogos “1080p e 60 frames por segundo”. O line-up inicial de 19 games do PS4 parece promissora, mas uma olhada mais atenta mostra que relativamente poucos os exclusivos a se jogar agora. Dito isso, o PS4 ainda oferece a versão de consoles melhor definida de Call of Duty: Ghosts – 1080p depois de um update no dia de lançamento, contra 720p do Xbox One –, além da engine Ignite mais recente em FIFA 14. Versões melhoradas de Battlefield 4 e Assassin’s Creed 4: Black Flag (com conteúdo extra apenas para o PS4) completam a lista de títulos AAA multiplataforma iniciais.

Mas se você estiver considerado o gameplay em vez dos gráficos, nossas escolhas da leva inicial são dois indies: Resogun e Contrast. O primeiro é um shooter pulsante, com levada retrô, enquanto o segundo é um interessante puzzle, e ambos têm ótimas trilhas sonoras. Os dois custam 15 dólares (mais ou menos 34 reais) ou saem de graça se você estiver com uma conta na PS+. Recomendamos. Saindo do campo dos games indie, temos Killzone: Shadow Fall, que oferece dos melhores visuais e usos de lens-flare que já vimos, mesmo que não seja um shooter tão espetacular. Em termos gráficos, Knack, uma mistura de plataforma e luta, apresenta um bom trabalho de arte que deve agradar aos mais jovens. Além de tudo isso, a não tão radicalmente redesenhada PSN Store está cheia de bons remakes de indies do PS3 e do PS Vita – Flower, Flow, Sound Shapes e Escape Plan valem a visita – e de games de esportes norte-americanos.

É justo dizer que a seleção de jogos não está tão forte quando a Sony pretendia, com os planejados lançamentos de DriveClub e Watch_Dogs deixados para o próximo ano. Ainda assim, é bom ver que a iniciativa de Cross Play continuou no PS4, com títulos disponíveis por um preço no PS3, no PS Vita e no novo console. E claro, a história nos mostra que há um aumento na qualidade dos jogos no ano depois do lançamento. Os desenvolvedores se acostumam com o hardware e uma base de usuários instalada torna o financiamento de games mais viável. Para 2014, os jogos exclusivos planejados são os de ação em terceira pessoa, como Infamous: Second Son em março, The Order 1996 e, claro, Uncharted 4. Além disso, há alguns indies interessantes, como Rime, Octodad e Everything’s Gone to the Rapture. Outros games multiplataforma como Destiny (o beta deve estar disponível no próximo ano), The Division, The Crew e The Witcher 3 também devem aterrissar no PS4, assim como um bom número de títulos, de variadas formas e tamanhos, graças às políticas mais abertas da Sony.

Veredicto - O PlayStation 4 é um console rápido, bonito e poderoso a um preço não tão alto – ao menos lá fora – que carrega o melhor controle que já esteve em um PlayStation até hoje. Traz um bom número de bons jogos de todos os tamanhos e preços para jogar logo no lançamento, mesmo que muitos não sejam exclusivos e não haja suporte aos títulos do PS3. Enquanto o foco da Sony em jogos deixou um PS4 com pouco brilho nas outras formas de entretenimento, a máquina ainda cobre bem os básicos de streaming e on-demand. A força do Xbox One em mídia certamente dará à Microsoft a liderança nesse quesito. Mas, fora dos Estados Unidos, a variedade de ambos é um tanto decepcionante, e esperamos que isso seja resolvido em updates de firmware – todos agora “silenciosos” e fáceis de fazer. Como é comum no mundo da tecnologia hoje, o PS4 é mais uma rascunho do que um artigo finalizado. Mais um investimento em um serviço que está evoluindo do que em um produto sólido, com melhorias e ajustes acontecendo diariamente. Mas enquanto esse investimento em longo prazo o coloca na disputa com o Xbox One por sua atenção, isso ainda o previne de ser um substituto direto e definitivo a um atual console.

Além de uma variedade razoável de títulos Full HD e uma boa interface, bem ágil, não há muito mais no PS4 que não possa receber um upgrade. Por isso, a ideia de conseguir resultados finais em qualquer console de videogame logo no lançamento é relativamente ridícula. E fica ainda mais se considerarmos a variedade inicial de games apenas razoável e os recursos “não-testáveis”, como serviços online (o multiplayer precisa de mais tempo para ser devidamente avaliado). Além disso, há o simples fato de que os desenvolvedores precisam de tempo para tirar o máximo de novas plataformas. Ainda assim, achamos que o PS4 está bem encaminhado para evoluir. Ele conta com especificações amigáveis aos desenvolvedores, integração social, compromisso com o recurso de Cross Play e a possibilidade de se expandir para o mobile com o PS Vita, tablets e smartphones. Isso sem mencionar os planos envolvendo o streaming de games com o Gaikai, que, se bem sucedidos, darão ao console a chance de ser flexível e se adaptar às exigências dos gamers conforme os anos passam. Com o PS3 e o Xbox 360 recebendo os melhores games do momento, um novo console é, por ora, mais um desejo do que uma necessidade.