Tecnologia

Facebook ganha concorrente muçulmano no Paquistão

Serviço, criado após o Facebook ser bloqueado pelo governo paquistanês por blasfêmia, já atraiu mais de 260 mil usuários em 2 semanas

Tela de entrada do MillatFacebook, a "rede social muçulmana" (Reprodução)

Tela de entrada do MillatFacebook, a "rede social muçulmana" (Reprodução)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de junho de 2010 às 16h07.

Islamabad, Paquistão - Um grupo formado por advogados muçulmanos e especialistas em informática lançou no Paquistão a MillatFaceBook (MFB), uma rede social criada para concorrer com o "blasfemo" Facebook.

Em apenas duas semanas, a MFB atraiu mais de 260 mil usuários. O novo serviço surgiu dias depois de o Governo paquistanês ordenar em maio o bloqueio temporário do Facebook por determinação de um tribunal - uma página da rede social promovia um concurso de caricaturas do profeta Maomé.

Membros do Fórum de Advogados Islâmicos paquistanês, com sede na cidade de Lahore, não se conformaram com apresentar o recurso que levou à proibição do Facebook - já suspensa - e uniram sua causa a uma empresa informática. Assim, em 25 de maio, o MillatFacebook foi lançado.

"Tudo começou como um protesto contra o Facebook por causa das caricaturas. Violaram os sentimentos de muitos muçulmanos. Portanto, criamos a MFB em apenas três dias, trabalhando dia e noite", explicou à Agência Efe Omar Zahir Mir, técnico da Global IT Vision, a empresa que levou a iniciativa adiante.

Mir se mostrou convencido de que o portal, com 265.135 usuários registrados, 1.444 blogs pessoais e 35.365 fotografias, segundo seus dados, vai se consolidar como concorrente do Facebook no Paquistão, capaz de oferecer "melhores conteúdos e serviços com o passar do tempo".

"O requisito básico é que haja liberdade de expressão, mas com respeito. A liberdade consiste também em respeitar os valores das pessoas, por que isso não acontece quando se trata do mundo muçulmano?", disse Mir, ao ressaltar que a MFB é "uma plataforma não só para muçulmanos, mas para todas as pessoas decentes".


Com um 'header' na cor verde característica do Islã e letras em tons brancos e azuis, de tipografia idêntica ao site "blasfemo", a MFB se apresenta ao internauta como a plataforma "que ajuda a conectar e compartilhar com mais de 1,57 bilhão de muçulmanos e pessoas de outras religiões".

A MFB oferece serviços como blogs pessoais, mensagem instantânea, videoconferência, boletins, pesquisas de opinião e permite a postagem de fotografias e vídeos, além de possibilitar ao usuário criar o estilo de sua página.

"Não é uma história efêmera e não somos um clone do Facebook. Pode ser parecido, mas é diferente", assegurou Mir.

Entre constantes saudações islâmicas e bênçãos a Alá, muitos dos usuários agradecem pelo surgimento da nova rede, chamada por alguns de "Peacebook" ("livro da paz", em tradução livre), enquanto outros pedem aos administradores para que melhorem as funções existentes.

Mir garantiu que a organização estabeleceu sistemas de filtragem de conteúdo e que, no caso de queixas por conteúdo "desrespeitoso", a página em questão será bloqueada.

Segundo o site Alexa, que fornece informações sobre páginas da web, a MFB está entre as 25 mil páginas mais visitadas do mundo, mas ainda está muito longe do Facebook, que é muito popular também no Paquistão, onde ocupa a quinta posição entre os mais visitados.

A proibição do Facebook no Paquistão, suspensa em 31 de maio, veio acompanhada pelo bloqueio por ordem do Governo paquistanês de centenas de portais que divulgavam conteúdos ofensivos ao Islã. Nos últimos dias, entretanto, o acesso a muitos deles foi restabelecido.

Os muçulmanos consideram blasfema a representação do profeta Maomé, proibida pelo Islã, e fiéis de todo o mundo protestaram contra as caricaturas que apareceram publicadas em jornais da Europa em 2006.


Acompanhe tudo sobre:EmpresasEmpresas americanasEmpresas de internetempresas-de-tecnologiaFacebookInternetLegislaçãoRedes sociais

Mais de Tecnologia

Qualcomm vence disputa judicial contra Arm e poderá usar licenciamentos da Nuvia

China constrói 1.200 fábricas inteligentes avançadas e instala mais de 4 milhões de estações base 5G

Lilium, de aviões elétricos, encerra operações após falência e demissão de 1.000 funcionários

Google cortou 10% dos cargos executivos ao longo dos anos, diz site