Conteúdo digital dobra a cada dois anos no mundo
Se todo conteúdo digital do mundo fosse armazenado em iPads, eles formariam uma pilha com altura igual a dois terços da distância entre a Terra e a Lua
Maurício Grego
Publicado em 9 de abril de 2014 às 17h58.
São Paulo -- Imagine uma pilha de iPads com altura igual a dois terços da distância entre a Terra e a Lua. É o que teríamos se todo o conteúdo digital do planeta -- filmes, livros, músicas, documentos e dados computacionais -- fosse armazenado nesses tablets .
Esse dado faz parte de um estudo elaborado pela IDC para a EMC. Em 2020, prevê o estudo, essa pilha imaginária de tablets vai atingir 6,6 vezes a distância entre a Terra e a Lua (considerando-se que cada tablet armazena 128 gigabytes).
A IDC afirma que o universo digital está dobrando a cada dois anos. Em 2013, eram 4,4 trilhões de gigabytes no planeta. Esse número deve crescer para 44 trilhões de gigabytes até 2020; ou seja, vai se multiplicar por dez.
No Brasil, o volume de dados deve ir de 212 bilhões de gigabytes em 2013 para 1.600 bilhões de gigabytes em 2020. Isso representa crescimento de 7,5 vezes. Esses números passam a impressão de que o crescimento do universo digital é mais lento no Brasil que no resto do mundo.
Mas a IDC diz que não é bem assim. Segundo a empresa, em 2013, vendas aquecidas de equipamentos de armazenamento inflaram os números no país, o que distorce um pouco o cenário.
“Quando se considera a evolução ano a ano, percebe-se que a parcela dos dados correspondente ao Brasil vai aumentar de 3% para 4% até 2020”, disse, a EXAME.com, Pietro Delai, gerente de pesquisa e consultoria corporativa da IDC Brasil.
Segundo o estudo, 60% dos dados do planeta estão nos países mais desenvolvidos. Mas a proporção deve se inverter com o tempo. Em 2020, 60% dos dados estarão em países emergentes como Brasil, China, Índia e México.
A IDC estima que, do total de dados no mundo, apenas 22% contêm informação útil. E apenas 5% foram analisados e utilizados de alguma forma. Esses percentuais sugerem que há muito espaço para o crescimento da análise de big data no planeta.
Também sugerem que há muitos bytes inúteis sendo produzidos e armazenados. Mas a IDC diz que o nível de ruído deve baixar com o tempo. Em 2020, 35% dos dados serão úteis de alguma forma.
Outra tendência apontada pelo estudo é o crescimento da chamada internet das coisas, a comunicação de máquina a máquina, sem interferência humana. Hoje, ela corresponde a apenas 2% dos dados produzidos no mundo. Mas deve atingir 10% deles em 2020.
Um dos efeitos que deve se intensificar ainda mais com a expansão da internet é a aproximação e a cooperação entre pesssoas de diversas partes do mundo. "Veremos mais amizades, romances, equipes e trabalhos em grupo globais", afirma Bryan Alexander, do Instituto Nacional para Tecnologia na Educação Liberal, dos EUA.
Além de influenciar as decisões, a coleta constante de dados por meio de dispositivos online terá outro efeito colateral. Ela permitirá a detecção precoce da propensão a certas doeças. Nesta missão, os gadgets de computação vestível ou wearables (como o Google Glass) terão papel essencial. É esperar para ver.
"Tudo - rigorosamente tudo - vai estar à venda online", afirmou ao PRC Llewellyn Kriel, editor da TopEditor International Media Services. A consequência disso é um mundo menos seguro, no qual preservar a própria privacidade pode se tornar difícil. Muitos especialistas acreditam que a internet deve seguir esta tendência.