A profunda revolução tecnológica representada pela emergência das câmeras digitais afetou em cheio a Fuji Photo Film, segunda maior produtora mundial de filmes fotográficos, atrás apenas da americana Eastman Kodak. A companhia japonesa viu seu lucro operacional cair 4,4%, para 41,65 bilhões de ienes (cerca de 370 milhões de dólares), entre outubro e dezembro seu terceiro trimestre fiscal. O resultado levou a empresa a cortar as previsões para o exercício que terminará em março. A empresa também anunciou a reestruturação da unidade de negócios de imagens, que envolverá a demissão de 5 000 funcionários em todo o mundo.

De acordo com comunicado da companhia, a unidade de imagens foi afetada por dois fatores. O primeiro foi a acelerada queda na demanda por filmes fotográficos tradicionais. Em 2006, por exemplo, a Fuji espera que a demanda seja apenas 40% da registrada em 2000. As perspectivas para os próximos anos também são de recuo das vendas, diante do avanço das câmeras digitais.

Mesmo a fabricação de câmeras digitais não está ajudando a empresa. No ano passado, o volume físico de vendas foi cinco vezes maior que em 2000. O desempenho, no entanto, foi prejudicado pela queda no preço unitário do produto. Segundo a Fuji, nos últimos cinco anos, o preço caiu cerca de 10% ao ano, comprometendo a rentabilidade do negócio.

Essa conjuntura fará com que os negócios de imagem encerrem o ano fiscal, em março, com um lucro operacional 85% menor que o previsto. Em outros setores em que a companhia atua, como a de equipamentos para processamento de informações (entre eles, scanners industriais), e a de documentação, o ano terminará com as metas cumpridas ou, pelo menos, bem próximas disso.

Reestruturação

Os números divulgados nesta terça-feira (31/1) levaram a empresa a cortar suas previsões para o ano fiscal 2005/2006. O lucro líquido deverá atingir 20 bilhões de ienes, contra a projeção inicial de 85 bilhões. No balanço encerrado em março de 2005, o valor era de 84,5 bilhões. O lucro operacional será de aproximadamente 75 bilhões, frente à estimativa de 170 bilhões e ao lucro auferido de 164,4 bilhões em 2005. As receitas sofrerão menos. A nova expectativa é de 2,650 trilhões de ienes, contra a inicial de 2,7 trilhões. No último balanço, a cifra chegou a 2,527 trilhões.

A revisão veio acompanhada por um plano de reestruturação que deverá custar 165 bilhões de ienes à companhia entre 2006 e 2007. O plano incluirá o fechamento de fábricas e o corte de cerca de 5 000 funcionários. A empresa espera que as reformas rendam uma economia de aproximadamente 50 bilhões de ienes por ano, após concluídas.

Segundo o comunicado, a Fuji buscará maior atuação em áreas de crescimento mais acelerado, como o processamento de imagens médicas, equipamentos para documentação, artes gráficas e aparelhos ópticos.

Com isso, a empresa espera reverter a tendência de queda dos lucros operacionais. Em 2008, um ano após a conclusão das reformas, a Fuji aposta que esse indicador possa atingir 200 bilhões de ienes, avançando para o patamar de 300 bilhões até 2010.