Em palestra em Nova York, o chefe do laboratóio de inovação Google X defendeu o desenvolvimento de tecnologias sofisticadas, mas que tenham uma interface sutil
Google: eles querem usar a tecnologia para tirar a tecnologia do meio do caminho
(Getty Images)
Da Redação
Publicado em 7 de maio de 2014 às 15h29.
São Paulo - Esqueça gadgets como notebooks, smartphones e tablets. Tecnologia de verdade é aquela que você nem percebe que existe. Pelo menos, na opinião do Google.
Este ponto de vista foi defendido ontem numa palestra em Nova York por Astro Teller. Ele coordena o Google X, um laboratório do Google voltado para inovação.
"Nós estamos animados em pensar como a tecnologia pode ser usada para tirar a tecnologia do meio do caminho", afirmou Teller.
Exemplos
Para explicar a ideia inusitada, Teller usou como exemplo os freios ABS. Segundo ele, a interface extremamente sutil posiciona esse tipo de tecnologia entre as mais sofisticadas.
Getty Images
"Celulares não seriam melhores se fossem mais bonitos, mais leves ou tivesse uma bateria de maior duração, mas sim se nós não tivéssemos de levá-los conosco", afirmou Teller em outra parte da palestra.
Contraponto
Como contraponto a isso, Teller citou os atuais medidores de glicose usados por portadores de diabetes.
Para ele, o fato do usuário ter de se furar diariamente para usá-los é inadimissível nos dias de hoje.
Marcos Santos/USP Imagens
Campanha de prevenção ao Diabetes da Faculdade de Farmácia da Universidade de São Paulo
Isso justificaria o desenvolvimento de lentes de contato com a mesma finalidade pelo Google.
De acordo com Teller, o mesmo conceito estaria por trás dos carros sem motorista e outras inovações em desenvolvimento pela empresa.
Este vídeo traz a palestra de Teller na íntegra (está em inglês):
São Paulo - Nem sempre os conhecimentos estritamente tecnológicos são o fator determinante para uma invenção dar certo. Estar aberto a novas ideias, ao acaso e ao chamado “elemento surpresa” pode ser o elemento mais importante nesse processo de criação. Isaac Newton e a maçã que o digam. Quando se trata de inovação, até o erro pode ser uma terra fértil para novos produtos. Basta um olhar mais atento para as oportunidades. Confira a seguir algumas invenções que surgiram a partir de insights e do acaso.
2. Pratos de tortas são o antepassado do Frisbeezoom_out_map
2/9(Getty Images)
Muito popular em praias e parques, o Frisbee é um esporte que foi fruto do acaso. Apesar de haver várias versões sobre seu surgimento, a história mais aceita é a de que tudo começou em 1871, nos Estados Unidos, com a confeitaria Frisbie Pie. Os pratos que embalavam as tortas vendidas por William Russel Frisbie, o dono da confeitaria, eram jogados de um lado para o outro pelos jovens do lugar. Nos anos 40, o que era apenas uma brincadeira virou um negócio nas mãos de Walter Frederick Morrisson. Ele ajustou as medidas do prato para dar ao instrumento uma forma mais dinâmica e lançou uma versão do instrumento feita de plástico. Apelidado também de Pluto Platter, o prato foi chamado de Frisbee.
3. Virar a página bastou para descobrir o aspartamezoom_out_map
3/9(Fabio Castelo / Saúde)
Apesar da polêmica sobre os efeitos danosos do aspartame no organismo, fato é que, depois que foi criado, em 1965, a indústria alimentícia nunca mais foi a mesma. O edulcorante foi descoberto, por acaso, pelo cientista James Schlatter, da G. D. Searle & Company. Na época, ele estava investigando aminoácidos para desenvolver um tratamento contra a úlcera. Enquanto manipulava o composto, parte da mistura espirrou do frasco e caiu em seus dedos, sem que percebesse. Algum tempo depois, antes de passar uma página de um livro, ele levou o dedo à boca para molhá-lo. Na mesma hora, sentiu o gosto adocicado da substância que veio a se tornar um integrante importante em dietas no mundo todo.
