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LG G3

Bem ao estilo asiático de desenvolvimento de hardware, o LG G3 é superlativo em muitos sentidos. Sua tela tem a maior resolução já utilizada em smartphones, seu processador é um dos mais recentes da Qualcomm, sua câmera oferece recursos que não aparecem em nenhum outro celular. Mas no contexto maior do mercado atual, quais dessas […]

LG G3

LG G3

DR

Da Redação

Publicado em 22 de julho de 2014 às 13h44.

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Bem ao estilo asiático de desenvolvimento de hardware, o LG G3 é superlativo em muitos sentidos. Sua tela tem a maior resolução já utilizada em smartphones, seu processador é um dos mais recentes da Qualcomm, sua câmera oferece recursos que não aparecem em nenhum outro celular. Mas no contexto maior do mercado atual, quais dessas novidades realmente importam?

Hardware

Silício

Em termos de hardware interno, o G3 segue o padrão de homogeneização que temos observados nos smartphones avançados. O SoC é o mesmo encontrado no Galaxy S5 e no Xperia Z2. Como os 3 usam o mesmo SoC, os recursos de networking são muito similares: Wi-Fi ac, LTE Cat 4, Bluetooth 4.0, etc. O rol de sensores também é basicamente o mesmo.

Um ponto curioso do G3 é a questão da memória. Como a maioria dos smartphones desde o iPhone, há uma opção com mais storage que o básico com 16 GB. A diferença é que a versão de 32 GB também vem com mais RAM: 3GB contra 2GB. A LG garante que o sistema foi desenvolvido para rodar com 2GB de RAM, o que significa que a memória extra é literalmente apenas isto: um extra. Por enquanto é difícil pensar em casos de uso que se beneficiariam de tanta memória, mas, ao incorporar mais RAM, pode-se dizer que a LG está preparando o G3 para o futuro.

O INFOlab testou tanto a versão de 32 GB quanto a de 16 GB do aparelho. No entanto, o único modelo que será comercializado no Brasil é o que contém 16 GB de armazenamento.

Ainda assim, talvez valha notar que os resultados nos benchmarks foram um pouco inconsistentes. No Quadrant e no Vellamo, ele foi consideravelmente melhor que o Z2 e o S5 (Nota: o Vellamo acabou de passar por uma reformulação grande, o que pode ter afetado o resultado). No 3DMark e no Antutu, o G3 se saiu consideravelmente pior. O resultado do 3DMark é particularmente significativo. Como esse benchmarck usa um frame buffer “off-screen” a resolução da tela não pode ter afetado o resultado final por si só. No uso normal, o aparelho não parece ser nem milissegundo mais lento que o Galaxy S5 ou que o Xperia Z2, mas esses resultados são algo para se ter em mente se o seu objetivo for comprar o aparelho mais potente.

Quadrant (em pontos)Barras maiores indicam melhor desempenho
LG G324146
Galaxy S523648
AnTuTu (em pontos)Barras maiores indicam melhor desempenho
LG G330072
Galaxy S535457
Vellamo (em pontos)Barras maiores indicam melhor desempenho
LG G32921
Galaxy S51630
3D Mark Icestorm (em pontos)Barras maiores indicam melhor desempenho
LG G316579
Galaxy S518079

Resolução da tela

O ponto que mais diferencia o G3 de seus concorrentes em termos de hardware é a tela QWHD, com 2560 x 1440 pixels. Em outras palavras, ela contém um número de pixels 77% maior do que o de uma tela Full HD. A densidade de pontos chega a 538 PPI, a maior de qualquer smartphone já lançado.

Talvez valha aqui uma discussão dos méritos técnicos desse aumento de resolução. Historicamente, a Apple introduziu essa preocupação ao debate público com o iPhone 4 e sua tela “Retina”. Na época, Steve Jobs se referia a uma tela cujos pixels individuais não poderiam ser distinguidos. Mais especificamente, ele estava falando de um display de densidade próxima a 300 PPI que estaria a uma distância de 25 cm a 30 cm dos olhos.

