Da esquerda para a direita: Manesh Patel, presidente eleito da American Heart Association; Renato Lopes, cardiologista brasileiro de maior impacto científico internacional, professor titular da Duke University e Cris Granger, um dos principais pesquisadores e autores da cardiologia nos Estados Unidos, durante evento anual da área. (TribeMD/Divulgação)
EXAME Solutions
Publicado em 23 de dezembro de 2025 às 15h31.
Última atualização em 23 de dezembro de 2025 às 16h58.
Imagine o seguinte cenário: um médico de pronto-socorro recebe um paciente com dor abdominal, febre e exames inespecíficos. Antes de definir a conduta, recorre a uma ferramenta de inteligência artificial (IA) para organizar hipóteses diagnósticas e revisar protocolos clínicos. A tecnologia acelera a tomada de decisão, mas também levanta questões: os dados inseridos estão protegidos? A ferramenta utilizada era adequada para a função? Situações como essa tornaram-se cada vez mais comuns em atendimentos médicos no Brasil e Mundo, onde soluções baseadas em inteligência artificial já integram a rotina de hospitais e consultórios nas redes pública e privada.
Nesse sentido, a TribeMD, healthtech brasileira pioneira em pesquisa e educação médica, parte de uma leitura clara do que já acontece no mercado norte-americano, onde a IA aplicada à saúde atingiu um novo nível de maturidade. Plataformas como a OpenEvidence, que integra conteúdo das principais publicações científicas do mundo, como o New England Journal of Medicine (NEJM) e o Journal of the American Medical Association (JAMA), e a Viz.ai, especializada em análise de imagens médicas com aprovação da Food and Drug Administration (FDA), revelam um padrão comum em que soluções de IA de nível médico só geram valor quando são construídas sobre dados estruturados, curadoria científica rigorosa e validação por especialistas.
Inspirada por essa mesma lógica, a TribeMD estruturou no Brasil um ecossistema que integra educação médica continuada, pesquisa aplicada, curadoria científica e desenvolvimento tecnológico para orientar o uso responsável da inteligência artificial na prática clínica. A proposta é oferecer ferramentas que funcionem como um copiloto para o médico, ampliando a capacidade de decisão clínica, fortalecendo a confiança na tecnologia e reduzindo riscos, sem substituir o julgamento profissional.
Dados da pesquisa TIC Saúde 2024 indicam que 17% dos médicos brasileiros já utilizam ferramentas de IA generativa no trabalho. O uso tende a ser fragmentado, com profissionais recorrendo a plataformas abertas e modelos generalistas, sem critérios definidos para proteção de dados ou adequação ao contexto clínico brasileiro.
Segundo o psiquiatra, diretor-médico executivo e um dos responsáveis pela área de IA dentro da TribeMD Dr. Luiz Henrique Junqueira Dieckmann,, a incorporação da inteligência artificial na saúde tem avançado mais rapidamente do que a formação técnica e ética necessária para o uso seguro.
“Hoje o médico já usa IA, mas muitas vezes sem saber de onde vêm as respostas, quais dados estão sendo expostos ou quais são os limites desse uso. No nosso grupo temos como princípio apoiar a melhor prática médica, porque, no fim, quem responde é o CRM do médico, não o algoritmo”, afirma. É a partir dessa ideia que o grupo mantém uma versão gratuita da plataforma, disponível no portal ai.tribemd.com, ampliando o acesso a ferramentas orientadas por curadoria científica e uso responsável da IA.
Para responder a esse cenário, a TribeMD organiza sua atuação a partir de um método estruturado de incorporação da inteligência artificial à prática médica. A proposta, segundo a companhia, não é lançar ferramentas isoladas, mas construir um processo gradual, compatível com a realidade regulatória, assistencial e ética da medicina brasileira. Essa atuação se desdobra em quatro frentes complementares: educação médica continuada, curadoria científica independente, pesquisa clínica e tecnologia de suporte à decisão médica.
