Exploração do fundo do mar alarma cientistas
Além do esgotamento dos recursos pesqueiros, os ecossistemas dos fundos marinhos estão ameaçados pela exploração de minerais
Da Redação
Publicado em 17 de fevereiro de 2014 às 19h32.
Chicago - Cientistas americanos pediram uma cooperação internacional para preservar os ecossistemas do fundo do mar, cujas riquezas minerais e pesqueiras são cobiçadas pela indústria internacional.
"Estes ecossistemas cobrem mais da metade da Terra e, levando-se em conta sua importância para a saúde do nosso planeta, é imprescindível preservar sua integridade", afirmou no domingo a diretora do Centro de Biodiversidade Marinha e Conservação do Instituto Scripps de Oceanografia em San Diego (Califórnia, oeste dos Estados Unidos), Lisa Levin.
"A industrialização que dominou o século XX em terra se tornou uma realidade nas grandes profundezas marinhas", advertiu Lisa, durante sua apresentação na conferência anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês), celebrada neste fim de semana em Chicago (norte).
Com a duplicação da população mundial nos últimos 50 anos, a demanda por produtos alimentícios, de energia e de matérias-primas procedentes do oceano aumentou consideravelmente.
"Na medida em que esgotamos as reservas de peixes ao longo da costa, a indústria pesqueira está se voltando para as águas profundas", prosseguiu a bióloga.
Além do esgotamento dos recursos pesqueiros, os ecossistemas dos fundos marinhos estão ameaçados pela exploração de minerais como o níquel, o cobalto, o manganês e o cobre, afirmou, destacando que a exploração de combustíveis costuma ser realizada a mais de mil metros de profundidade.
Quadruplicar em 50 anos a demanda de energia já se traduziu na instalação de duas mil plataformas de petróleo em alto-mar.
Enormes avanços na robótica
O setor minerador explora as profundezas marinhas em busca de minerais e terras raras essenciais para a eletrônica - de telefones celulares a baterias para carros híbridos.
Segundo a pesquisadora, "já são vendidas concessões em vastas áreas de grandes profundidades oceânicas para extrair os recursos necessários à nossa avançada economia".
Diante desta situação, ela pediu "uma cooperação internacional e a criação de uma entidade capaz de estabelecer uma governança para a gestão destes recursos".
Para a diretora do Laboratório Marinho da Universidade de Duke (Carolina do norte, sudeste), Cindy Lee Van Dover, "é imprescindível trabalhar com a indústria e os organismos de governança para implementar regulações ambientais progressivas e apoiadas na ciência antes de empreender estas atividades".
"Em 100 anos, queremos que se diga que fizemos o que era certo", acrescentou.
"A exploração mineradora dos grandes fundos marinhos não pertence mais à ficção científica. Todos esses recursos de mineração existem... E temos feito avanços significativos na robótica que proporcionam um acesso sem precedentes" a eles, afirmou a cientista.
"Caberia perguntar se o valor do que se extrai é maior do que o dano ao ecossistema", argumentou o diretor do programa sobre Políticas Oceânicas e Costeiras da Universidade de Duke, Linwood Pendleton.
Outras questões pendentes, segundo o pesquisador, passam por "como reparar os consideráveis danos já causados pela pesca de arrasto, a contaminação e outras atividades".
"Devemos responder a essas questões científicas antes que se iniciem atividades industriais", advertiu, destacando que os fundos marinhos alojam uma diversidade genética quase infinita e representam, portanto, uma fonte potencial de novos materiais e medicamentos.
Chicago - Cientistas americanos pediram uma cooperação internacional para preservar os ecossistemas do fundo do mar, cujas riquezas minerais e pesqueiras são cobiçadas pela indústria internacional.
"Estes ecossistemas cobrem mais da metade da Terra e, levando-se em conta sua importância para a saúde do nosso planeta, é imprescindível preservar sua integridade", afirmou no domingo a diretora do Centro de Biodiversidade Marinha e Conservação do Instituto Scripps de Oceanografia em San Diego (Califórnia, oeste dos Estados Unidos), Lisa Levin.
"A industrialização que dominou o século XX em terra se tornou uma realidade nas grandes profundezas marinhas", advertiu Lisa, durante sua apresentação na conferência anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês), celebrada neste fim de semana em Chicago (norte).
Com a duplicação da população mundial nos últimos 50 anos, a demanda por produtos alimentícios, de energia e de matérias-primas procedentes do oceano aumentou consideravelmente.
"Na medida em que esgotamos as reservas de peixes ao longo da costa, a indústria pesqueira está se voltando para as águas profundas", prosseguiu a bióloga.
Além do esgotamento dos recursos pesqueiros, os ecossistemas dos fundos marinhos estão ameaçados pela exploração de minerais como o níquel, o cobalto, o manganês e o cobre, afirmou, destacando que a exploração de combustíveis costuma ser realizada a mais de mil metros de profundidade.
Quadruplicar em 50 anos a demanda de energia já se traduziu na instalação de duas mil plataformas de petróleo em alto-mar.
Enormes avanços na robótica
O setor minerador explora as profundezas marinhas em busca de minerais e terras raras essenciais para a eletrônica - de telefones celulares a baterias para carros híbridos.
Segundo a pesquisadora, "já são vendidas concessões em vastas áreas de grandes profundidades oceânicas para extrair os recursos necessários à nossa avançada economia".
Diante desta situação, ela pediu "uma cooperação internacional e a criação de uma entidade capaz de estabelecer uma governança para a gestão destes recursos".
Para a diretora do Laboratório Marinho da Universidade de Duke (Carolina do norte, sudeste), Cindy Lee Van Dover, "é imprescindível trabalhar com a indústria e os organismos de governança para implementar regulações ambientais progressivas e apoiadas na ciência antes de empreender estas atividades".
"Em 100 anos, queremos que se diga que fizemos o que era certo", acrescentou.
"A exploração mineradora dos grandes fundos marinhos não pertence mais à ficção científica. Todos esses recursos de mineração existem... E temos feito avanços significativos na robótica que proporcionam um acesso sem precedentes" a eles, afirmou a cientista.
"Caberia perguntar se o valor do que se extrai é maior do que o dano ao ecossistema", argumentou o diretor do programa sobre Políticas Oceânicas e Costeiras da Universidade de Duke, Linwood Pendleton.
Outras questões pendentes, segundo o pesquisador, passam por "como reparar os consideráveis danos já causados pela pesca de arrasto, a contaminação e outras atividades".
"Devemos responder a essas questões científicas antes que se iniciem atividades industriais", advertiu, destacando que os fundos marinhos alojam uma diversidade genética quase infinita e representam, portanto, uma fonte potencial de novos materiais e medicamentos.