Esses números não eram uma decisão arbitrária da Apple. Anos de literatura científica chegaram à conclusão de que uma pessoa com acuidade visual “normal” (a chamada “visão 20/20”) consegue distinguir dois pontos separados por 1 arcmin (minuto de arco, ou seja, 1°/60). Visto de uma distância de 30 cm, um ângulo de visão de 1 arcmin corresponde a um ponto de cerca de 89 microns, o que equivale a 286,5 PPI (ou 11,3 pixels por milímetro).

Em outras palavras, a tela Retina do iPhone 4 superava a resolução dos olhos de uma pessoa com visão 20/20 quando segurada a 30 cm de seus olhos. As alegações da Apple são fundadas em ciência real. O problema é que a “visão 20/20” é apenas um número de referência para estabelecer um limite mínimo de resolução de um olho saudável. Muitas pessoas excedem esse limite. Mas talvez mais importante ainda é o fato de que esses números dependem de condições específicas. Pessoas que seguram o smartphone mais ou menos próximo dos olhos terão experiências diferentes mesmo que ambos utilizem o mesmo display.

Na realidade, a situação é ainda mais complicada do que uma simples questão de distância. O olho humano tem estruturas análogas às de uma tela ou câmera digital, mas suas peculiaridades são muito maiores. Por exemplo, uma tela LCD convencional tem uma distribuição regular de subpixels verdes, vermelhos e azuis, enquanto os cones responsáveis pela captação de cor no olho são muito mais sensíveis ao verde do que às outras cores.

Nessa mesma linha, boa parte do que consideramos como “visão” é na verdade o resultado do processamento que o cérebro executa sobre um fluxo de imagens capturadas pela retina (o olho está sempre realizando movimentos minúsculos para capturar pequenas partes da cena). Uma das consequências disso é que nossa visão é absurdamente competente quando o assunto é reconhecer padrões. O olho é capaz de detectar um desalinhamento entre duas linhas paralelas ou concorrentes com uma resolução de 2 arcsec (segundos de arco, ou seja, 1°/3600). Em outras palavras, para mascarar tal desalinhamento, uma tela com mais de 1800 PPD (pixels por grau) seria necessária. Assim como o cérebro é capaz de ocultar as sombras projetadas pelos vasos sanguíneos na retina, ele também pode de processar informações minúsculas quando estas são relevantes.

Tudo isso considerado, um display com 600 PPI, traduzindo-se em uma resolução de 0,5 arcmin seria capaz de mascarar os pixels individuais para basicamente todos os seres humanos. Realisticamente, o valor ditado pela Apple de 1 arcmin ainda parece ser um proposta aceitável para a vasta maioria da população. Como as telas FullHD ultrapassam a resolução da tela Retina, é razoável dizer que o ganho em aumentar ainda mais a resolução dos smartphones é mínimo. Com efeito, sou basicamente incapaz de notar a diferença de resolução entre a tela do G3 a do HTC One exceto em curvas pronunciadas quando aproximei muito meus olhos de cada display.

Há ainda uma questão peculiar à abordagem da LG que não pode ser ignorada, como se pode notar claramente no nosso teste de bateria. Embora essa não seja uma preocupação tão premente em telas OLED, telas com LCD causam um impacto maior no consumo de bateria para um nível de luminosidade determinado conforme a densidade de pixels aumenta. Basicamente, como o pixel diminui de tamanho conforme a densidade aumenta, os trasistores que controlam o cristal líquido se tornam maiores em relação à tela como um todo. Dessa maneira, a retro iluminação deve se tornar mais forte para compensar a perda de luminosidade causada por suas sombras. Luzes mais fortes consomem mais bateria, naturalmente.

