São Paulo - Delegações de pelo menos 85 países, tanto dos governos como do setor civil, participarão da conferência internacional NETmundial, prevista para 23 e 24 de abril na cidade de São Paulo e na qual será discutida uma nova governança para a internet, disseram nesta terça-feira os organizadores.
A conferência, para a qual já confirmaram presença 22 ministros, tem como fim a aprovação de uma "carta de intenções" que inclua assuntos como a privacidade e a liberdade de expressão na internet, disse em entrevista coletiva o presidente do NETmundial, o brasileiro Virgilio Almeida.
Entre as delegações com participação ministerial já confirmadas destacam-se as de países como os Estados Unidos, França, Gana, África do Sul, Argentina e China, assim como as de órgãos supranacionais como a União Europeia.
A conferência será aberta pela presidente Dilma Rousseff, que convocou a reunião, e contará com a participação de Luiz Inácio Lula da Silva.
"O objetivo é começar a discutir os mecanismos de governança na internet", disse Almeida, que explicou que os assuntos a tratar durante o evento procedem das propostas feitas por dezenas de governos e de cidadãos através do site do mesmo.
Na abertura, Dilma exporá a visão do país sul-americano como já fez perante a Assembleia Geral das Nações Unidas quando criticou os Estados Unidos pela espionagem em massa aos governos e cidadãos através de internet, segundo Almeida.
Na sua opinião, este encontro "único", que não pretende ter reedições, discutirá "debaixo para cima" as "preocupações não só técnicas mas também políticas e sociais" surgidas por causa de, entre outras coisas, as revelações da espionagem eletrônica.
Entre outros assuntos serão discutidos os princípios que devem reger a governança na rede e as remodelações necessárias no "ecossistema" de internet para que seja facilitado dito governo, acrescentou Almeida.
Os temas mais citados nas propostas recebidas foram segurança, privacidade, liberdade de expressão, globalização de domínios, papel dos governos na internet, acesso universal, neutralidade e desenvolvimento de um fórum mundial de governança, especificou.
No evento "não governamental", mas no qual discursarão membros de executivos dos cinco continentes, participarão mais de 600 pessoas de pelo menos 85 países procedentes da sociedade civil, do setor privado e do setor técnico.
O NETmundial será retransmitido em sete línguas e será eixo de eventos paralelos em 33 cidades de todo o mundo, a maior parte no hemisfério sul.
"Existe um grande desejo de participação dos países em desenvolvimento sobre as questões de governança na internet", assegurou Almeida, que negou a criação de possíveis "blocos de países" nas discussões.
Apesar do interesse nos casos de espionagem por parte do governo dos Estados Unidos, a conferência não terá uma seção específica para o assunto, que será abordado no bloco sobre o direito à privacidade na internet.
Entre os representantes do setor privado destacam-se multinacionais como Microsoft, Google e Facebook, que participaram dos debates prévios e acrescentaram assuntos que podem ser consultados no site do NETmundial.
Paralelo ao evento será realizada o Arena Mundial, um fórum para que os cidadãos sem acesso ao encontro oficial também possam discutir sobre governança na internet.
Neste fórum participarão personalidades como Lula, o ex-ministro brasileiro de cultura e cantor Gilberto Gil e o sociólogo espanhol Manuel Castells, informou Almeida.
-
1. Daqui para frente
zoom_out_map
1/12 (SXC.Hu)
Há 25 anos, Tim Berners-Lee divulgava a proposta daquilo que daria origem à rede mundial de computadores. Em comemoração à data, o Pew Research Center (PRC) promoveu uma
pesquisa na qual mais de 2.500 especialistas indicaram
tendências que devem guiar a rede nos próximos 10 anos. As respostas mais comuns foram reunidas num
documento. A seguir, veja o que eles acreditam que deve acontecer com a
internet até 2015.
