Escritórios vazios: em Nova York, a Meta já optou por não renovar os contratos de aluguel dos escritórios da Park Avenue e do espaço mais novo no Hudson Yards. (Reprodução/Bloomberg)
Agência de notícias
Publicado em 3 de abril de 2023 às 11h13.
Última atualização em 3 de abril de 2023 às 12h19.
Gigantes de tecnologia dos EUA, que enfrentam uma desaceleração pós-pandemia, já demitiram dezenas de milhares de trabalhadores. Agora, se livram de milhões de metros quadrados de escritórios, o que aumenta a vacância nos centros urbanos para níveis recordes, bem como a pressão sobre o setor imobiliário comercial.
Nenhum setor planeja sublocar mais espaço de escritórios do que as “big techs”, de acordo com a Jones Lang LaSalle. Alphabet, Meta Platforms, Microsoft e Amazon anunciaram planos para reduzir sua pegada nos escritórios. A Amazon suspendeu a construção de um campus perto da capital Washington, enquanto a Microsoft reavalia os planos para um projeto em Atlanta.
Cerca de 16 milhões de metros quadrados de escritórios - o dobro de todo o estoque de São Francisco - estão disponíveis para sublocação nos EUA, de acordo com a corretora de imóveis Savills. A área é quase o dobro do que estava disponível antes da pandemia, segundo a Savills.
Companhias que buscam sublocar espaço ainda estão comprometidas com o aluguel da totalidade do contrato. Mas o recuo mostra como a crise do setor de tecnologia, que contribuiu para o colapso do Silicon Valley Bank e para a turbulência nos mercados financeiros, agora se espalha pela economia em geral.
São Francisco, Seattle e Nova York carregam o fardo da retração. Enquanto Nova York pode contar com a demanda de empresas de serviços financeiros e escritórios de advocacia, São Francisco, com foco em tecnologia, não tem essa proteção. Enquanto isso, grupos empresariais de Seattle pedem isenção de impostos para manter os inquilinos no centro da cidade.
“Durante a pandemia, empresas de tecnologia foram a única fonte de crescimento para os proprietários, pois essas companhias estavam expandindo as operações, contratando agressivamente e ocupando grandes blocos de espaço”, disse Ruth Colp-Haber, diretora-presidente da corretora Wharton Property Advisors. “Este não é o único obstáculo enfrentado pelo setor imobiliário, mas é significativo, porque nenhum outro setor surgiu para substituir a tecnologia.”
No passado, companhias de tecnologia operavam em sonolentos enclaves afastados dos centros. Então, durante o “boom” da década de 2010, começaram a se mudar para bairros urbanos mais caros, na esperança de que as vantagens das cidades – passeadores de cães, restaurantes, condomínios modernos – as ajudassem a recrutar jovens talentos.
As cidades têm desfrutado de uma recuperação nascente da atividade econômica desde que empresas de tecnologia e de outros setores começaram a pressionar funcionários para retornarem aos escritórios. Mas esses ganhos são frágeis e podem ser revertidos à medida que companhias de tecnologia demitem milhares de pessoas e consolidam a força de trabalho em menos prédios.
São Francisco foi particularmente atingida e sofre com a desvalorização dos imóveis em meio à crise contínua de falta de moradia e problemas com drogas. Em fevereiro, a prefeita London Breed divulgou um plano de recuperação econômica que inclui um esforço para transformar o centro da cidade e atrair um conjunto mais diversificado de empregadores, como empresas de ciências da vida, assistência médica, inteligência artificial e tecnologia climática.
Em Seattle, o tráfego de pedestres permanece abaixo da metade dos níveis pré-pandemia, de acordo com a Downtown Seattle Association.
Calçadas e restaurantes no outrora movimentado campus da Amazon estão vazios, e a empresa recentemente fechou duas de suas lojas de conveniência Amazon Go sem caixas na cidade.
Em Nova York, os trabalhadores vão aos escritórios três dias por semana, mas desaparecem principalmente às segundas e sextas-feiras. Em Manhattan, agora gastam pelo menos US$ 12,4 bilhões a menos por ano, de acordo com uma análise da Bloomberg News. É dinheiro que não está sendo gasto em refeições, compras e entretenimento nos arredores dos escritórios – compras que, por muito tempo, alimentaram a economia da cidade.