Prontuário eletrônico melhora saúde pública
Digitalização de receitas médicas evita que elas se percam ou sejam mal interpretadas
Da Redação
Publicado em 18 de agosto de 2014 às 07h38.
No Distrito Federal, em Brasília, a adoção do Prontuário Eletrônico de Pacientes (PEP) em toda a rede pública de saúde estará concluída até o fim do ano. A estimativa é da Secretaria de Estado de Saúde. O feito amparado pelo uso contínuo da computação em nuvem para armazenar e compartilhar dados deve tornar o sistema público de saúde do Distrito Federal uma referência em atendimento médico.
O projeto do PEP, que teve início em 2007, já acumula 4 milhões de registros digitais em Brasília e está presente em mais de 90% da rede pública de saúde do Distrito Federal. O sistema integrado permite que profissionais da saúde tenham acesso eletrônico ao histórico de pacientes de qualquer hospital, unidade de pronto-atendimento ou postos de coleta do sistema público.
Hospitais mais inteligentes
O sistema de prontuário eletrônico registra procedimentos que vão de vacinações e exames de laboratório a cirurgias. Para Carlos Nogueira, presidente da InterSystems (empresa que implementou o sistema em Brasília), o PEP possibilitou um salto de qualidade no serviço médico. Há uma central no governo que gerencia toda a rede. Por meio dela, é possível avaliar a disponibilidade de leitos e monitorar listas de espera, diz o executivo.
A quantidade de informações coletadas pelo sistema também permite que o Distrito Federal monitore onde estão as maiores demandas de atendimento médico e, com isso, direcione recursos e equipes às áreas mais necessitadas.
Mais segurança aos pacientes
Segundo a InterSystems, além da rapidez e da melhoria no atendimento ao cidadão, o sistema gerou ao Distrito Federal uma economia de 8 bilhões de dólares com a redução do uso de papéis e toners de tinta. O pedido de novos exames também caiu pela metade, uma vez que, armazenados em nuvem, eles não precisam mais ser repetidos desnecessariamente.
O Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) é outro exemplo do bom uso do PEP. Até agora, ele já digitalizou cerca de 1,3 milhão de registros, de acordo com o médico José Ricardo Guimarães, coordenador da Comissão de Prontuários do Paciente do HCPA. Para ele, a grande vantagem do cadastro eletrônico é o aumento da segurança no atendimento. Hoje tudo é feito pelo sistema. Não perdemos mais tempo escrevendo pedidos médicos e receitas à mão, diz Guimarães. O risco de o papel extraviar no caminho ou a receita ser mal interpretada também foi extinto.
O PEP facilitou o acesso às informações tanto para os médicos quanto para os pacientes, mas é preciso ter cuidado ao compartilhar os dados. Há questões legais a serem resolvidas. Os dados são do paciente, e os hospitais são apenas os guardiões. Levar um PEP para uma unidade fora de nossa rede exigiria uma autorização legal do usuário, diz Guimarães. Para que o sistema de popularize, Nogueira, da InterSystems, diz que é preciso viabilizar a interoperabilidade de tecnologias. Para isso, precisamos criar uma ampla rede de informações na nuvem e adquirir capacidade de analisá-las.