Huawei revela concorrente do iPhone X em meio a críticas nos EUA
Apesar do potencial competitivo do smartphone P20, os responsáveis pela NSA, pelo FBI e pela CIA não recomendam que cidadãos usem aparelhos da Huawei
Lucas Agrela
Publicado em 27 de março de 2018 às 14h32.
Última atualização em 28 de março de 2018 às 17h54.
A Huawei Technologies apresentou o concorrente do iPhone X, da Apple , e do Galaxy S9, da Samsung Electronics, em meio a brigas da empresa com empresas de varejo, operadoras de telefonia celular e autoridades nos EUA.
O smartphone P20, de 14,7 centímetros, conta com tela de ponta a ponta, e um modelo Pro de 15,5 centímetros também tem três lentes de câmeras na parte de trás: uma para cores, uma para fotos em preto e branco e uma projetada para close-ups. As telas de ambas as versões apresentam um “entalhe” no alto, similar ao do iPhone X e evitado nos designs mais recentes da Samsung.
A Huawei foi a terceira maior vendedora mundial de smartphones no ano passado, com 11 por cento do mercado, atrás da Samsung, com 22 por cento, e da Apple, com 15 por cento, segundo dados da IDC. A Huawei é também a única das três maiores empresas a ganhar mercado consistentemente a cada ano desde 2014, segundo a IDC.
Mas independentemente do potencial competitivo do P20, os responsáveis pela NSA (a Agência de Segurança Nacional dos EUA), pelo FBI e pela CIA recomendaram que os cidadãos americanos não usem aparelhos da Huawei. A AT&T e a Verizon Communications -- as duas principais operadoras de telefonia dos EUA -- também decidiram não vender os produtos da empresa devido à preocupação do governo. Como nos EUA a maioria dos telefones é comprada por meio das operadoras, a decisão naturalmente coloca a maior fabricante de celulares da China em desvantagem.
Ainda assim, a Huawei tem conseguido comercializar telefones nos EUA por meio de canais de vendas diretas, como a Amazon. Mas a alternativa também pode ter vida curta: a Best Buy, a maior rede de eletrônicos dos EUA, cortou laços com a empresa e planeja deixar de vender todos os seus produtos nas próximas semanas. A Huawei não pretende vender o novo modelo por meio dos demais canais restantes dos EUA.
Com isso, sobram apenas Amazon e Walmart para operar as vendas pela internet e físicas, respectivamente, disse Jia Mo, analista da Canalys em Xangai. “Esses dois canais são os principais responsáveis pela venda de aparelhos baratos e isso não favorece a imagem da marca Huawei”, disse.
Nesta semana, a Huawei recebeu mais notícias ruins quando o presidente da Comissão Federal de Comunicações dos EUA, Ajit Pai, propôs cancelar a permissão das operadoras de telefonia celular do país para usar subsídios do governo para equipamentos de telecomunicações de fabricantes com sede na China, como a Huawei.
É improvável que a proibição dos EUA tenha impacto imediato nos negócios da Huawei porque seu crescimento na região está próximo de zero e porque a empresa “tem ganhado participação global ano após ano”, disse John Butler, analista da Bloomberg Intelligence.