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De olho na Huawei, AMD pode comprar rival americana por US$ 30 bilhões

Negócio que pode ser concluído na próxima semana envolve a aquisição da empresa Xilinx, que também fabrica semicondutores

Lisa Su: executiva comanda a AMD, que já vale quase 100 bilhões de dólares (Bloomberg/Getty Images)

Lisa Su: executiva comanda a AMD, que já vale quase 100 bilhões de dólares (Bloomberg/Getty Images)

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Rodrigo Loureiro

Publicado em 9 de outubro de 2020 às 16h05.

Última atualização em 9 de outubro de 2020 às 16h16.

Gigante no mercado de computadores, a americana AMD está prestes a desembolsar mais de 30 bilhões de dólares na aquisição da Xilinx Inc., que também fabrica chips de processamento, tem clientes como a Huawei e é considerada uma rival no setor. De acordo com o The Wall Street Journal, o negócio está em fase de negociação avançada.

A expectativa é que o negócio seja concluído já na próxima semana. Toda a negociação deverá ainda passar pelo crivo de órgãos reguladores americanos. Recentemente, vale lembrar, uma comissão da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos divulgou um relatório devastador acusando a Amazon, Google, Apple e Facebook de criarem monopólios e serem anticompetitivas.

O mercado está respondendo bem aos rumores. As ações da Xilinx negociadas na Nasdaq já operam com alta de 13,7% no momento da publicação desta reportagem. A alta no valor dos papéis na bolsa de valores americana chegou a ser de quase 20% ao longo do dia. A empresa está avaliada em cerca de 25 bilhões de dólares.

Do lado da AMD, a percepção é contrária. No pregão desta sexta-feira, 9, as ações da Advanced Micro Devices na Nasdaq recuavam quase 4%, diminuindo o valor de mercado da companhia para algo próximo de 97,6 bilhões de dólares. Mesmo assim, este valor é quase o dobro do registrado no começo deste ano, quando a companhia foi avaliada em 53,6 bilhões de dólares.

Esse aumento no valor de mercado tem muita relação com o crescimento dos negócios da AMD impulsionados pela pandemia do novo coronavírus. No segundo trimestre deste ano, a receita da empresa aumentou 26% e fechou em 1,9 bilhão de dólares. O lucro líquido ficou em 157 milhões de dólares. Para os próximos trimestres, a empresa mira rivalizar ainda mais com a Intel.

O valor de 30 bilhões de dólares, acima do que a Xilinx vale atualmente, tem relação com um prêmio dado aos acionistas pela venda. É uma prática comum no mercado.

AMD é uma das maiores fabricantes de chips de processamento no planeta. Fundada em 1969, a companhia tem sede em Santa Clara, na Califórnia, e é comandada pela executiva Lisa Su. A empresa atua no desenvolvimento de processadores para computadores de mesa, notebooks e também para videogames como Xbox e PlayStation.

Já a Xilinx, que tem sede em San Jose, também na Califórnia, foi fundada em 1984 e é comandada pelo executivo Victor Peng. A empresa atua principalmente na produção de chips para dispositivos de comunicação wireless, além de operar com datacenters e processadores para carros. A chinesa Huawei é uma das principais clientes, responsável por cerca de 8% do faturamento da fabricante.

O interesse da Huawei na Xilinx é porque a empresa detém uma tecnologia chamada de matrizes de portas programáveis em campo (FPGA, na sigla em inglês) que é útil para fornecer a conexão de dispositivos móveis com redes de internet 5G. A tecnologia também é comumente utilizada para projetos militares que envolvem o desenvolvimento de radares.

Este pode ser o grande acordo comercial do ano. Conforme lembra o The Wall Street Journal, a pandemia do novo coronavírus causou uma queda de 18% e 40% no respectivo volume de fusões e aquisições nos Estados Unidos neste ano. Em outros negócios recentes nos EUA, a Microsoft adquiriu o controle do estúdio de jogos Bethesda e o Napster foi comprado por uma startup britânica por menos de 100 milhões de dólares.

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