-
2. A rede invisível
zoom_out_map
2/12 (Dado Galdieri/Bloomberg)
Para os especialistas entrevistados pelo PRC, a internet vai ficar cada vez mais parecida com a eletricidade - que move o mundo hoje quase sem ser vista. "Não pensaremos em 'ficar online' ou 'olhar na internet' - apenas estaremos online", afirmou Joe Touch, diretor do Instituto de Ciência da University of Southern California.
-
3. Distâncias menores
zoom_out_map
3/12 (Getty Images)
Um dos efeitos que deve se intensificar ainda mais com a expansão da internet é a aproximação e a cooperação entre pesssoas de diversas partes do mundo. "Veremos mais amizades, romances, equipes e trabalhos em grupo globais", afirma Bryan Alexander, do Instituto Nacional para Tecnologia na Educação Liberal, dos EUA.
-
4. Dados para decisão
zoom_out_map
4/12 (Creative Commons/Flickr/Suicine)
Outra tendência que promete se desenvolver nos próximos anos é a coleta ininterrupta de dados que, analisados, podem passar a influenciar mais nas tomadas de decisão. "Nós editaremos nosso comportamento mais rapidamente e inteligentemente", afirmou na pesquisa Patrick Tucker, autor do livro Naked Future.
-
5. Wearables e saúde
zoom_out_map
5/12 (Divulgação)
Além de influenciar as decisões, a coleta constante de dados por meio de dispositivos online terá outro efeito colateral. Ela permitirá a detecção precoce da propensão a certas doeças. Nesta missão, os gadgets de computação vestível ou wearables (como o Google Glass) terão papel essencial. É esperar para ver.
-
6. Mais protestos
zoom_out_map
6/12 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
O que hoje acontece na Ucrânia e na Venezuela será cada vez mais comum. A internet será cada vez mais uma ferramenta de mobilização social. "Podemos esperar mais e mais levantes à medida que as pessoas se tornem mais informadas e aptas a comunicar seus temores", afirmou Rui Correia, diretor da ONG Netday Namibia.
-
7. Nações online
zoom_out_map
7/12 (Aotearoa / Wikimedia Commons)
Hoje, cyber-conflitos e Estado virtual parecem coisas de ficção científica. Porém, até 2025, fenômenos como esse podem virar realidade graças à internet. "O poder dos estados-nações para controlar todo homem dentro de limites geográficos pode começar a diminuir", afirmou ao PRC David Hughes, um dos pioneiros da internet.
-
8. Redes menores
zoom_out_map
8/12 (ANDRE VALENTIM)
"Vai haver várias internets", afirmou ao PRC o escritor David Brin. De acordo com ele e outros especialistas, a existência de redes complementares à internet é uma tendência. Segundo o pioneiro da internet Ian Peter, o uso de canais alternativos será necessário por questões de segurança - entre outras razões.
-
9. Privacidade = luxo
zoom_out_map
9/12 (Getty Images)
"Tudo - rigorosamente tudo - vai estar à venda online", afirmou ao PRC Llewellyn Kriel, editor da TopEditor International Media Services. A consequência disso é um mundo menos seguro, no qual preservar a própria privacidade pode se tornar difícil. Muitos especialistas acreditam que a internet deve seguir esta tendência.
-
10. Ferramenta valiosa
zoom_out_map
10/12 (Divulgação)
Com o aumento de sua importância, a tendência é que a internet se torne cada vez mais visada por governos e empresas. "Governos vão se tornar muito mais efetivos no uso da internet como instrumento de controle político e social", afirma Paul Babbitt, professor associado da Southern Arkansas University.
-
11. Educação
zoom_out_map
11/12 (Mohammed Abed/AFP)
O acesso universal ao conhecimento será o maior impacto da internet. Essa é a opinião de Hal Varian, economista que trabalha no Google. "A pessoa mais inteligente do mundo hoje pode estar atrás de um arado na Índia ou na China", afirmou ele. No futuro, esta pessoa estará conectada.
-
12. Agora, veja o que acontece ainda em 2014
zoom_out_map
12/12 (Getty Images)