ESPN lança serviço no "estilo Netflix" para amantes de esportes
Com o lançamento do ESPN Plus, a rede esportiva começa a explorar o território de assinatura por streaming nos moldes da Netflix
Da Redação
Publicado em 15 de maio de 2018 às 16h04.
Última atualização em 17 de maio de 2018 às 16h57.
Quando Russell Wolff, vice-presidente executivo da ESPN , tirou seu cartão de visitas da sua pasta, via-se, com clareza, a missão da empresa estampada no papel: “Servir fãs de esportes. A qualquer hora. Em qualquer lugar”. O gesto não foi à toa. A empreitada da empresa de entretenimento esportivo: o serviço ESPN Plus, que segue as bases do modelo de negócios que ficou famoso pelas mãos da Netflix , mas com foco no público amante de esportes. A estratégia inicial é agressiva: por US$ 4,99 (a Netflix, por exemplo, começa em US$ 7,99) é possível ter acesso a eventos esportivos com transmissão ao vivo, séries documentais esportivas e até mesmo cobertura de ligas universitárias americanas. O lançamento, por ora, está disponível somente nos Estados Unidos.
A mensagem do cartão reflete bem a estratégia da ESPN, que quer permitir que os aficionados por esportes possam assistir ao conteúdo da rede “em uma TV de 60 polegadas, no computador de 27 polegadas ou pelo smartphone ou tablet”, diz Wolff. A empresa conta com um leque de produtos que usam a tecnologia de streaming de vídeo na internet. Desde o ESPN Play, que disponibiliza conteúdo para assinantes de provedores de internet banda larga, até o WatchESPN, app que faz transmissão ao vivo dos canais também para assinantes, mas pela internet e não pela TV—ambos produtos estão disponíveis aqui no Brasil.
É por isso que Wolff, quando questionado se o esporte é a próxima fronteira para o streaming, não teve dúvidas antes de responder que não. “Trabalhamos com isso há quase uma década, com transmissão de nossos canais por meio de streaming autenticado”, responde o executivo. No sentido estrito do termo, o streaming pode não ser uma novidade para a ESPN. Mas o terreno no qual se aventura agora com o ESPN Plus é muito diferente. “Esse lançamento é um contato com o consumidor sem intermediários. E essa parte é nova para nós.”
O produto chega em um momento delicado. Desde 2011, a rede ESPN tem tido números pouco expressivos na audiência. Para Wolff, o lançamento do serviço ESPN Plus não deve acentuar esse cenário, retirando audiência e consumidores do negócio da televisão. Com ESPN Plus, a rede mira em clientes que querem mais conteúdo, complementando a grade televisiva. O foco no nicho, portanto, não deve canibalizar um mercado no qual a empresa tradicionalmente atua. A ideia é gerar renda a partir do interesse dos aficionados pelo esporte. São as pessoas que Wolff chama de “fãs desassistidos do esporte”.
Por conta disso, não espere uma oferta de conteúdo similar ao que está na televisão. Por ora, jogos ao vivo das ligas esportivas mais populares dos Estados Unidos, como a liga de basquete NBA ou a liga de futebol americano NFL, não darão as caras por lá. Por outro lado, o app trará aos consumidores jogos de baseball e hockey. Esportes universitários e outras modalidades com menos apelo, como golfe e boxe, terão espaço cativo dentro do ESPN Plus. Wolff resume que o apelo será para “consumidores que querem mais” do que já têm com o acesso de uma assinatura de TV regular dos canais ESPN.
O lançamento ainda tem importância dentro de um cenário maior. O ESPN Plus é o primeiro esforço da Disney, uma das donas da rede esportiva, dentro do mercado de streaming com relação direta com o consumidor. O lançamento é o primeiro indício de como a gigante do entretenimento pretende trabalhar a distribuição de conteúdo diretamente aos seus consumidores.
A data de lançamento do produto de streaming da Disney deve ser em algum momento do fim de 2019. A oferta será de conteúdo produzido pela Disney, além de outros feitos pelos estúdios Pixar, Marvel e filmes e séries da franquia Star Wars. Mas como a ESPN se encaixaria nesse cenário, serviria como um hub de esportes dentro de um produto maior da Disney? Quanto a isso, Wolff não dá pistas. “No momento, a Disney trabalha em seu serviço e as ideias ainda estão sendo colocadas sobre a mesa. Então não há nada que possamos comentar por ora.”