O ecossistema do grupo reúne marcas como MDHealth, Oncologia Brasil, Hemomeeting, BCRI, Grupo BIPP, NetMD e TribeMD Academy, com atuação integrada nas áreas de formação médica, produção científica e tecnologia aplicada à saúde.
Toda essa estrutura acadêmica, de pesquisa e ensino é sustentada por um corpo médico com atuação no Brasil e no exterior. Entre os integrantes da formação e do conselho científico estão Renato Lopes, cardiologista brasileiro, professor da Duke University e integrante da lista do 1% mais influente no mundo acadêmico; Manesh Patel, presidente eleito da American Heart Association; Mike Gibson, referência internacional em cardiologia e pesquisa clínica; além de especialistas com passagem por instituições de renome e centros de pesquisa internacionais.
Nesse contexto, o AI.PRIME concentra a frente educacional voltada ao uso de sistemas de inteligência artificial. O curso é online, assíncrono e focado no uso prático da IA por profissionais da saúde, com ênfase na solução e melhoria de problemas da rotina assistencial. Além do ensino sobre ferramentas e sistemas tecnológicos, o enfoque está no desenvolvimento de capacidade crítica para aplicação responsável dessas soluções.
“O aluno não deve aprender a usar apenas uma ferramenta, ele deve ter um conhecimento para compreender as limitações e possibilidades, e escolher as melhores alternativas, até porque elas mudam frequentemente. O objetivo é melhorar sua capacidade assistencial, seja otimizando seu tempo ou obtendo insights e conhecimento”, afirma Miguel Cendoroglo, vice-presidente médico do grupo TribeMD e ex diretor médico do Hospital Albert Einstein.“O debate sobre segurança no uso de IA médica deve abranger a discussão sobre o quão instruído estão os usuários, não apenas no uso, mas nas limitações e no real funcionamento dos sistemas. Não existe IA médica segura sem profissionais com conhecimento”, afirma Luiz Gaiotto, diretor médico de tecnologia e inovação, responsável pela criação das ferramentas de IA generativa no apoio assistencial.
O conteúdo de aulas abrange desde o uso básico até a criação de ferramentas de automação, com contínua produção, atualização e revisão. Além do acesso a webinars e materiais exclusivos, o AI.PRIME libera o acesso ao MD AI Center, um conjunto de soluções voltadas à aplicação prática da inteligência artificial no cotidiano médico.
A plataforma oferece diferentes modos de uso, voltados à discussão de casos clínicos, levantamento bibliográfico, análise estruturada de papers, indicação de bibliografia a partir de cenários clínicos e um modelo que organiza a discussão de forma seriada entre especialistas médicos. Todas essas funcionalidades contam com estruturas pré-estabelecidas para mitigar alucinações e utilizam como base referências científicas provenientes de bases validadas. O sistema já está sendo utilizado por médicos no Brasil por meio do prontuário eletrônico do grupo, o TribeMD Assist.
A lógica, segundo a TribeMD, é reduzir a sobrecarga operacional e permitir maior foco na tomada de decisão clínica e na relação médico-paciente, em um ambiente marcado por altos índices de esgotamento profissional. O médico tem que estar conectado ao paciente, não ao seu computador. Ao lado do leito ou num consultório, a conexão humana é a base da medicina.
Na visão da companhia, a inteligência artificial deixará de ser opcional na medicina. A diferença, no entanto, estará menos na tecnologia em si e mais na forma como ela será incorporada à prática clínica com critérios claros, limites bem definidos e responsabilidade profissional. Sem nunca substituir algo que é insubstituível: as relações humanas.
“O problema não é usar IA. É usar sem critério, sem saber anonimizar dados ou avaliar se aquela resposta faz sentido para o paciente brasileiro. Por isso, nosso pilar central é a curadoria médica”, conclui o cardiologista e professor titular de cardiologia e head do comitê científico da TribeMD, Renato Lopes.