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Como diversificar a energia usada no Brasil

Estiagem prolongada causa preocupação com o equilíbrio da matriz energética brasileira. Uma solução é investir em sistemas de geração distribuída

Usina hidrelétrica no Brasil: quase 70% da energia consumida no país depende da força das águas (Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 26 de agosto de 2015 às 17h08.

Última atualização em 7 de julho de 2017 às 12h28.

A falta de chuvas em regiões próximas aos reservatórios hídricos nos últimos anos tem aumentado a preocupação com o equilíbrio da matriz energética brasileira. Atualmente, 65,5% da energia ofertada no país vem das hidrelétricas, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

No último mês de março, 17 dos 28 principais reservatórios do país estavam com níveis de água inferiores em relação ao mesmo período de 2014. Em nove deles, o volume não alcançava um quinto do nível máximo.

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O Brasil possui um sistema que distribui praticamente toda a energia gerada por aqui. Conhecido como Sistema Interligado Nacional (SIN), ele permite que a energia produzida em um lugar possa ser transferida para outro. “Em um período longo de seca, isso afasta as chances de desabastecimento em regiões específicas”, diz Tomaz Nunes Cavalcante Neto, especialista em eficiência energética e professor da Universidade Federal do Ceará (UFCE). “Ainda assim, é importante para o país investir em novas formas de produção, além da hidrelétrica.”

Diante disso, os especialistas do setor têm reforçado a necessidade de fazer investimentos em geração distribuída, que é quando a energia é produzida relativamente próximo ao seu consumidor final. Quando combinada com as hidrelétricas, a geração distribuída ajuda a aumentar a segurança energética do país.

A energia térmica desempenha um papel de destaque nesse contexto. No Brasil, esse tipo de geração usa principalmente fontes como biomassa e gás natural, cuja combustão gera menos emissões de dióxido de carbono do que a queima de carvão. Atualmente, biomassa e gás natural são responsáveis por 18,6% da matriz energética brasileira.

Há três tipos de usinas térmicas. Nas de ciclo simples, a queima de combustível em caldeiras fornece a energia mecânica necessária para movimentar os geradores que produzem eletricidade. Nas de ciclo combinado, o sistema também aproveita os gases da queima dos combustíveis para gerar vapor. O vapor, por sua vez, passa por uma turbina que alimenta um gerador de energia elétrica.

Há, ainda, as usinas de cogeração, que possuem características similares às de ciclo combinado. A diferença é que o vapor também é utilizado para aquecer o ambiente e em processos industriais, como a fabricação de bens de consumo. Por causa disso, a cogeração apresenta um alto índice de eficiência. Do total de energia gerada em seu processo térmico, até 80% se transformam em eletricidade.

Uma das principais vantagens das térmicas é a sua previsibilidade. Como não depende das condições climáticas – como no caso das energias eólica e solar –, esse tipo de geração pode ser mais facilmente controlado. “É o que chamamos na indústria de energia despachável, cuja geração não corre tanto risco de ser interrompida”, diz Bernardo Bezerra, diretor técnico da consultoria PSR, que faz análises para projetos de sistemas de eletricidade e gás.

No dia a dia, essa característica pode beneficiar quem precisa produzir sua própria energia. Empresas que criam seus próprios projetos de geração de energia térmica ficam menos suscetíveis às oscilações das tarifas de eletricidade em períodos de seca.

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