Não se pode negar que a LG tentou amenizar esse problema. Desde o G2, a empresa suporte o Panel Self Refresh em seus aparelhos mais avançados. Essencialmente, isso quer fizer que o sistema detecta quando a tela está exibindo um conteúdo estático e reorganiza a pipeline para armazenar o frame que está sendo exibido em um pequeno buffer (no caso do G3, isso é algo em torno de 14MB, ou seja, 2560*1440 em 32bpp). Isso previne a GPU de mandar frames para ciclos de refresh que não são necessários, já que a imagem da tela está imóvel. No entanto, essa é uma otimização de energia para tornar o SoC mais eficiente e não tem relação com o consumo da tela. A iluminação em uma tela de LCD se manterá basicamente uniforme. Além disso, nosso teste de bateria envolve a reprodução contínua de um vídeo, o que inutiliza essa vantagem do G3. De qualquer maneira, no uso normal do aparelho ele não dura tanto quanto outros concorrentes.

No final, o que se observar no G3 é justamente uma combinação desses dois problemas. A bateria parece ter sido afetada pela resolução extra e, ao mesmo tempo, a tela em si não é tão brilhante quanto a concorrência. Outra questão é que os ângulos de visão no eixo horizontal não estão entre os melhores. A tela não chega a escurecer facilmente, mas existem aparelhos melhores nesse sentido.

Por fim, como quase não existe conteúdo produzido em 1440p, a necessidade de fazer upscaling em vídeos pode ser problemática. Esse efeito é especialmente notável em superfícies com gradações de cor em vídeos HD: é muito fácil notar os blocos de textura.

O review continua após o vídeo de INFO sobre o LG G3.

http://videos.abril.com.br/info/id/ae3c50230eecb060109ba3f471dcc0a2

Discutindo as cores da tela

Além da resolução extra, a LG alega que o display do G3 cobre 100% do espectro de cor sRGB. Isso talvez soe estranho quando se considera que displays como o Galaxy S5 frequentemente excedem esse padrão, cobrindo uma gama mais ampla de cor. Basicamente, embora a tela do S5 seja capaz de exibir mais cores, mas o G3 exibe cores mais próximas da realidade.

Essa situação é, em parte, culpa do Android. Os sistemas mobile mainstream atuais, incluindo o iOS, não tem nenhum tipo de controle de core sistematizado. As cores exibidas são diretamente relacionadas aos valores de LUT( lookup table) do display. Digamos que o software determina que a tela deve exibir a cor branca. Em vez de usar um espaço de cor como referência, o firmware se limita a ordenar que os três canais de cor (considerando um monitor 24bit) eleve-se ao máximo de saturação possível (ou seja, 255 – a cor preta seria representada pelos três canais com valor 0). O que efetivamente ocorre aqui é um controle de profundidade de cor (o nível de gradação de cada tom) e não de gama de cor (a distribuição de cores exibidas).

Por que isso é um problema? Pelo fato de que cada display é efetivamente único de uma forma ou de outra, não existem processos de fabricação perfeitos que produzem unidades iguais. Embora possamos generalizar um pouco, cada tela tem um pico de azul ou de vermelho ou de verde. No caso do OLED, por exemplo, pixels azuis de um prazo de validade menor e assim por diante.

Como essas diferenças não são consideradas os valores 255-255-255 em uma tela de iPhone podem resultar em uma cor completamente diferente dos valores 255-255-255 de um Galaxy S5. Isso é o que torna a calibração de fábrica realizada pela Apple tão valiosa, ela compensa a “cegueira” do sistema operacional.

Conforme o número de cores aumenta, essas diferenças se tornam ainda mais intensas. Como há uma distribuição maior de cor, há mais oportunidades para o erro. Quando entramos no reino de outros espaços de cor, como o Adobe RGB, a situação piora ainda mais, mas a esmagadora maioria do conteúdo é feita em sRGB de qualquer maneira.

Mas nada isso responde a principal questão: displays com cores corretas são benéficos em smartphones? Em monitores profissionais, a vantagens é óbvia, mas e para o celular? Existe uma percepção geral de que cores mais saturadas atraem mais o público comum. É difícil avaliar o mérito dessa afirmação, mas o fato é que os celulares com tela saturada da Samsung são extremamente populares, então talvez isso tenha um fundo de verdade. Por outro lado, considerando que boa parte dos profissionais que trabalha com fotos e vídeo usam monitores calibrados, é razoável pensar que uma tela mais fiel permitiria ao usuário apreciar melhor esses produtos.

