Procurado pela Interpol, Assange aparece em chat de jornal
Fundador do WikiLeaks criticou censura ao site e disse que 'a história vencerá'
Da Redação
Publicado em 3 de dezembro de 2010 às 21h03.
Procurado pela Interpol após um pedido da Suécia que abriu um processo por "estupro e agressão sexual", o fundador do site WikiLeaks participou de uma sessão online de perguntas e respostas, nesta sexta-feira. Durante o chat, promovido pelo jornal britânico The Guardian, Julian Assange criticou a censura ao seu site e disse que "a história vencerá". O portal de denúncias divulgou no último domingo mais de 250.000 documentos diplomáticos confidenciais dos EUA, que provocaram reações em todo o mundo.
Assange revelou que os arquivos foram difundidos junto com informações importantes dos EUA e de outros países para mais de 100.000 pessoas em formato criptografado. Portanto, se alguma coisa acontecer com ele ou sua equipe, as partes mais importantes do material seriam divulgadas automaticamente. "Os arquivos estão nas mãos de diversas organizações de notícias. A história vencerá. O mundo será elevado para um lugar melhor. Vamos sobreviver? Isso depende de vocês", afirmou.
O hacker mais famoso do mundo também falou sobre a imagem do seu site. Disse que tentou fazer com que a organização não tivesse uma, "porque queria que os egos não fizessem parte de nossas atividades". Segundo ele, no entanto, a estratégia provocou "uma curiosidade tremenda, uma distração, sobre quem seríamos, e indivíduos aleatórios alegando nos representar".
Assange afirmou: "No final, alguém precisa ser responsável diante do público e apenas uma liderança que está disposta a ser corajosa publicamente pode sugerir sinceramente que fontes assumam riscos para um bem maior. Nesse processo, eu me tornei o pára-raios. Eu recebo ataques indevidos em todos os aspectos da minha vida, mas também recebo muito crédito indevido como um tipo de força de equilíbrio."
Ameaças
O australiano ainda comentou o fato de ser ameaçado. "As ameaças contra nossas vidas são uma questão de registro público, no entanto, estamos tomando as precauções adequadas à medida do possível ao lidar com uma grande potência." Ele disse que as pessoas que fazem este tipo de declaração deveriam ser acusadas de "incitação ao assassinato."
Assange também falou sobre outro tipo de ameaça que vem sofrendo: os esforços para censurar o seu site ou tirá-lo do ar. "Desde 2007 colocamos nossos servidores em jurisdições que suspeitávamos sofriam de um déficit na liberdade de expressão, para separar a retórica da realidade. A Amazon foi um desses casos." O provedor concordou em interromper o acesso às páginas do WikiLeaks na última quarta-feira.
Pressão
O governo da França também tomou medidas para banir o site WikiLeaks dos servidores franceses. O ministro da Indústria, Eric Besson, disse nesta sexta que é "inaceitável" que os servidores franceses hospedem o site, que segundo ele "viola o segredo das relações diplomáticas e coloca em risco pessoas protegidas pela diplomacia secreta".
Na última quinta-feira, a companhia americana que hospedava o wikileaks.org já havia parado de fazê-lo, argumentando que ataques virtuais ameaçavam o restante de sua rede. O site reagiu se mudando para um domínio suíço, wikileaks.ch, além de pedir apoio de ativistas. Duas companhias hospedam o nome do domínio suíço do site, uma delas na França.
O site
O WikiLeaks é um portal cuja proposta é divulgar documentos secretos de governos e instituições. Nos últimos dias, difundiu lotes de um total de cerca de 250.000 documentos diplomáticos dos Estados Unidos que foram vazados de embaixadas e órgãos americanos.
Porém, seus alvos não se limitam à diplomacia ou a países. Questionado no chat desta sexta se já havia recebido documentos sobre extraterrestres, Assange disse que "há efetivamente referência a ovnis alguns telegramas ainda a serem publicados".