Bicleta ergométricas da Peloton (Ezra Shaw/Getty Images)
Repórter
Publicado em 7 de dezembro de 2025 às 19h05.
Última atualização em 7 de dezembro de 2025 às 19h07.
A Peloton, marca americana conhecida por suas bicicletas ergométricas conectadas, reformulou sua estratégia e agora mira o mercado imobiliário, hoteleiro e universitário como novo motor de crescimento. O movimento busca acompanhar a valorização crescente do bem-estar físico como prioridade de consumo e necessidade de infraestrutura, uma mudança que impacta diretamente o setor da construção civil e hospitalidade.
Segundo um documento técnico divulgado pela empresa, 82% dos consumidores consideram o bem-estar uma prioridade alta, e o mercado global de imóveis voltados à saúde deve alcançar US$ 1,1 trilhão até 2029. A Peloton sustenta que, para atrair hóspedes e moradores, prédios precisam oferecer experiências de bem-estar como parte da estrutura básica, e não mais como um luxo.
A nova fase marca um afastamento da imagem da Peloton como empresa voltada apenas para uso doméstico, modelo que a consagrou durante a pandemia, e reforça seu reposicionamento no segmento corporativo.
Em 2025, a companhia lançou a linha Pro Series, com versões comerciais dos equipamentos Bike, Bike+, Row e Tread+ Pro, além do programa Peloton Spaces, que transforma áreas pouco usadas de prédios em academias com a marca.
Na hotelaria, a Peloton já está presente em quartos de redes como Hilton, permitindo acesso direto aos treinos via TVs. O Hyatt, por sua vez, oferece recompensas para hóspedes que completam sessões da marca em mais de 700 unidades. Em outubro, a rede promoveu um evento exclusivo para clientes do cartão World of Hyatt no estúdio da Peloton em Nova York.
A empresa também explora parcerias com incorporadoras nos EUA. Em Utah City, empreendimento de 700 acres às margens do Lago Utah, todos os prédios residenciais contarão com espaços Peloton Spaces, incluindo acesso a equipamentos como o novo Tread+ Pro, previsto para 2026, e treinos personalizados via Peloton IQ, plataforma de inteligência artificial da marca.
Nas universidades, o foco é integrar a rotina de treinos dos estudantes. No campus da Universidade do Texas, a Peloton instalou um espaço com aparelhos conectados e acesso gratuito a aulas ao vivo e sob demanda, sem necessidade de assinatura paga.
A guinada comercial tem base na aquisição da fabricante de equipamentos Precor, comprada em 2021. Com presença em 60 países, a estrutura da Precor permite à Peloton explorar mercados fora de seus seis principais territórios, começando pelo modelo B2B, voltado a empresas.
Peter Stern, CEO da Peloton desde o início de 2025, tem defendido a estratégia como central para o futuro da companhia. “Quando converso com operadores de academias, todos dizem que só existe uma marca que os consumidores pedem pelo nome, e essa marca é a Peloton”, afirmou o executivo em reunião com investidores.
A expansão do portfólio, a busca por novos canais de receita e a aposta na vertical de serviços conectados apontam para um novo capítulo da empresa, que tenta se recuperar após sucessivos trimestres de prejuízo e queda de assinantes. A Peloton parece agora disposta a ocupar menos espaço nas salas de estar — e mais nas plantas arquitetônicas.