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Compostagem, o antídoto verde

Famílias e pequenos grupos de pessoas podem ajudar a diminuir a presença do CO2 utilizando a compostagem

Compostagem (EFE/Ramón da Rocha)

Compostagem (EFE/Ramón da Rocha)

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Da Redação

Publicado em 26 de janeiro de 2014 às 12h05.

De acordo com um relatório elaborado pela empresa de consultoria independente InclamCO2, para a associação ecologista “Amigos de la Tierra”, AdT, (www.tierra.org) a chamada compostagem é uma boa receita para diminuir a emissões de gases do efeito estufa.

Mas a compostagem doméstica consiste em que? Para a associação “Amigos de la Tierra” "se trata de uma prática simples para transformar a fração orgânica dos resíduos, já que, através  de sua decomposição aeróbia (em contato com o oxigênio) se obtém o ‘composto’, material rico em nutrientes muito benéficos para o solo, que ajuda a reduzir a erosão e a melhorar a vida vegetal. Além disso, é um adubo de excelente qualidade, que poderia ser conseguido nos próprios domicílios ou em centros comunitários próximos".

"Desta maneira se fecha, sem necessidade de transporte, o ciclo dos resíduos orgânicos, por isso que, no caso da compostagem doméstica, a emissões de gases do efeito estufa pode ser considera nula", segundo InclamCO2 (www.inclam.com).

O relatório da AdT analisa os sistemas de gestão de resíduos, desde sua retirada até sua chegada ao local de reciclagem, e compara as emissões de CO2 do tratamento da fração orgânica dos resíduos em um aterro sanitário, uma incineradora, uma usina de compostagem tradicional e em uma de compostagem doméstica.

Na comparação também se inclui uma usina de biometanização, uma instalação que trata o lixo e, a partir da fermentação e degradação de sua matéria orgânica, gera 'biogás' (uma mistura gasosa composta principalmente de gás metano e obtido pela digestão anaeróbia (em ausência de oxigênio) de matéria orgânica) e 'composto'.

O estudo da AdT demonstra que em um projeto de compostagem doméstica, em que participam 80 famílias, podem ser economizadas ao ano de 800 quilos e uma tonelada de gases do efeito estufa. Ou seja, o mesmo que emitiria um carro percorrendo 3.200 quilômetros, em comparação com o tratamento destes resíduos.

REDUZINDO A PEGADA DE CARBONO.

O estudo da AdT abrange todos os fatores relacionados à 'pegada de carbono', ou seja com o cálculo das emissões de gases do efeito estufa ao longo de todo o processo que esteja estudando, desde a água utilizada, até a eletricidade e, por último, o transporte, o maior gerador de gases do efeito estufa.

"A gestão da fração orgânica dos resíduos é uma das mais simples", segundo Alodia Pérez Muñoz, responsável pela área de Recursos Naturais e Resíduos, da AdT, que explicou em entrevista à Agência Efe, os detalhes e vantagens da compostagem doméstica como "antídoto" ou "vacina" para as emissões de CO2.

Segundo Alodia Pérez, a "fração orgânica dos resíduos é a parte do conteúdo do nosso saco de lixo que se decompõe de maneira natural, por exemplo, os restos de comida, folhas, galhos, papel etc."

"Esta fração representa, normalmente, entre 40% e 50% dos resíduos domésticos, por isso seu tratamento adequado reduz bastante os impactos ambientais dos resíduos de uma casa", acrescentou o especialista.

Para ele, "a gestão majoritária destes resíduos é o vazamento ou incineração, com sérios impactos ambientais associados, por sua instabilidade na decomposição e por seu elevado conteúdo em carbono, que, ao queimar, se transforma em precursores das dioxinas e dos furanos - poluentes ambientais persistentes-".

"Felizmente, segundo o especialista da AdT, o tratamento da matéria orgânica dos resíduos mediante compostagem e biometanização está aumentando em muitos países, que tratam de dar uma saída adequada a estes recursos, recuperando seu valor e fechando o ciclo natural da matéria orgânica".

Alodia Pérez afirmou que "a gestão dos resíduos tem sua pegada de carbono associada, e a fração orgânica se calcula desde o momento em que o lixo é colocado na lata de lixo (ou compostador no caso da compostagem) até que ser recuperado ou eliminado, levando em conta o transporte e o consumo de eletricidade e água, ao longo de todo o processo".

[quebra]

ADUBO ORGÂNICO E NATURAL.

"A compostagem doméstica tem vantagens ambientais com duas vertentes: por um lado reduz os resíduos destinados a uma gestão por métodos mais comuns, economizando transporte, vazamento e incineração; por outro lado permite obter um adubo orgânico natural, reduzir a utilização de químicos nos solos e recuperar a matéria orgânica que é cada vez menor nos solos de nosso planeta", explicou o responsável da AdT.

Pérez explicou que para um projeto de compostagem doméstica, como a tomado como referência pelo estudo de InclamCO2,  "é selecionado um número de famílias interessadas em participar,  damos formação sobre a prática da compostagem, e entregamos uma série de materiais didáticos e práticos (composteira , ventilador etc.)".

Depois, "cada família inicia o processo em sua casa e os monitores do projeto fazem de duas a quatro visitas a cada casa para tirar dúvidas e ajudar com o processo. Em seguida, a equipe recolhe informação sobre os resíduos administrados, problemas encontrados e o 'composto' obtido. Com oito ou dez meses é realizada uma reunião de avaliação e conclusões", explicou.

Segundo o especialista da associação “Amigos de la Tierra” "os três tipos de compostagem: doméstico, comunitário e em plantas descentralizadas, apresentam grandes vantagens para o meio ambiente, contra o vazamento ou incineração mas, dado que quanto mais se reduz o transporte, menor é a 'pegada de carbono',  o doméstico ou o comunitário oferecem melhores resultados se estão localizados perto dos pontos de geração".

Segundo este ecologista, "os países com mais tradição de compostagem doméstica são os do Norte e do Centro da Europa".

Aos interessados em iniciar a compostagem doméstica, o especialista aconselhou, primeiro "valorizar o espaço e os resíduos orgânicos que têm".

"Se o espaço é pequeno e não têm jardim nem horta, o ideal é o ' vermicompostagem', uma técnica de tratamento e valorização da fração orgânica que recorre a espécies de minhocas, mas se a pessoa tem um pátio, horto ou jardim, a melhor opção é mesmo a compostagem tradicional", disse Pérez.

Os usuários domésticos "devem decidir o tamanho de seu compostador, em função da quantidade de resíduos gerados. Uma vez introduzidos os resíduos/matérias-primas pela primeira vez, torna-se um processo contínuo, no qual são introduzidos resíduos conforme vão sendo gerados", explicou.

Alodia Pérez recomendou "controlar a ventilação, removendo, de vez em quando; e a umidade, equilibrando os materiais que se introduzem (úmido-seco). O volume desce muito rápido, e quando deixa de descer, significa que o processo está terminando e é possível tirar a primeira colheita de 'composto'".

Daniel galileia.
Efe Reportagens.-

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