Para a Netflix, o modelo de TV Everywhere, em que o assinante de TV paga pode ver os conteúdos em qualquer tela, mediante autenticação, levará tempo para ser adotado (Justin Sullivan / Getty Images)
Da Redação
Publicado em 19 de março de 2012 às 15h22.
São Paulo - O uso de Netflix por streaming em 2011 foi 80% maior do que todos os serviços de vídeo on-demand (VOD) das operadoras de TV por assinatura nos Estados Unidos.
Esse foi um dos dados apresentados por Colin Dixon, senior partner da consultoria TDG, que falou no congresso TV2.0 sexta-feira, 16, em São Paulo, sobre os impactos dos serviços over-the-top (OTT) no mercado de TV paga norte-americano.
Segundo Dixion, as operadoras gastaram dez anos para construir seus sistemas de VOD, e, embora todos os assinantes digitais de pay TV tenham acesso ao VOD nos Estados Unidos - são 45 milhões de domicílios - estima-se que foram vistas 4,8 bilhões de horas em 2011.
O Netflix transmitiu por streaming 2 bilhões de horas somente no quarto trimestre de 2011. “Essa diferença acontece principalmente por causa das interfaces. A interface de VOD das operadoras é difícil de achar um conteúdo, não identifica quais são as preferências do usuário, entre outros problemas”, diz Dixon. “Foi uma oportunidade perdida pelos operadores. Se tivessem levado o OTT a sério e reconhecido uma oportunidade de servir melhor os assinantes, talvez serviços como o Netflix não existissem”.
Para ele, o modelo de TV Everywhere, em que o assinante de TV paga pode ver os conteúdos em qualquer tela, mediante autenticação, levará bastante tempo para ser adotado.
Atualmente, dos mais de 100 milhões de assinantes de TV paga nos EUA, pouco mais de 52 milhões têm acesso a TV Everywhere, e apenas 4,12 milhões utilizam de fato o serviço. A perspectiva é de que em 2016 haja quase 96 milhões de assinantes de TV paga, com quase 90 milhões com acesso ao TV Everywhere, e 29,46 milhões de usuários do serviço.
“O acesso vai crescer rápido para os consumidores, mas a adoção será lenta”, diz Dixon. “O esforço foi apropriado, mas veio muito tarde, apenas em 2009”.
Vídeo online
Atualmente, 74% dos usuários de banda larga dizem assistir vídeo online. A perspectiva da consultoria é de que em 2016 haverá 250 milhões de domicílios no mundo todo assistindo a vídeos da Internet em suas TVs. “E em 2020, nos Estados Unidos, vamos assistir vídeos da Internet tanto quanto dos broadcasts”, diz Dixon.
Entre os serviços de vídeo online, o Netflix é o mais visto, com 50,3% dos espectadores de vídeo online utilizando o serviço. O consultor afirmou que existem atualmente mais de 20 milhões de usuários do Netflix via streaming, acumulados em quatro anos de atuação.
A maioria das pessoas que assistem conteúdo pelo streaming do Netflix (44,5%) usa o serviço durante 1,5 hora por semana. Na média, porém, o usuário de Netflix usa o serviço por 5,5 horas semanais.
Pay TV
Dixion também traçou um paralelo entre a utilização de serviços OTT, como o Netflix, e a TV paga nos Estados Unidos. Segundo a pesquisa da TDG, os usuários de Netflix estão mais propensos a reduzir suas assinaturas de pay TV (com a mudança de pacotes, por exemplo) do que os assinantes de TV paga.
Em 2010, 16% dos assinantes de Netflix estavam propensos a fazer uma redução de suas assinaturas, contra 17% dos assinantes de pay TV. Já em 2011, 25% dos assinantes de TV paga estavam propensos a fazer o “downgrade” de suas assinaturas, contra 32% dos assinantes Netflix.
Entre os assinantes inclinados a fazer essa redução, a maioria o faria por não assistir a tantos canais, a ponto de justificar o custo, ou simplesmente por não conseguir mais bancar o serviço.
Dixion comentou também que em 2010, a HBO perdeu 1,6 milhões de assinantes, e que embora a utilização do Netflix não seja o fator decisivo, ele certamente influenciou essa perda.