Tudo isso considerado, a tela do G3 é de fato mais correta que a média em termos de cor. Ela é bem contida e consegue reproduzir sutilezas que simplesmente não aparecem em outros celulares. Para ver fotografias, o G3 deve ser um dos melhores celulares do momento. Seu único pecado, no campo das cores, é apresentar pretos um pouco acinzentados.

Hardware e Design

http://info.abril.com.br/reviews/fotonoticias/na-mao-smartphone-lg-g3-o-gadget-mais-poderoso-da-lg.shtml?embed=s

O G3 representa uma mudança um tanto radical na filosofia de design da LG. Em vez de basicamente seguir o mesmo caminho trilhado pela Samsung como antes, eles optaram por uma espécie de meio termo entre o S5 e o HTC One. O design simples e sofisticado (atraente especialmente por causa das bordas finas da tela) manteve o espaço reservado para a bateria removível e o slot de cartão SD.

Ele é todo feito de plástico, mas, sem segurá-lo, é até possível imaginar que se trata de alumínio. O que quer a LG tenha feito com o policarbonato da traseira, o resultado me pareceu superior a qualquer coisa lançada pela Samsung. Por outro lado, eles ignoraram qualquer certificação IP, o que pode desanimar alguns usuários.

A bateria que citei anteriormente é uma unidade grande, de 3000 mAh. No entanto, a tela parece ter exercido uma influência nociva em sua duração. Nosso teste de vídeo rendeu apenas 6h14min, bem abaixo dos últimos smartphones avançados testados. A versão de 32 GB com 3GB de RAM durou 6h57min. Esses dois modelos não eram verões finais, adaptadas para as redes brasileiras, o que pode ter influenciado parcialmente o teste. Realizaremos o teste novamente assim que a LG disponibilizar a versão final. Ainda assim, há poucos motivos para quer que este aparelho terá uma duração de bateria excepcional. Mesmo nesses dois testes que citei acima, ele não se entra muito longe da média e só perde de maneira significante para os melhores concorrentes.

Como no G2, a LG manteve os botões de controle traseiros, o que é uma pena. Como o celular é grande, o usuário precisa torcer a mão em forma de garra para utiliza-los sem que o G3 escape de sua palma, o que não é um movimento natural. Também preciso levanta-lo para ativar a tela quando ele está sobre a mesa. De certa maneira, o gesto de controle Knock On resolve esse problema, mas acaba criando outro: durante meu tempo de uso o G3 destravou e chegou a tirar uma foto sozinho enquanto estava no meu bolso.

O som do telefone é relativamente alto, mas mantém um design similar ao do S5 no sentido de que o alto falante fica na traseira. Não se compara, nesse ponto, ao Z2 ou ao One.

Sistema e Aplicativos

Assim como design do hardware foi disciplinado, o software passou por uma grande reformulação. Como tem sido tendência ultimamente, o design aqui se baseia principalmente em cores primárias e ícones simples. Similarmente, a LG eliminou ou integrou melhor à interface geral vários elementos peculiares de sua customização.

No caso do software, contudo, também houve um movimento contrário. Superficialmente o visual aprece mais simples, mas a LG investiu bastante em animações e efeitos sonoros para enfeitar o sistema. Estranhamente, gostei das animações, mas deve-se notar que elas nem sempre tem um frame rate consistente. Quanto aos efeitos sonoros, notei um detalhe interessante: o aparelho emite um aviso quando uma transferência de arquivos por USB é finalizada. Isso é apenas uma pequena conveniência, mas com ela a LG demonstrou sua atenção à experiência de uso.

Felizmente, a LG foi muito cautelosa com a seleção de aplicativos pré-instalados. Há um aplicativo de controle remoto (para usar o infravermelho) e um app de curadoria chamado SmartWorld. Bloatware realmente não é um problema nesse aparelho.

