Publicado em 22 de dezembro de 2025 às 19h12.
A Polícia Federal, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e o BNDES firmaram nesta segunda-feira, 22, um acordo para reforçar o combate ao cibercrime, à lavagem de dinheiro e à atuação do crime organizado no sistema financeiro. A iniciativa prevê maior integração entre autoridades policiais e instituições financeiras.
O acordo vai além de um gesto institucional. Ele surge como resposta a um tipo de crime que se profissionalizou no Brasil, usando tecnologia digital, sistemas bancários e plataformas online para aplicar golpes em larga escala e movimentar recursos ilegais.
O foco da parceria é atingir o crime “onde mais dói”: o dinheiro e a infraestrutura tecnológica usada para movimentá-lo. Para isso, as instituições vão compartilhar dados financeiros e informações de investigações, respeitando os limites legais.
A cooperação ocorre quase quatro meses após a Operação Carbono Oculto, considerada a maior já realizada contra o crime organizado no país. A investigação revelou facções criminosas infiltradas na cadeia de combustíveis, no sistema financeiro tradicional e até em fintechs, startups que oferecem serviços financeiros digitais.
Dos 350 alvos da operação, 42 estavam na região da Faria Lima, polo financeiro de São Paulo, o que acendeu um alerta sobre o uso do mercado formal para lavagem de dinheiro.Os números mostram que o problema não se restringe a grandes esquemas. Entre janeiro e setembro deste ano, o Brasil registrou cerca de 28 milhões de fraudes envolvendo o Pix. Golpes aplicados por celular, redes sociais e aplicativos de mensagens também cresceram de forma acelerada.
Segundo autoridades, facções criminosas têm usado contas digitais, empresas de fachada e sistemas de pagamento instantâneo para movimentar recursos ilícitos com rapidez. Muitas vezes, a tecnologia empregada pelos criminosos evolui mais rápido do que os mecanismos de fiscalização do poder público.
Com o novo acordo, a expectativa é identificar rotas de lavagem de dinheiro, mapear fintechs usadas de forma irregular e interromper cadeias de golpes digitais que atingem milhões de brasileiros. O desafio, segundo investigadores, será acompanhar a velocidade e a sofisticação de um crime cada vez mais digital.