Tesla: empresa de Elon Musk já vale mais de 800 bilhões de dólares, mas ainda enfrenta problemas (Bloomberg/Getty Images)
Rodrigo Loureiro
Publicado em 14 de janeiro de 2021 às 14h14.
A Tesla pode realizar um recall de 158 mil veículos. Na quarta-feira (13), a Administração Nacional de Segurança Rodoviária dos Estados Unidos solicitou que a montadora de Elon Musk faça a convocação das unidades dos modelos Model S e Model X, vendidos nos EUA, após problemas nos displays dos automóveis, impedindo o controle de diversas funções dos carros.
Conforme uma carta publicada pela agência, a falha nos dispositivos impede que os motoristas acessem as funções da central multimídia, como a visualização da câmera traseira e até o controle de ar-condicionado. A maior preocupação se dá por problemas de acesso ao sistema de auxílio de direção e de piloto automático, o que pode significar um risco maior de colisões.
O recente pedido de recall mostra que a empresa pode investir em inovação e tecnologia, ter valor de mercado superior às suas rivais somadas e até ousar sonhar com um mundo somente com carros elétricos. Mesmo assim, a Tesla continua sendo uma montadora e precisa arcar com os desafios de uma empresa deste tipo.
Como a empresa ainda não se manifestou sobre a solicitação de recall, o mercado permaneceu estável. A companhia avaliada em mais de 814 bilhões de dólares opera com ligeira alta (abaixo de 5%) em suas ações no pregão desta quinta-feira (14). Desde o começo do ano, as ações da montadora americana já subiram quase 23%.
A Tesla não necessariamente precisa cumprir a solicitação do órgão americano. O problema é que se a companhia de Musk não fizer isso, será obrigada a explicar formalmente sua decisão. Caso novos problemas voltem a aparecer, a Tesla pode enfrentar uma situação ainda mais complicada em esferas judiciais já que se recusou a realizar o recall.
Não é uma decisão tão fácil de ser tomada. Um recall de quase 160 mil unidades dos veículos da Tesla pode ser um golpe duro para a empresa. Principalmente porque a companhia, mesmo atingindo um patamar inalcançável pelas rivais tradicionais do setor, não possui a mesma capacidade de produção e nem o volume de vendas de suas concorrentes.
Conforme é possível observar no gráfico abaixo, a Tesla ocupou somente a 11ª colocação entre as fabricantes de carros com o maior volume de vendas nos EUA em 2020. Foram 228,9 mil unidades comercializadas. Um aumento de 65% ante 2019. A GM, por sua vez, liderou o mercado com 1,76 milhões de carros vendidos nos EUA no ano passado, 17% a menos do que em 2019.
A diferença da Tesla para suas rivais presentes no top 10 é que a empresa de Musk é a única que conseguiu crescer (e bastante) mesmo durante a crise do novo coronavírus. Todas as outras companhias tiveram números menores do que os registrados em 2019, conforme mostram os dados reunidos pela consultoria alemã Statista.
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Vale destacar que este foi o segundo pedido de recall recebido pela Tesla. Em 2018, a companhia já havia sido obrigada a realizar a convocação de 123 mil veículos Model S. Na ocasião, órgãos de segurança automotiva dos EUA relataram que o automóvel apresentava problemas ao rodar em temperaturas muito baixas, o que poderia corroer parafusos e danificar o volante.
Outro pedido de recall mais recente foi feito em outubro do ano passado. Desta vez, na China. Quase 50 mil veículos da montadora americana Model S e Model X foram considerados defeituosos com problemas na suspensão, conforme apontado pela Administração Estatal da China para Regulamentação de Mercado. Os automóveis foram produzidos nos Estados Unidos e exportados para a Ásia.
A empresa enfrentou problemas de produção graves no passado. Até 2017, a companhia não conseguia manter suas promessas de produção. Em determinado período, Musk chegou a cogitar vender a companhia para a Apple, mas Tim Cook, executivo que comanda a gigante do iPhone, se recusou até a se encontrar com o executivo sul-africano.
Há ainda relatos de problemas isolados dos veículos. Em outubro do ano passado, o teto de um dos automóveis da empresa simplesmente caiu no meio da estrada. No mesmo mês, motoristas começaram a relatar problemas para rodar o carro em estradas com o acúmulo de poças d’água. Já no começo do ano, houve indicações de problemas de veículos acelerando sozinho.