O único aplicativo mais sofisticado é tão integrado ao sistema que nem parece um app. Trata-se do LG Fitness, um programa de acompanhamento físico. Embora ele seja superficialmente similar aos apps encontrados na Sony e na Samsung, a proposta do G3 é um pouco mais focada. O aparelho se limita a contar passos e gravar a trajetória do usuário pelo GPS, extrapolando essas informações em uma estimativa de consumo de calorias. De acordo com a velocidade da passada, ele é capaz de identificar automaticamente quando o usuário está correndo ou caminhando, por exemplo.

Funcionalmente, a customização é profunda. Como em modelos anteriores, a LG manteve os mini aplicativos e o modo multijanela, mas eles foram melhor integrados ao sistema. Os mini aplicativos continuam sendo bem mais limitados que a solução da Sony, por exemplo: apenas os 8 apps nativos podem ser usados dessa forma. Um ponto legal é que dentro de cada um desses aplicativos há um atalho para transformar o app em janela.

Também é possível acessá-los através do menu de notificações. Aliás, esse é um dos problemas desse menu: a interface é carregada demais, com muitos atalhos desnecessários. Em vez de seguir o exemplo do Google e dividir a notificações  e os atalhos com um gesto de dois dedos (como todos os outros fabricantes têm feito), a LG decidiu juntar tudo no mesmo lugar e o resultado não foi bom.

Outro recurso que foi melhorado é o modo multijanela. Agora ele é acessado através do menu de aplicativos recentes. Agora, aplicativos do Google, como o Youtube, também podem dividir a tela e é possível redefinir o tamanho de cada janela.

Além desses dois pontos principais há uma série de peculiaridades interessantes por todo o sistema. Na galeria de imagens, por exemplo, é possível usar o gesto de pinça para visualizar as imagens em linha. Nesse modo de visualização, é possível arrastar a foto para cima para apaga-la ou para baixo para compartilha-la. Há ainda um menu nas configurações do aparelho completamente dedicado ao gerenciamento de memória. Ele se encarrega de abrir mais espaço para o usuário apagando arquivos temporários e arquivos da pasta de downloads, além de lista aplicativos que o usuário não usa há muito tempo.

Existe um grau bem razoável de personalização. O teclado é um bom exemplo disso. A altura do mesmo pode ser manualmente configurada (ele pode ocupar até dois terços da tela). Também é possível remover e personalizar até três botões da fileira inferior (que ficam ao lado do espaço). Ele pode adotar as cores preta e branca. Um ponto legal é que, quando o modo de operação com uma mão é ativado, o teclado pode ser alinhado à esquerda, direita ou centro com gestos simples de deslize. Outro recurso muito interessante é um menu de cópias recentes. Textos copiados e screenshots capturadas ficam salvas na memória e podem ser recuperadas dessa forma. Até 20 itens são salvos automaticamente, mas o usuário também pode “fixar” alguns deles, caso isso seja conveniente.

Da mesma forma, a barra principal de controle (com Home, etc.) pode ser preta ou branca. Também é possível mudar o tamanho dos ícones e a fonte padrão do sistema. Há ainda um sistema de login para convidados. O usuário pode especificar uma senha que entra automaticamente nesse modo, no qual só podem ser acessados quatro aplicativos escolhidos pelo dono do aparelho. Até o sistema de arquivos fica separado: o convidado pode criar e acessar pastas próprias, mas não pode fazer o mesmo com as da conta principal (embora o oposto seja possível).

Por fim, o G3 usa duas abordagens quando o assunto é automatização. A primeira é um sistema de controle por voz com suporte ao português similar ao do Moto X. Ele aceita comandos a partir da tela de bloqueio como no celular da Motorola, mas a solução da LG é menos sofisticada. Para que o comando funcione, a tela deve estar ligada e o retorno visual do resultado só aparece depois que o telefone é desbloqueado. Para se ter mais uma prova que essa interface de voz ainda não está madura, basta usa-la na interface de câmera. Todos os comandos funcionam perfeitamente, mas apenas se o usuário souber inglês.

