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Governo pressiona Apple e Samsung por venda de celulares sem carregadores

Com TAC, Governo quer que as fabricantes voltem a incluir o acessório na venda dos aparelhos. Multa pode chegar a R$ 10 milhões

Polêmica dos carregadores ganhou um novo capítulo (Thiago Lavado/Exame)

Polêmica dos carregadores ganhou um novo capítulo (Thiago Lavado/Exame)

RL

Rodrigo Loureiro

Publicado em 24 de abril de 2021 às 07h00.

O governo brasileiro está pressionando Apple e Samsung pela decisão das empresas de não vender mais alguns smartphones com os carregadores inclusos nas caixas. As operações brasileiras das duas companhias foram notificadas na última quinta-feira pelo Ministério da Justiça e, se não mudarem suas políticas correm o risco de pagar multas de até 10 milhões de reais.

A notificação, emitida por um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), vem após o Ministério da Justiça questionar as mudanças realizadas nas vendas. Do lado do governo, há o entendimento de que o consumidor está sendo lesado com a política, já que precisará desembolsar um valor adicional para comprar um item considerado essencial para o funcionamento do smartphone.

Em nota, a Samsung confirmou o recebimento da TAC no dia 22 abril e informou que irá responder ao órgão competente. A empresa diz que “disponibiliza, de forma gratuita, desde o dia 10 de fevereiro, um adaptador de tomada para todos os consumidores que adquirirem qualquer um dos produtos da linha Galaxy S21 no Brasil”. Segundo a Samsung, a ação vai até o dia 30 abril, mas poderá ser prorrogada e que isso está em análise.

Procurada, a Apple informou que não irá se manifestar sobre o assunto.

A polêmica

A venda de celulares sem o carregador foi uma iniciativa da Apple com o lançamento do iPhone 12. A companhia da maçã justifica que ao optar por não incluir o acessório (e nem os fones de ouvido), é possível utilizar caixas menores, o que permite enviar mais aparelhos em contêineres e, assim, diminuir a emissão de gases poluentes no processo logístico.

Outra justificativa seria o fato de que muitos usuários do iPhone apenas estão renovando seus aparelhos escolhendo modelos mais novos. Desta forma, eles já possuem os carregadores e os fones de ouvido e a inclusão desses acessórios seria desnecessária e poderia acarretar num aumento do lixo de materiais eletrônicos. O Procon não entendeu desta forma.

As justificativas ambientais, entretanto, não livraram a empresa de críticas dos consumidores, que defendem que a fabricante apenas quer lucrar com a venda dos acessórios – que são exclusivos dos aparelhos da Apple e possuem preços elevados, principalmente no mercado brasileiro. Um carregador de 20W custa 199 reais na loja oficial da empresa, enquanto o modelo de 30W (mais potente) sai por 349 reais.

Em um primeiro momento, rivais da Apple aproveitaram as críticas para tirar sarro da empresa em suas propagandas oficiais. Samsung, Xiaomi e Motorola aproveitaram a ocasião para enaltecer seus próprios modelos – que até então eram vendidos com os carregadores inclusos. Com o tempo, porém, as rivais da empresa da maçã começaram a adotar a mesma estratégia.

Em janeiro deste ano, a Samsung lançou o modelo Galaxy S21 sem o acessório e sem o fone de ouvido padrão, além da falta de um adaptador para permitir que o cabo se encaixe em carregadores com entrada USB (e não USB tipo-C). O modelo custa a partir de 5.999 reais. Para comprar os dois itens é preciso desembolsar mais 149 reais pelo carregador de 25W e 156 reais pelo fone de ouvido modelo AKG com entrada USB tipo-C.

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