A exemplo do Covisint -- megaportal da indústria automobilística criado pela Ford, GM e Daimler-Crysler em 2000 --, a Transora ainda se esforça para botar todo seu aparato para funcionar. O extenso cardápio de aplicações, que inclui desenvolvimento virtual de produtos entre várias empresas, ainda não foi concluído. Os números são ainda mais tímidos: o faturamento da empresa foi de cerca de 1 milhão de dólares, desde o início da operação, em março de 2001. No Brasil, a empresa começou a funcionar em novembro passado com leilões online e até agora faturou 180 mil reais. "Começamos a ter receita no último trimestre, depois de um longo inverno sem fecharmos com nenhum cliente, por causa da confusão causada pelo debacle da Nasdaq e pela falência em massa das ponto-com", diz a americana Judith Sprieser, presidente da empresa. Segundo ela, neste ano a Transora conseguirá empatar a receita com os custos operacionais -- algo como 30 milhões de dólares.

Apesar das cifras irrisórias -- se comparadas ao investimento (250 milhões de dólares) para criar a empresa --, Sprieser afirma que tudo corre em seu curso normal. "Não somos uma ponto-com que nasceu de uma idéia de fazer dinheiro rápido, lançando ações na bolsa", disse a EXAME, durante visita recente ao Brasil. "Estamos resolvendo um problema para a indústria de bens de consumo."

Sprieser, de 48 anos, é uma das executivas americanas mais respeitadas da atualidade. Foi destacada para presidir a Transora após 13 anos de trabalho na americana Sara Lee -- um conglomerado que reúne, no Brasil, empresas que vão do Café Pilão às meias Kendall --, onde era a responsável mundial pela divisão de alimentos. "As transações eletrônicas são um caminho sem volta e fazem parte da realidade", diz ela. "Uma empresa como a nossa precisa de planejamento e tecnologia consistente, bem arquitetada. Isso requer tempo, dinheiro e gente competente, como em qualquer negócio que pretenda ser duradouro."