A segunda é o Smart Notice, que funciona como uma alternativa ao Google Now, mas acaba sendo completamente supérfluo. Além de exibir “dicas” óbvias (um aviso de bateria baixa, por exemplo), não há qualquer controle sobre que informações já foram exibidas. Por causa disso, o aparelho insistia incessantemente que eu “explorasse recursos novos” que já haviam sido explorados. O sistema de notificações do Smart Notice também só serve para provar que esse recurso não foi bem planejado: em vez de exibir uma prévia da “dica” no menu de notificações, o app força o usuário a desbloquear o telefone e tocar em um widget antes de visualizar a informação.

Câmera

Existem duas novidades significativas na câmera traseira: o sistema de estabilização óptica com três eixos e o sistema de autofoco ativo. A câmera frontal também é minimamente notável por ter um sensor um pouco maior que a média, com pixels de 1,4 microns. A área extra de captação parece ter surtido efeito: o nível de ruído das fotos é consideravelmente inferior à média. Claro, como a câmera só tem 2 MP, a qualidade de imagem em geral não é tão melhor que a dos outros smartphones, mas o G3 tem um pouco de vantagem nas cenas menos iluminadas.

Foi a câmera traseira que rendeu resultados surpreendentes. Tanto em vídeo quanto em fotos, gostei muito dos resultados. A estabilização óptica permitiu ao telefone utilizar tempos de exposição bem longos em cenas escuras para evitar o ruído provocado pelo ISO. O G3 chegou a expor fotos em 1/17s (ou seja, abaixo de sua distância focal equivalente) sem permitir que o movimento natural das mãos borrasse excessivamente a imagem.

Em geral, as imagens conseguiram preservar muitos detalhes e as cores foram bem tratadas, com exceção, talvez, dos vermelhos que são um pouco exagerados. Parece-me que a objetiva em especial é responsável pelo bom contraste e reprodução de cor. Assim como outras lentes grande angulares, a do G3 é um pouco suscetível a flare, mas em um grau inferior ao de outros smartphones que testamos. Também é notável a forma como a qualidade se mantém relativamente consistente ao longo de todo o quadro.

O sistema de foco ativo, apesar de tudo o alarde da LG não é nada novo no mundo das câmeras digitais. Sistemas similares baseados em ultrassom e infravermelho existem há anos. No caso do G3, o aparelho emite continuamente um único laser (isto, um raio de luz altamente colimada) infravermelho cujo tempo de reflexão é medido para calcular a distância dos objetos que estão na frente da câmera. Esse método é vantajoso para cenas escuras (porque o próprio telefone produz a luz de foco) e objetos próximos (pois a potência limitada do laser impede que ele mantenha sua coesão por longas distâncias).

Em situações ideais, esse método é sim muito mais rápido que o autofoco por contraste tradicionalmente usado nos smartphones. Com efeito, o G3 é capaz de identificar imediatamente a distância de um objeto que estiver a até 61 cm da câmera. Como o sensor também faz uso de detecção de contraste, se nada obstruir o caminho da luz nessa distância, o processador saberá por inferência que a lente deve ser posicionada para focar um plano mais distante do que 61 cm, agilizando indiretamente o processo de focagem. Na prática, as diferenças de velocidade entre o G3 e outros telefones são pequenas, mas claramente perceptíveis, especialmente em cenas escuras. Por fim, vale notar que a LG implementou um sistema de flash com duas temperaturas, similar ao que aparece no iPhone 5s.

No campo do vídeo, o G3 oferece a filmagem em resolução UHD (3840 x 2160 pixels) exatamente como seus concorrentes. Contudo, essa paridade de recursos não se mantém em resoluções mais baixas: a filmagem em 1080p ocorre apenas a 30 FPS, quanto o no Xperia Z2 e no Galaxy S5 há a opção de usar um frame rate maior. Como o Hardware do G3 é muito similar ao desses outros smartphones, creio que é possível que um patch futuro adicione esse recurso, mas, por enquanto, o G3 está em desvantagem.

