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ONU usará drones para erradicar insetos que causam doenças

Em uma primeira etapa, um drone soltará ao sul da Etiópia pequenas caixas abertas com moscas esterilizadas previamente com tecnologia nuclear

Insetos: o aparelho custa 15 vezes menos que os drones utilizados até o momento (Getty/Getty Images)
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EFE

Publicado em 8 de junho de 2017 às 06h49.

Última atualização em 8 de junho de 2017 às 07h41.

Viena - A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), ligada à ONU , usará drones para combater insetos como a mosca tsé-tsé, transmissora da chamada "doença do sono", e que afeta tanto humanos como animais.

Em uma primeira etapa, um drone teleguiado soltará ao sul da Etiópia, a cerca de 200 metros de altura, pequenas caixas abertas com moscas esterilizadas previamente com tecnologia nuclear.

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Esse método, que existe há décadas, consiste em esterilizar os insetos machos para que se reproduzam com as fêmeas infectadas e reduzir assim de forma paulatina a população desses animais.

Esse avião não tripulado, construído pela empresa Embention, têm embaixo das asas dois tubos dotados de um mecanismo para soltar as caixas biodegradáveis nos locais indicados.

Com apenas 25 quilos e capacidade de liberar cerca de cinco mil moscas em cada voo, o aparelho custa 15 vezes menos que os drones utilizados até o momento, explicou em entrevista à Agência Efe o fundador da Embention, David Benavente.

A "doença do sono" afeta na Etiópia tanto humanos como animais, tendo graves efeitos sobre a economia e a sociedade. As moscas tsé-tsé também provocam nos animais a "nagana", uma doença que os deixa muito frágeis e os impede de colaborar nas tarefas agrícolas, o principal motor da economia africana.

O principal problema enfrentado para implantar o projeto na Etiópia é a falta de legislação sobre drones no país. Por isso, as autoridades têm que estudar o uso dos equipamentos caso a caso.

"Como não existe um regulamento, no fim, temos que mostrar que o drone é seguro, seja na Etiópia ou em qualquer outro país", explicou o fundador da Embention.

Com uma autonomia de três horas, o drone está programado para percorrer um máximo de 300 quilômetros a 200 metros de altura, nível considerado como espaço aéreo "não controlado". Assim, não há chance de um pequeno avião surgir no caminho do equipamento.

Ainda que o drone seja completamente autônomo da decolagem até a aterrissagem, deve haver um responsável na base que o controla para verificar todos os mecanismos durante o voo, ressaltou Benavente.

A AIEA já está em contato com as autoridades etíopes para poder dar início ao projeto o mais rápido possível. Antes de cada voo, será preciso informar a rota do drone à Aviação Civil da Etiópia.

"Os drones são 'cegos', não são capazes de 'ver' em tempo real se existe alguma ameaça para evitá-la. Algo assim só pode ser feito por um piloto humano", reconheceu Benavente.

O uso de drones facilitará e melhorará a eficácia da chamada Técnica do Inseto Estéril (TIE), destacou o diretor-geral adjunto da AIEA para a Ciência, Aldo Malavasi Filho, por permitir soltar as moscas em locais mais específicos.

Enquanto os aviões utilizados atualmente para dispersar as moscas alcançam uma velocidade de 200 km/h, os drones não superam os 80 km/h, o que permite uma liberação mais eficaz e precisa.

Em entrevista à Agência Efe, o especialista brasileiro estima que os drones estarão prontos para uso geral em pouco mais de um ano.

A introdução dos drones nessa batalha é apoiada pela AIEA e pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

Se o atual projeto-piloto com a Embention evoluir, a ideia é estendê-lo para novas regiões da África e para novas espécies de insetos.

"O uso de drones permitirá também dispersar mosquitos menores, que são muito mais delicados que as moscas", disse Malavasi.

Com mosquitos estéreis será possível combater outros vírus perigosos, como zika, dengue e chicungunha.

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