4. Teflon surgiu de experiência que não deu certozoom_out_map
4/9(Alex Moreira / Saúde)
A salvação dos cozinheiros de primeira viagem surgiu a partir de um experimento malsucedido, em 1938. O Teflon, camada aplicada em panelas e frigideiras que impede que a comida grude no fundo, foi descoberto pelo químico americano Roy Plunkett. Em uma experiência em que tentava usar o clorofluorcarbono (CFC) em processos de refrigeração, ele abriu uma câmara de refrigeração onde esperava encontrar apenas gás. Em vez disso, ali estavam apenas flocos brancos que, mais tarde, mostraram ser bons lubrificantes e antiaderentes.
5. Descoberta do velcro contou com ajuda de um cachorrozoom_out_map
5/9(Stock Xchng)
Se não fosse pela ajuda do cachorro de estimação do engenheiro suíço Georges de Mestral, talvez o velcro tivesse demorado um pouco mais para ser criado. A inspiração para desenvolver esse material aderente veio das caminhadas que ele fazia com o bicho nos Alpes, em 1941. Georges de Mestral reparou que, todos os dias, seu cão voltava do passeio com sementes de Arctium (carrapicho) grudados no pelo. Movido pela curiosidade, ele viu a planta pelo microscópio e descobriu que era composta por filamentos entrelaçados e com pequenos ganchos nas pontas. Daí veio a ideia de criar o velcro, patenteado em 1951.
6. Forno de micro-ondas foi desdobramento dos radareszoom_out_map
6/9(John Lee / Stock Xchng)
Um chocolate no bolso do engenheiro Percy Spencer desencadeou a criação do forno de micro-ondas. Em 1945, Spencer trabalhava na Raytheon, empresa de equipamentos militares e aeroespaciais. Um dia, enquanto manuseava um aparelho de radar ativo, sentiu algo diferente em seu bolso da calça. Era uma barra de chocolate que havia derretido com as micro-ondas. Foi assim que ele percebeu o potencial culinário da descoberta. Em 1946, a empresa patenteou a ideia e, como seria de se esperar, o primeiro quitute preparado no novo forno foi pipoca.
7. Super-cola só “colou” anos depois de ser descobertazoom_out_map
7/9(Flicr commons / Endolith)
Foi por pouco que a descoberta da super-cola (Super Glue) não passou batida na história. A substância extremamente aderente chamada cianoacrilato foi identificada na década de 40 por Harry Coover, químico da divisão Eastman Kodak, em Nova York. Ele queria criar um plástico claro que pudesse ser usado nas miras de precisão para soldados. A nova substância, no entanto, era pegajosa demais e teve de ser descartada. Foi apenas em 1951, quando o químico estava na unidade de Kingsport, Tennessee, que a característica grudenta pareceu útil. O projeto era criar um polímero resistente ao calor para aviões a jato. Depois de testar o cianoacrilato novamente, ele percebeu que a cola não precisava de calor, nem de pressão para colar duas partes fortemente. Só em 1958 a descoberta foi patenteada.
8. Viagra deveria ser remédio para hipertensãozoom_out_map
8/9(Pedro Rubens/Veja)
Querendo, inicialmente, tratar a hipertensão e a angina, os pesquisadores do laboratório da Pfizer encontraram um remédio para outro problema de saúde, a impotência sexual masculina. O fármaco Citrato de Sildenafila não tinha grande impacto sobre a angina, mas foi capaz de provocar a manter ereções penianas pelo tempo de uma relação sexual. Diante da descoberta, a empresa farmacêutica mudou o foco das pesquisas e, em 1996, criou a patente do medicamento, expirada em 2010, no Brasil.
Quando, em 1952, um cientista da 3M manipulava o material para um projeto da indústria aeroespacial, ele não desconfiava que seu trabalho daria origem a outro. Sem querer, o pesquisador deixou cair em seu sapato um pouco da substância com a qual trabalhava no laboratório. Na hora de limpar, a surpresa: o líquido repelia a água. Já pensando nas possibilidades de usar a descoberta em outros campos, ele criou o líquido impermeabilizante Scotchgard, usado tanto para fins industriais, quanto domésticos (em carpetes, estofamento de carros, sofás, etc).
Ferramenta que permite navegar visualmente pelo mundo tornou-se peça-chave na investigação de um caso de homicídio em Tajueco, um pequeno município espanhol com apenas 56 habitantes