Neuralink avança em implantes cerebrais com segundo voluntário
Ajustes técnicos buscam garantir maior estabilidade e eficiência do dispositivo
Redator na Exame
Publicado em 11 de julho de 2024 às 09h54.
A Neuralink, empresa de Elon Musk, anunciou que realizará um segundo implante cerebral experimental nas próximas semanas. Ainiciativa faz parte do desenvolvimento de uma interface cérebro-computador (BCI) que utiliza sinais cerebrais para controlar dispositivos externos, como computadores, ajudando pessoas paralisadas a operar esses dispositivos apenas com o pensamento.
As maiores feiras de tecnologia do mundo
De acordo com a Wired, após enfrentar problemas com o primeiro voluntário, Noland Arbaugh, a Neuralink ajustou o procedimento cirúrgico e a colocação do dispositivo. Arbaugh, paralisado desde 2016 devido a um acidente de natação, inicialmente conseguiu usar um cursor com o pensamento, permitindo que jogasse videogames, enviasse e-mails e navegasse na internet. No entanto, algumas semanas após a cirurgia, o implante começou a apresentar falhas quando os fios se desprenderam parcialmente do cérebro. A empresa então ajustou seu algoritmo de gravação neural para ser mais sensível, permitindo que Arbaugh recuperasse parte do controle, embora apenas 15% dos fios do implante estejam funcionando.
Para evitar que o problema se repita com o próximo voluntário, a Neuralink planeja inserir os fios mais profundamente no tecido cerebral e eliminar bolsões de ar no crânio. Além disso, os cirurgiões da empresa irão esculpir a superfície do crânio para minimizar o espaço sob o implante, colocando-o mais próximo do cérebro e reduzindo a tensão nos fios. Matthew MacDougall, chefe de neurocirurgia da Neuralink, afirmou que a empresa está tomando medidas para garantir que o segundo voluntário tenha uma experiência mais estável e eficiente com o dispositivo.
Dez implantes
Elon Musk disse que espera implantar o dispositivo em até dez participantes neste ano. A Neuralink está trabalhando em uma próxima geração do implante, com 128 fios, cada um com oito eletrodos, potencialmente dobrando a largura de banda se o posicionamento dos fios for preciso. A Neuralink busca não apenas ajudar pessoas com deficiências, mas também criar uma simbiose mais próxima entre a inteligência humana e a digital, visando mitigar riscos relacionados à inteligência artificial.
Durante a atualização em vídeo,Musk destacou que a longo prazo, a tecnologia BCI da Neuralink tem o potencial de "mitigar o risco civilizacional da IA" ao promover uma simbiose mais estreita entre a inteligência humana e a digital. Essa visão de longo prazo complementa os objetivos imediatos da empresa de ajudar pessoas com deficiências a recuperar a independência.
A Neuralink enfrenta desafios significativos, mas continua avançando com suas pesquisas e ajustes para garantir que os próximos voluntários tenham uma experiência mais estável e eficiente com o implante cerebral. A empresa também está em fase de recrutamento de novos participantes para seus estudos, com o objetivo de avaliar a segurança e a funcionalidade do dispositivo em um grupo maior de indivíduos.