Tecnologia

Lilium, de aviões elétricos, encerra operações após falência e demissão de 1.000 funcionários

Startup, que já levantou mais de US$ 1 bilhão e era referência em aeronaves elétricas, fecha as portas após não conseguir financiamento emergencial

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 24 de dezembro de 2024 às 12h09.

Última atualização em 24 de dezembro de 2024 às 12h10.

A Lilium, que prometia revolucionar a aviação com aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical (VTOL), encerrou suas operações e demitiu cerca de 1.000 funcionários após não conseguir sair da situação de insolvência. A empresa, que chegou a levantar mais de US$ 1 bilhão em investimentos, era uma das grandes apostas no setor de aviação elétrica.

A notícia foi inicialmente divulgada pelo portal alemão Gründerszene, e o CEO e cofundador da Lilium, Patrick Nathen, confirmou a situação em sua página no LinkedIn. “Depois de 10 anos e 10 meses, é um fato triste que a Lilium encerrou as operações. A empresa que Daniel, Sebastian, Matthias e eu fundamos não pode mais buscar nossa visão compartilhada de uma aviação mais ambientalmente amigável. Isso é devastador e o momento é dolorosamente irônico”, escreveu Nathen.

Os cortes recentes representam a maior parte da força de trabalho da Lilium e acontecem poucos dias após a demissão de cerca de 200 funcionários, conforme relatório regulatório de 16 de dezembro. A empresa ainda não detalhou os próximos passos, limitando-se a responder que “comunicará algo assim que possível”.

Lilium encerra operações: demissões atingem 1.000 funcionários e startup deixa mercado de eVTOLs (Richard Baker/Getty Images)

Investimentos bilionários e desafios persistentes

A Lilium ganhou destaque com seu projeto de aeronaves elétricas que poderiam alcançar velocidades de até 100 km/h. Seu modelo atraiu grandes investidores, como a chinesa Tencent, e clientes promissores, como o pedido de 100 aeronaves pelo governo da Arábia Saudita. Em 2021, a companhia abriu capital na Nasdaq, após uma fusão reversa com a empresa de cheque em branco (SPAC) Qell.

Apesar do avanço no desenvolvimento de protótipos em escala real, a empresa estava distante de entregar um produto final e comercializável. Em outubro, anunciou que entraria com um pedido de insolvência — processo similar à falência nos Estados Unidos — após não conseguir apoio financeiro emergencial do governo alemão. Sob a insolvência, a Lilium perdeu o controle de suas subsidiárias, incluindo a Lilium eAircraft, que teve seu processo de venda conduzido pela KPMG.

Concorrência avança no desenvolvimento de eVTOLs

Enquanto a Lilium enfrenta dificuldades, outras empresas do setor de eVTOL (aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical) estão fazendo progressos significativos:

  • Joby Aviation: Realizou o primeiro voo de um eVTOL em Nova York e já produziu uma aeronave para a Força Aérea dos EUA.
  • Vertical Aerospace: Seu modelo VX4 já completou voos de teste e recebeu encomendas de companhias aéreas como Gol, Virgin Atlantic e American Airlines.
  • Volocopter: Pioneira no setor, conduz testes desde 2011 e planeja lançar operações comerciais em 2024.
  • Eve Air Mobility (subsidiária da Embraer): Já possui 635 aeronaves encomendadas e está desenvolvendo um ecossistema completo para mobilidade aérea urbana.
  • CityAirbus (Airbus): Realizou testes extensivos com diversas versões do seu eVTOL e projeta certificação operacional para 2025.
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