Tecnologia

Políticas públicas não acompanham avanço da tecnologia

Autor de 2015: como viveremos, o jornalista Ethevaldo Siqueira comenta os desafios que o desenvolvimento da teconologia, isoladamente, não pode resolver, como educação e inclusão digital

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h37.

Tantas e tão profundas transformações tecnológicas no horizonte não impedem que, ao invés de ser reduzido, o fosso entre ricos e pobres seja ampliado. Essa é a avaliação do jornalista especializado em tecnologia Ethevaldo Siqueira, autor do livro 2015: como viveremos (Editora Saraiva). A possibilidade de uma maior desigualdade social às vezes provocada pelo desenvolvimento da tecnologia , deve ser ponderada de acordo com o contexto em que são implantadas as inovações. "Se tomarmos o exemplo do Brasil, podemos até ser otimistas. Se olharmos para a África, eu seria profundamente pessimista."

Segundo o autor, o Brasil pode ao menos evitar uma ampliação da exclusão digital. Embora não seja possível qualificar o que vem acontecendo no país como uma política pública deliberada e consistente de inclusão digital, algumas grandes decisões de governo, principalmente no caso da privatização das telecomunicações, levaram a saltos expressivos. "Dez anos atrás o Brasil tinha menos de um milhão de celulares, hoje tem mais de 70 milhões, quase a metade da população. O país está entre aqueles em que a difusão da telefonia móvel ocorreu acima da média dos países desenvolvidos."

Mas, no campo da educação, Siqueira não vê possibilidade de grandes avanços nos próximos dez anos. "Por mais que eu deseje que isso ocorra, sou bastante cético que o Brasil consiga o nível que precisaria atingir nesse prazo", diz. Para o jornalista, até 2015 dois mandatos presidenciais além do atual seria necessária uma mudança política radical, com a clara diretriz de que a educação deve incorporar e preparar os trabalhadores para que tirem o máximo proveito dos recursos e ferramentas que a tecnologia digital oferece. "Essa inclusão exige uma política pública muito mais agressiva, há muito discurso, como o relativo ao software livre, mas concretamente pouca coisa feita", afirma o jornalista.

Odisséia

Duas entrevistas com o ficcionista Arthur Clarke, a última em 2001, em Paris, sobre as previsões da obra 2001: Uma Odisséia no Espaço, adaptado para o cinema pelo diretor Stanley Kubrick em 1967, inspiraram Siqueira a elaborar uma inventário do que poderia ocorrer até 2015 em termos de desdobramento das tecnologias existentes. "O que deveria ser apenas uma conversa com o escritor acabou virando o roteiro do meu livro. Ele chegou a sugerir, por exemplo, que eu ouvisse pensadores como Alvin Toffler e Nicholas Negroponte", diz o jornalista. Depois de três anos de maratona pelo mundo e entrevistas com cerca de 50 especialistas, o resultado é um livro de 333 páginas que reúne inúmeros cenários plausíveis de um novo mundo regido pela intensa convergência tecnológica.

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