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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h39.
Para o economista uruguaio Alfredo Behrens, especialista em estratégia de internacionalização de empresas, o Brasil precisa mudar sua imagem no exterior para exportar produtos e serviços de tecnologia da informação. Segundo ele, futebol, samba e carnaval nada têm a ver com capacidade de produção tecnológica. "O fato de o país ser relacionado apenas a essas imagens é maior barreira à entrada de tecnologia brasileira no exterior", afirma. Acompanhe as recomendações de Behrens para neutralizar o que chama de "efeito país de origem" - eufemismo para discriminação-- em relação à tecnologia made in Brazil.
Caminhos alternativos
É possível vencer o efeito país de origem indiretamente. Um dos meios para se conseguir isso é informatizar os setores exportadores. Imagine que os assentos dos aviões da Embraer tivessem um selo escrito Brazilian Software Inside (contém software brasileiro). Ao ver o selo, parte dos executivos que viajam nesses aviões mundo afora adicionaria a informação tecnologia à imagem que fazem do Brasil. As empresas brasileiras de tecnologia deveriam estudar melhor suas estratégias. Por que não desenvolver um software que otimiza o aproveitamento de tecido na fabricação de biquíni ou de qualquer outra peça de vestuário exportada por companhias nacionais? E por que não fazer acordo com essas empresas para incluir o selo Brazilian Software Inside nas etiquetas dessas roupas? É assim que se muda uma imagem.
Publicidade do sucesso
As empresas brasileiras têm de encontrar formas eficientes de comunicação para mostrar a complexidade do Sistema de Pagamentos Brasileiro, que nenhum país do mundo tem igual até agora, dos sistemas da Receita Federal, que recebe as declarações de imposto de renda de 100% das empresas e de 95% das pessoas físicas do país, das eleições, entre outros feitos criados por empresas brasileiras de tecnologia. Esse tipo de realização não se alcança com meia dúzia de geninhos em informática. O Brasil só tem esses sistemas porque a densidade de talentos na área tecnológica é muito alta por aqui. Isso é o que os outros países em desenvolvimento não têm.
Além do marketing
É claro que não dá para mostrar essas realizações batendo de porta em porta. Além dos caminhos recomendados pelas áreas de marketing, como anúncios publicitários, participação em feiras internacionais, por exemplo, é preciso ter mais intercâmbio de profissionais. Quando um estudante brasileiro faz um curso em uma universidade americana ou européia, ele funciona como um representante do Brasil. Ele mostra o que sabe e, indiretamente, revela um pouco da cultura do país, da economia, da política. Boa parte do sucesso da Índia deve-se ao êxodo de profissionais ocorrido após a saída da IBM do país, em 1978. A pobreza de oportunidades nessa área provocou a migração de parte da mão-de-obra mais bem preparada para os Estados Unidos.
É preciso crescer
As empresas brasileiras deveriam se fundir ou fazer parcerias, pois não dá para competir no exterior com empresas pequenas. É preciso ter fôlego para investir, primeiro no reconhecimento do terreno. Ninguém compra o que não precisa, e as empresas brasileiras têm investir no entendimento das necessidades dos clientes que pretendem conquistar. Para isso tem de ter gente lá fora, perto do cliente. Sem dinheiro e organização não é possível fazer isso. Uma empresa só terceiriza serviços offshore se tiver garantias de que receberá o trabalho na qualidade e no prazo acordados. Parte da confiança é dada pelos certificados de qualidade das prestadoras de serviços. Outra parte vem com a carteira de clientes, mas a estrutura que ela tem em casa também é muito importante.