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AFP
Publicado em 26 de abril de 2022 às 18h29.
Última atualização em 26 de abril de 2022 às 18h54.
Desde sua entrada na bolsa em 2013, o Twitter foi rentável apenas de forma esporádica. Sua compra por Elon Musk oferece perspectivas financeiras mais positivas para a rede social?
Em meados de abril, o bilionário afirmou durante uma entrevista na conferência Ted2022 que sua decisão de comprar a empresa não tem motivações econômicas.
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"Não é uma forma de ganhar dinheiro", defendeu o CEO da Tesla. "Tenho simplesmente uma forte intuição de que ter uma plataforma pública e aberta à maior quantidade de pessoas é extremamente importante para o futuro de nossa civilização", garantiu.
Na New York Stock Exchange há pouco menos de nove anos, o Twitter teve perdas todos os anos, exceto em 2018 e 2019, quando o grupo obteve pouco mais de US$ 1 bilhão de lucro.
Comprado por Musk por US$ 44 bilhões, o Twitter é uma empresa modesta em relação ao Facebook, cuja capitalização na bolsa é de mais de US$ 500 bilhões.
As receitas do Twitter vêm principalmente da publicidade, mas a plataforma não atrai usuários da Internet em volume suficiente para obter receitas significativas.
No final de 2021, o Twitter tinha 217 milhões de usuários "monetizáveis", ou seja, expostos à publicidade na plataforma, bem longe dos quase 2 bilhões de usuários do Facebook.
O Twitter publicará na quinta-feira seus resultados do primeiro trimestre. Wall Street prevê um lucro de 3 centavos por ação e um faturamento de US$ 1,2 bilhão.
Mesmo que a rentabilidade não pareça ser a prioridade de Elon Musk, o homem mais rico do mundo buscará no mínimo não perder dinheiro, em particular porque parte da compra será financiada com recursos próprios.
Em um documento apresentado às autoridades reguladoras do mercado na semana passada, o empresário disse contar com US$ 46,5 bilhões: 21 bilhões de sua fortuna pessoal e o restante de empréstimos do banco Morgan Stanley e um grupo bancário formado pelo Société Générale e o BNP Paribas.
Musk não detalhou como planeja aumentar o faturamento do Twitter, exceto por um tuíte no que sugere baixar o preço da versão paga da rede, Twitter Blue, atualmente de US$ 2,99 mensais; conceder uma conta certificada para assinantes pagantes e suprimir a publicidade para esses usuários.
Pouco depois apagou a mensagem.
Outro caminho seria reduzir o número de funcionários do Twitter, o que poderia ir ao encontro de seu desejo de aliviar a moderação do conteúdo na plataforma.
No final de 2021, o grupo californiano contava com 7,5 mil funcionários no mundo. Segundo um estudo da escola de comércio da New York University, o Twitter empregava em 2020 cerca de 1,5 mil moderadores.
Também poderia buscar aumentar o crescimento do número de usuários e as receitas de publicidade, ou desenvolver novos recusos pagos na plataforma.
"Tem seu próprio plano em mente", garante Angelino Zino, analista da CFRA. “Se você puder implementar um modelo com ofertas de assinatura, mantendo as opções gratuitas, pode funcionar”, afirmou.
Ao financiar uma parte importante da compra com créditos, Musk aumentará o nível de endividamento do Twitter.
A agência de classificação financeira S&P indicou na segunda-feira que poderá abaixar a nota de crédito da rede social, atualmente em BB+, e colocá-la em uma perspectiva negativa.
Para Zino, a principal interrogação não é tanto sobre a dívida do Twitter, mas sim como será feito o aporte pessoal de Musk.
O bilionário poderia se associar a outros investidores para não comprometer parte de sua fortuna.
"Se ele conseguir trazer outros espíritos brilhantes" para a empresa, "provavelmente aumentará suas chances de sucesso", concluiu Zino.