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Internet se tornou refúgio terrorista, segundo relatório

Empresas transformaram a internet em um refúgio para terroristas, por recusar em vigiar o que acontece online, de acordo com relatório britânico

Londres: relatório diz respeito à morte de soldado nas ruas da capital britânica (Andrew Cowie/AFP)
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Da Redação

Publicado em 25 de novembro de 2014 às 11h50.

Londres - As empresas operadoras transformaram a internet em um refúgio para terroristas por sua recusa em vigiar o que acontece online, afirma um relatório oficial britânico sobre o assassinato do soldado Lee Rigby em uma rua de Londres .

O documento, elaborado pelo comitê parlamentar britânico de inteligência e segurança, conclui que o serviço secreto não conseguiu evitar o assassinato de Lee Rigby porque não tinha provas de que estava sendo preparado e ninguém informou sobre uma conversa na qual o crime era anunciado.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, compareceu ao Parlamento para comentar o relatório e afirmou que os "terroristas estão usando a internet para comunicar-se entre si e não é possível aceitar que estas comunicações estejam fora do alcance das autoridades, e inclusive das próprias empresas".

Rigby, de 25 anos, foi atropelado e depois quase decapitado em plena luz do dia em uma rua de Woolwich, bairro da zona sudeste de Londres, em 23 de maio de 2013.

Os assassinos, Michael Adebolajo e Michael Adebowale, cumprem, respectivamente, penas de prisão perpétua e de 45 anos de prisão.

"O único aspecto que descobrimos que, em nossa opinião, poderia ser decisivo foi revelado apenas depois do ataque", afirma o relatório.

"Foi um diálogo na internet de dezembro de 2012 entre Adebowale e um extremista no exterior, no qual Adebowale expressou a intenção de matar um soldado do modo mais violento e dramático possível.

Se o MI5, o serviço de inteligência interno, soubesse da conversa, "há uma possibilidade significativa" de que teria conseguido evitar o assassinato.

A empresa de internet na qual foi registrado o diálogo, que não é identificada no relatório, "poderia ter feito a diferença, mas esta empresa não se sente envolvida por nenhuma obrigação para identificar tais ameaças ou comunicá-las às autoridades".

"Nos parece inaceitável: por mais que não tenham a intenção, estão proporcionando um refúgio aos terroristas", sentencia o documento.

Em uma entrevista coletiva, o deputado Malcolm Rifkind, que preside o comitê parlamentar, explicou que a empresa de internet mencionada no relatório "tem um sistema automático de análise para identificar qualquer conversa sobre um delito grave ou terrorismo", o que geralmente se traduz na suspensão da conta do cliente.

"Embora talvez tenham identificado o diálogo de Adebowale, parece que não se sentiram na obrigação de comunicá-lo às autoridades", lamentou Rifkind.

O irmão de Adebolajo criticou as conclusões e afirmou que o relatório é uma desculpa para que o governo espione mais os muçulmanos.

"Meu irmão estava sob vigilância estreita e constante, e não tinha atividades apenas na internet", afirma Jeremiah Adebolajo em um comunicado.

As conclusões, completa a nota, absolvem injustamente as forças de segurança e serão um álibi para "expandir as impopulares leis de espionagem ".

Há 25 anos, Tim Berners-Lee divulgava a proposta daquilo que daria origem à rede mundial de computadores. Em comemoração à data, o Pew Research Center (PRC) promoveu uma pesquisa na qual mais de 2.500 especialistas indicaram tendências que devem guiar a rede nos próximos 10 anos. As respostas mais comuns foram reunidas num documento. A seguir, veja o que eles acreditam que deve acontecer com a internet até 2015.
  • 2. A rede invisível

    2 /12(Dado Galdieri/Bloomberg)

  • Veja também

    Para os especialistas entrevistados pelo PRC, a internet vai ficar cada vez mais parecida com a eletricidade - que move o mundo hoje quase sem ser vista. "Não pensaremos em 'ficar online' ou 'olhar na internet' - apenas estaremos online", afirmou Joe Touch, diretor do Instituto de Ciência da University of Southern California.
  • 3. Distâncias menores

    3 /12(Getty Images)

  • Um dos efeitos que deve se intensificar ainda mais com a expansão da internet é a aproximação e a cooperação entre pesssoas de diversas partes do mundo. "Veremos mais amizades, romances, equipes e trabalhos em grupo globais", afirma Bryan Alexander, do Instituto Nacional para Tecnologia na Educação Liberal, dos EUA.

  • 4. Dados para decisão

    4 /12(Creative Commons/Flickr/Suicine)

    Outra tendência que promete se desenvolver nos próximos anos é a coleta ininterrupta de dados que, analisados, podem passar a influenciar mais nas tomadas de decisão. "Nós editaremos nosso comportamento mais rapidamente e inteligentemente", afirmou na pesquisa Patrick Tucker, autor do livro Naked Future.
  • 5. Wearables e saúde

    5 /12(Divulgação)

    Além de influenciar as decisões, a coleta constante de dados por meio de dispositivos online terá outro efeito colateral. Ela permitirá a detecção precoce da propensão a certas doeças. Nesta missão, os gadgets de computação vestível ou wearables (como o Google Glass) terão papel essencial. É esperar para ver.

  • 6. Mais protestos

    6 /12(Marcelo Camargo/Agência Brasil)

    O que hoje acontece na Ucrânia e na Venezuela será cada vez mais comum. A internet será cada vez mais uma ferramenta de mobilização social. "Podemos esperar mais e mais levantes à medida que as pessoas se tornem mais informadas e aptas a comunicar seus temores", afirmou Rui Correia, diretor da ONG Netday Namibia.
  • 7. Nações online

    7 /12(Aotearoa / Wikimedia Commons)

    Hoje, cyber-conflitos e Estado virtual parecem coisas de ficção científica. Porém, até 2025, fenômenos como esse podem virar realidade graças à internet. "O poder dos estados-nações para controlar todo homem dentro de limites geográficos pode começar a diminuir", afirmou ao PRC David Hughes, um dos pioneiros da internet.
  • 8. Redes menores

    8 /12(ANDRE VALENTIM)

    "Vai haver várias internets", afirmou ao PRC o escritor David Brin. De acordo com ele e outros especialistas, a existência de redes complementares à internet é uma tendência. Segundo o pioneiro da internet Ian Peter, o uso de canais alternativos será necessário por questões de segurança - entre outras razões.
  • 9. Privacidade = luxo

    9 /12(Getty Images)

    "Tudo - rigorosamente tudo - vai estar à venda online", afirmou ao PRC Llewellyn Kriel, editor da TopEditor International Media Services. A consequência disso é um mundo menos seguro, no qual preservar a própria privacidade pode se tornar difícil. Muitos especialistas acreditam que a internet deve seguir esta tendência.

  • 10. Ferramenta valiosa

    10 /12(Divulgação)

    Com o aumento de sua importância, a tendência é que a internet se torne cada vez mais visada por governos e empresas. "Governos vão se tornar muito mais efetivos no uso da internet como instrumento de controle político e social", afirma Paul Babbitt, professor associado da Southern Arkansas University.
  • 11. Educação

    11 /12(Mohammed Abed/AFP)

    O acesso universal ao conhecimento será o maior impacto da internet. Essa é a opinião de Hal Varian, economista que trabalha no Google. "A pessoa mais inteligente do mundo hoje pode estar atrás de um arado na Índia ou na China", afirmou ele. No futuro, esta pessoa estará conectada.
  • 12. Agora, veja o que acontece ainda em 2014

    12 /12(Getty Images)

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