São Paulo - Faltava pouco para as 22 horas de quinta-feira (2) quando João Teófilo Ribeiro, de 50 anos, chegou à porta da loja da Fnac do Morumbi Shopping, em São Paulo. Acompanhado da filha e do genro, o gerente de previdência complementar dava início naquele momento a uma fila que mais tarde teria quase cem pessoas interessadas em comprar o iPad nos primeiros minutos do lançamento oficial do produto no Brasil.

Oito meses depois do início das vendas do tablet da Apple nos Estados Unidos, o aparelho começou a ser vendido no mercado brasileiro à 0 hora desta sexta-feira (3) em lojas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Florianópolis, Porto Alegre e Salvador. À frente de vários applemaníacos na fila do Morumbi Shopping, Ribeiro estava em primeiro apenas "por acaso". "Vim ao shopping para jantar com minha filha e com o namorado dela e mais tarde passaria para comprar o iPad. Dei sorte de ser o primeiro", contou.

A maior prova de que ele não era o mais ansioso dos consumidores é que o iPad Wi-Fi + 3G de 16GB que compraria não era nem para uso próprio, mas um presente de Natal para a mulher, a professora universitária Magali Colconi Carrijo. "Era para ser uma surpresa, mas agora não tem mais como esconder", dizia Ribeiro enquanto concedia diversas entrevistas para sites, jornais e canais de televisão. Mais tarde Magali acabou sendo avisada pela filha do presente que ganharia, e foi até o shopping para acompanhar o marido na compra. "Esse lugar dá sorte para o Teófilo; ele já ganhou um carro aqui há cerca de dez anos", contou a professora.

Entre as 22 horas e a meia-noite, Fnac e Apple preparavam a loja com faixas e cartazes para anunciar com pompa a estreia do iPad. Não sem motivo. "Nossa expectativa é de um aumento de 25% nas vendas no Natal, e o iPad deve ser um dos principais motivadores desse crescimento", afirma o diretor comercial da Fnac Brasil, Leandro Cançado. O aparelho chega ao Brasil por valores que variam de R$ 1.649 a R$ 2.599 de acordo com a conectividade e a capacidade de armazenamento.

O preço da versão mais básica chega a ser 91% mais caro que o da venda nos Estados Unidos. Mesmo assim, muita gente fez questão de esperar o produto chegar ao Brasil para comprá-lo. "Não gosto de comprar no MercadoLivre ou na Santa Ifigênia, prefiro comprar tudo certinho", explicou o analista de sistemas Pietro Chiarelli, segundo na fila da Fnac.

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A opinião era semelhante à do engenheiro Valdelino Marques Magalhães: "achei melhor esperar para ter garantia e assistência oficial aqui no Brasil". Magalhães, que comprou o iPhone 4 também no dia do lançamento depois de ter os modelos 3G e 3GS, contou que viaja muito e que agora pretende utilizar o iPad como um substituto para o notebook.

A fila para comprar o iPad no Morumbi Shopping ficou bem menor do que a de interessados no iPhone 4 quando o produto foi lançado em um evento na loja da TIM do Shopping Eldorado, também em São Paulo. Mas estava de bom tamanho para Ezequiel Rodrigues da Silva, sub-gerente de um quiosque de chopp que fica bem em frente à loja da Fnac. "Para uma quinta-feira, tivemos uma venda de 15% a 20% maior hoje", afirmou Silva, que até as 23 horas nem sabia o que estava acontecendo para atrair tanta gente.

O comediante Rodrigo Cáceres, conhecido por fazer imitações do personagem Zacarias, dos Trapalhões, em programas de televisão, também estava na fila. Discreto, arranjou uma forma de passar o tempo, revezando a espera com a esposa. Com o iPad em mãos agora ele já pensa em usar o produto em seu trabalho. "Já estou desenvolvendo um site em que ensino imitações, e pretendo transformar isso também em um aplicativo", planejava o humorista.

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Festa

A venda das primeiras unidades do iPad foi feita em meio a uma festa organizada pela Fnac e pela Apple, que contou com a presença de diversas celebridades, como o jornalista Celso Zucatelli, o estilista Fause Haten, os humoristas Marco Luque e Felipe Andreoli e os apresentadores Otávio Mesquita e Luciana Gimenez.

A jornalista e apresentadora Renata Fan, que já tem um iPad, comprado há três meses nos Estados Unidos, disse que considera o produto "fascinante". "Levo para qualquer lugar, posso ver quando estou parada no trânsito, tem um tamanho de tela ideal", disse. Ela afirmou ainda que é adepta dos produtos da Apple e que, além de diversos iPods, já tem um Mac, mas que estava de olho em um modelo com tela maior.

O músico Dinho Ouro Preto, que estava acompanhado dos demais integrantes do Capital Inicial, espera que o iPad torne-se em breve um instrumento de trabalho. "Com um adaptador posso ligar a guitarra na entrada de áudio do iPad e gravar minha voz por meio do microfone interno, o que já faço com o iPhone", explicou o cantor. Questionado se compraria o tablet antes de deixar a festa, brincou. "Acho que vou é ganhar". A banda tem um acordo com a Apple e utiliza os equipamentos da fabricante na produção de músicas e em shows.

Planos de dados

A operadora Vivo fez uma parceria com a Fnac para vender, dentro das lojas da varejista pacotes de dados voltados para compradores do iPad. Nesses casos, o chip microSIM, que é vendido normalmente por R$ 10, sai de graça, e o cliente tem a opção de escolher entre planos, que variam de R$ 59,90 para a franquia de 250MB, e R$ 199,90 para 8GB de transferência. O mesmo acordo foi fechado pela operadora com as lojas das redes Fast Shop, Saraiva, iTown, A2You e Ponto Frio.

A concorrente Oi conta com dois planos específicos para usuários do tablet da Apple: franquia de dados de 5GB por R$ 76,50; e franquia de dados de 2GB por R$ 59,50. A Claro também deve lançar planos específicos para o tablet da Apple, mas os modelos de oferta ainda não foram divulgados pela operadora. Já a TIM, desde o lançamento do Galaxy Tab, da Samsung, trabalha com a oferta de um pacote de dados ilimitado específico para tablets, que custa R$ 59,90 por mês.

Onde comprar

O iPad pode ser adquirido em revendas autorizadas pela Apple em todo o Brasil ou por meio da internet, no site da fabricante e de parceiros. A lista completa das lojas pode ser consultada no site da Apple.