A experiência de filmagem em 4K tem qualidade comparável à da concorrência, mas o G3 tem algumas peculiaridades interessantes. O bitrate dos vídeos, por exemplo, atinge uma média de apenas 30 Mbps, bem menor que a média de 48 Mbps utilizada no Galaxy S5 (ambos codificam as imagens com o mesmo H.264 level 5.1). Ainda assim, a qualidade final de imagem dos dois é bem próxima com alguns contrapontos: o S5 tem um pouco mais de gama dinâmica, enquanto o autofoco do G3 é mais estável. Como os arquivos do G3 são, em média, menores, ele acaba sendo mais vantajoso nesse aspecto que a concorrência.

Embora a qualidade das imagens surpreenda, o aplicativo de controle é um pouco frustrante. Superficialmente, a intenção da LG parece ter sido simplificar as funções da câmera, mas eles exageraram. A princípio a interface esconde todas as opções de ajuste, para invoca-las é preciso primeiro tocar um ícone de reticências no canto superior esquerdo. Mas mesmo depois que esse menu é revelado, as opções que aparecem são bem limitadas.

Não é possível, por exemplo, ajustar o nenhum parâmetro de exposição como ISO e velocidade. Também não é possível travar foco e exposição, o que limita severamente o potencial criativo da câmera. Se por algum motivo o usuário realiza o gesto de borda que invoca os botões virtuais de controle do Android, estes se sobrepõem aos controles da câmera, de modo que é preciso esperar que eles saiam da frente para tirar a foto. É difícil entender como um deslize desses passou despercebido.

Foto por: INFO

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Vídeos

Full HD:

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=M6-ePJJhMvo%5D

4K:

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=8I8YHwnLYss%5D

Considerações Finais

O G3 é um grande passo para a LG, que finalmente se desvencilhou da sombra estética da Samsung para seguir um caminho completamente diferente. Em muitos sentidos, este aparelho é o que o Galaxy S5 poderia ter sido, uma soma de avanços tecnológicos com uma reformulação de design. Excetuando-se alguns tropeços, como é o caso do Smart Notice e do aplicativo de câmera, as escolhas que a LG tomou no campo do software foram altamente louváveis.

Quando o assunto é hardware, o G3 é quase impecável. Sua câmera é uma das melhores do mercado atual, seu design é extremamente atraente e a tela apresenta um grau de fidelidade de cor antes desconhecida entre os smartphones Android.

A resolução da tela e o impacto que ela parece ter provocado sobre a duração de bateria são os únicos defeitos impossível de ignorar. Talvez exista um argumento para ir além do 1080p em telas de celular, mas a LG não foi convincente neste caso. Algo que também pode fazer falta para um segmento do público é a ausência da vedação contra água. Esses dois aspectos, em especial a questão da duração da bateria, fazem com que o Galaxy S5 se saia melhor na nossa avaliação geral. Ainda assim, quem valoriza mais o design e a experiência de uso do software vai preferir o G3.

Ficha técnica

ChipsetQualcomm Snapdragon 801 (MSM8974AC)
CPU (SoC)Krait 400 Quad core 2,5 GHz
GPU (SoC)Adreno 330
RAM2GB
Armazenamento16GB (9,8GB livres) + microSDXC de até 128GB
Conexões4G (LTE-A Cat 4), Wi-Fi ac dual band, GPS com GLONASS, Bluetooth 4.0,
Tela5,5 polegadas (2560 x 1440p)
Câmeras13MP e 2.1MP
Peso155g
Dimensões14,6 x 7,4 x 0,7 cm
Bateria6h14

Avaliação técnica

PrósTela excelente quando o assunto é fidelidade de cor; design atraente; pouco bloatware; ótima câmera; customização de software com recursos interessantes
ContrasBateria de duração decepcionante para o padrão dos últimos smartphones avançados; a resolução alta da tela causa mais problemas do que traz benefícios
ConclusãoExcelente smartphone topo de linha que traz mudanças de design aliados a avanços tecnológicos
Configuração9,8
Usabilidade8.6
Bateria7.5
Design8.3
Média8.7
PreçoR$ 2 299
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