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Lançamento de jogo sobre tiroteio em escola é cancelado

O jogo, que custaria entre cinco e dez dólares, propunha aos jogadores assumirem o papel de atirador ou dos policiais que tentam detê-lo

 (Valve Corp/Reprodução)

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AFP

Publicado em 3 de junho de 2018 às 11h35.

Uma empresa americana cancelou o lançamento de um jogo para videogame que simulava um ataque a tiros em uma escola, em meio a críticas ferozes dos pais das vítimas desses atos, além de políticos.

O jogo, chamado "Active Shooter", seria lançado em 6 de junho pela Valve Corp, empresa com sede no estado de Washington, em sua plataforma de distribuição digital Steam.

Mas a Valve informou em comunicado que cancelou o lançamento do jogo criado pelo desenvolvedor Revived Games e pelo editor ACID.

"Este desenvolvedor e este editor são, na verdade, uma pessoa que utiliza o nome Ata Berdiyev", declarou Valve.

"Ata é um troll (provocador na internet), com um histórico de abuso de clientes, publicação de material protegido por direitos autorais e manipulação de opiniões de usuários", afirmou Valve.

"Não vamos fazer negócios com pessoas que agem assim", acrescentou a empresa.

Fred Guttenberg, cuja filha de 14 anos morreu no dia 14 de fevereiro na Marjory Stoneman Douglas High School, em Parkland, na Flórida, comemorou essa "notícia maravilhosa".

Guttenberg e outros pais das vítimas da Stoneman Douglas haviam solicitado no Twitter a retirada do jogo.

"É repugnante que a Valve Corp. tente tirar proveito da glamourização das tragédias que afetam as escolas de todo o país", denunciou Ryan Petty, cuja filha Alaina, de 14 anos, também morreu em Parkland.

"Manter nossos filhos seguros é um problema real que afeta nossas comunidades e não é de forma alguma um 'jogo'", ressaltou.

Bill Nelson, um senador da Flórida, estado onde as armas abundam, afirmou que era "imperdoável" a existência de um jogo desse tipo, especialmente menos de quatro meses depois que um jovem de 19 anos matou 17 pessoas em Parkland.

"Qualquer empresa que desenvolva um jogo como esse depois de uma tragédia tão horrível deveria se envergonhar", justificou.

O jogo, que custaria entre cinco e dez dólares, propunha aos jogadores assumirem o papel de atirador ou dos policiais que tentam detê-lo.

Além disso, oferecia um modo multijogador e a possibilidade de competir como um estudante desarmado tentando sobreviver.

O trailer de divulgação terminava com uma fila de cadáveres de estudantes em um auditório, enquanto se via as estatísticas sobre o número de policiais e civis mortos.

Uma petição do grupo ativista Change.org instando o distribuidor a não lançar o jogo reuniu quase 200.000 assinaturas.

O desenvolvedor Revived Games declarou em um aviso que o produto "é destinado exclusivamente para fins de entretenimento e simulação".

"Revived Games acredita que a violência e ações inadequadas pertencem ao videogame e não ao mundo real, e insiste que em nenhum caso alguém deve tentar recriar ou imitar qualquer uma das ações, eventos ou situações que ocorrem no jogo", aponta.

"Se você sentir vontade de machucar alguém ou pessoas ao seu redor, peça ajuda a psiquiatras locais ou disque 911 (ou o número apropriado)".

No último ataque a tiros em massa em uma escola nos Estados Unidos, 10 pessoas foram mortas na Santa Fé High School, no Texas, em 18 de maio.

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