EXAME.com (EXAME.com)
Maurício Grego
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h20.
Uma semana tem 168 horas, mas poucos micros são usados mais de 48 horas em sete dias. Por que não aproveitar as outras 120 horas para alguma tarefa útil? Essa idéia, em gestação desde os anos 80, está tomando forma mais ampla. Uma nova geração de softwares de processamento distribuído promete identificar micros ociosos nas redes e entregar tarefas a eles. O usuário de um PC comum poderá ter acesso à capacidade de um supercomputador. Bastará ocupar o tempo ocioso de outras máquinas. Até agora, o caso do Seti@home (setiathome.ssl. berkeley.edu) é o mais bem-sucedido em processamento distribuído. Milhões de pessoas rodam o protetor de tela desse projeto, que analisa sinais de um radiotelescópio em busca de indícios de vida extraterrestre. Em setembro, o Seti@home atingiu 1 zettaflop, um poder de processamento capaz de dar inveja em supercomputadores.
Há vários grupos trabalhando em sistemas mais complexos que esse, conhecidos como grids. São redes que integram servidores, micros e instrumentos científicos, como telescópios. O objetivo é criar o grid mundial, uma rede que eliminará barreiras geográficas no acesso a recursos computacionais. Empresas e indivíduos vão poder vender, trocar ou adquirir tempo de processamento de acordo com suas necessidades.
Há várias dificuldades nisso, como gerenciar os recursos disponíveis e controlar o acesso ao sistema. É preciso garantir que Osama bin Laden não rode programas num computador do Pentágono, por exemplo. Por causa dessas barreiras, o que existe são redes menores, em organizações como a Nasa e o Cern, o laboratório onde nasceu a web.
A IBM e a Sun têm trabalhado para surfar nessa onda. A Sun comprou a empresa Gridware e distribui um kit para a montagem de grids com seus computadores. A IBM, que entrou na área em agosto, fechou contratos para montar dois grids, um na Inglaterra e outro na Holanda. Por enquanto, os projetos concentram-se no mundo científico. Mas a web também começou assim.