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Estudo aponta risco de "epidemia" de câncer na AL

Crescente prosperidade da região tem como efeito colateral um aumento nos casos de câncer, a menos que os governos adotem urgentes medidas preventivas, diz estudo


	Embora a incidência de câncer entre latino-americanos seja inferior à de residentes nos Estados Unidos, eles têm quase o dobro de chance de morrer da doença, segundo o estudo
 (Samantha Celera / Flickr)

Embora a incidência de câncer entre latino-americanos seja inferior à de residentes nos Estados Unidos, eles têm quase o dobro de chance de morrer da doença, segundo o estudo (Samantha Celera / Flickr)

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Da Redação

Publicado em 26 de abril de 2013 às 19h07.

São Paulo - A crescente prosperidade da América Latina tem como efeito colateral um aumento nos casos de câncer que ameaça afetar a região, a menos que os governos adotem urgentes medidas preventivas, segundo um estudo publicado nesta sexta-feira.

Uma equipe multinacional de pesquisadores concluiu que o atual estágio da prevenção e tratamento do câncer na América Latina é incompatível com as mudanças socioeconômicas que acontecem na região, onde uma população cada vez mais urbana enfrenta um crescente risco associado ao seu novo estilo de vida.

Em artigo na revista médica The Lancet Oncology, os pesquisadores disseram que os latino-americanos estão se beneficiando da prosperidade econômica, mas levando vidas mais longas e mais sedentárias, o que está acompanhado por um aumento no consumo do álcool, tabagismo e obesidade.

Isso leva não só a um aumento na incidência do câncer, com um aumento previsto de 33 % na região até 2020, mas também a um número desproporcionalmente elevado de mortes por câncer.

"Se nenhuma ação corretiva for tomada, esse problema atingirá ordens de magnitude maiores do que as atuais, isso irá criar um enorme sofrimento humano, e irá ameaçar as economias da região", disse Paul Goss, professor da Escola de Medicina de Harvard e coordenador do estudo, durante evento nesta sexta-feira em São Paulo.

Embora a incidência de câncer entre latino-americanos seja inferior à de residentes nos Estados Unidos, eles têm quase o dobro de chance de morrer da doença, segundo o estudo.

Isso se deve em grande parte à forma como o câncer é tratado na América Latina. Mais de metade dos habitantes da região tem pouca ou nenhuma cobertura por planos de saúde, e relativamente poucos esforços de saúde pública estão focados na medicina preventiva.

Por isso, a maioria dos pacientes só busca tratamento em estágios avançados da doença. Essa abordagem é menos eficiente e também, com frequência, caríssima, drenando os já escassos recursos públicos, segundo o estudo.


Embora os pesquisadores que falaram no evento desta sexta-feira tenham admitido a dificuldade em implementar reformas rápidas nas políticas de saúde, eles pediram aos governos que iniciem soluções de curto prazo, como a elevação dos impostos sobre cigarros e a distribuição de fogareiros menos poluentes a famílias pobres.

O custo total do câncer nos países da América Latina é atualmente de 4 bilhões de dólares por ano, e isso deve crescer fortemente, segundo o estudo.

"Se não colocarmos essas coisas na pauta agora, não estaremos preparados para lidar com isso em 10 a 15 anos", disse Carlos Barrios, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. "(Até lá) os custos deverão estar exorbitantes."

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