Publicação mostra processo de urbanização no Brasil Colonial
Estudo analisa o processo de criação urbana na capitania de São Paulo utilizando como base documentos e imagens do período colonial
Da Redação
Publicado em 25 de julho de 2013 às 11h10.
São Paulo - Um documento escrito na capitania de São Paulo no início da década de 1770, época em que a Coroa Portuguesa propunha uma ampla reorganização de todo o território a sudoeste da Colônia, recomendava agir com “método e arte”.
A recomendação, título de obra lançada por Maria Fernanda Derntl, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília, remete à tentativa da metrópole de organizar modos de conduzir a expansão urbana, enquanto experiências e circunstâncias locais exigiam constantes arranjos e adaptações.
Em meados do século 18, o processo de demarcação de fronteiras do território brasileiro estava em curso e era preciso mapear, defender e povoar novas áreas. A capitania de São Paulo, objeto de estudo de Derntl durante doutorado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, com Bolsa da FAPESP, também passou por transformações importantes, com uma crescente presença da administração portuguesa na modificação de seus espaços.
O resultado foi um movimento intenso de fundação de vilas e povoações a partir de 1765, processo que desencadeou uma série de problemas analisados pela autora – como a fixação de núcleos urbanos em uma sociedade marcada por deslocamentos constantes e a instalação de vilas estáveis onde antes havia somente aglomerados mais frágeis (pousos ao longo dos caminhos, aldeamentos de índios, sítios rurais e povoados litorâneos).
Com isso, apesar de a metrópole ter renovado as diretrizes geopolíticas de seus territórios, os administradores locais tinham de lidar com práticas sociais, tensões, contradições, negociações, alianças e concessões.
Derntl buscou estabelecer, com base em documentos escritos (cartas régias, atas de fundação e cartas de membros da administração portuguesa) e imagens (mapas, plantas e desenhos), correlações entre determinações e demandas de cada situação, abordando a política urbanizadora como uma “ação desenvolvida num contexto de conflitos mais do que como produto de um projeto predelineado por autoridades metropolitanas ou alheio a realidades do lugar”.
O livro tem três abordagens principais. Na primeira delas, a autora trata do movimento de urbanização no reino e em regiões luso-americanas, de modo a situar a capitania de São Paulo dentro de um movimento mais amplo de urbanização.
Na segunda, Derntl salienta os problemas que condicionaram a expansão urbana na capitania, em especial durante a administração de Morgado de Mateus (1765-1775).
Na terceira abordagem, a ênfase está no processo de implantação de núcleos urbanos na capitania de São Paulo, com o recrutamento de povoadores, a busca de sítios e a definição de traçados.
Método e arte – Urbanização e formação territorial na capitania de São Paulo, 1765-1811
Autor: Maria Fernanda Derntl
Lançamento: 2013
Preço: R$ 54
Páginas: 276
Mais informações no site
São Paulo - Um documento escrito na capitania de São Paulo no início da década de 1770, época em que a Coroa Portuguesa propunha uma ampla reorganização de todo o território a sudoeste da Colônia, recomendava agir com “método e arte”.
A recomendação, título de obra lançada por Maria Fernanda Derntl, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília, remete à tentativa da metrópole de organizar modos de conduzir a expansão urbana, enquanto experiências e circunstâncias locais exigiam constantes arranjos e adaptações.
Em meados do século 18, o processo de demarcação de fronteiras do território brasileiro estava em curso e era preciso mapear, defender e povoar novas áreas. A capitania de São Paulo, objeto de estudo de Derntl durante doutorado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, com Bolsa da FAPESP, também passou por transformações importantes, com uma crescente presença da administração portuguesa na modificação de seus espaços.
O resultado foi um movimento intenso de fundação de vilas e povoações a partir de 1765, processo que desencadeou uma série de problemas analisados pela autora – como a fixação de núcleos urbanos em uma sociedade marcada por deslocamentos constantes e a instalação de vilas estáveis onde antes havia somente aglomerados mais frágeis (pousos ao longo dos caminhos, aldeamentos de índios, sítios rurais e povoados litorâneos).
Com isso, apesar de a metrópole ter renovado as diretrizes geopolíticas de seus territórios, os administradores locais tinham de lidar com práticas sociais, tensões, contradições, negociações, alianças e concessões.
Derntl buscou estabelecer, com base em documentos escritos (cartas régias, atas de fundação e cartas de membros da administração portuguesa) e imagens (mapas, plantas e desenhos), correlações entre determinações e demandas de cada situação, abordando a política urbanizadora como uma “ação desenvolvida num contexto de conflitos mais do que como produto de um projeto predelineado por autoridades metropolitanas ou alheio a realidades do lugar”.
O livro tem três abordagens principais. Na primeira delas, a autora trata do movimento de urbanização no reino e em regiões luso-americanas, de modo a situar a capitania de São Paulo dentro de um movimento mais amplo de urbanização.
Na segunda, Derntl salienta os problemas que condicionaram a expansão urbana na capitania, em especial durante a administração de Morgado de Mateus (1765-1775).
Na terceira abordagem, a ênfase está no processo de implantação de núcleos urbanos na capitania de São Paulo, com o recrutamento de povoadores, a busca de sítios e a definição de traçados.
Método e arte – Urbanização e formação territorial na capitania de São Paulo, 1765-1811
Autor: Maria Fernanda Derntl
Lançamento: 2013
Preço: R$ 54
Páginas: 276
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