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Telegram em risco: como a guerra deve enfraquecer as big techs da Rússia

Google, Meta, Twitter e outras gigantes do ocidente não fornecem somente redes sociais e mídia para Rússia, mas também os softwares que garante a operação das companhias daquele país

ILLUSTRATION - 28 February 2022, Berlin: The screen of a smartphone shows the logos of the apps VKontakte (top l-r), Twitter, RT News, Facebook, Instagram (bottom l-r) and Telegram. Photo: Fernando Gutierrez-Juarez/dpa-Zentralbild/dpa (Photo by Fernando Gutierrez-Juarez/picture alliance via Getty Images) (Gutierrez-Juarez/Getty Images)
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André Lopes

Publicado em 7 de março de 2022 às 18h20.

Última atualização em 25 de julho de 2022 às 15h02.

A invasão da Ucrânia pela Rússia tornou-se um momento geopolítico definidor para algumas das maiores empresas de tecnologia do mundo, já que suas plataformas se transformaram em campos de batalha para uma guerra de informações paralelas e seus dados e serviços se viram como elos vitais no conflito. Nos últimos dias, Google, Meta, Twitter e outras grandes do Vale do Silício foram forçadas a agir, respondendo à demanda crescente de autoridades ucranianas, russas, da União Europeia e dos EUA.

Como a posição de empresas americanas tem sido em desfavor geral da Rússia, o país comandado por Putin tende a buscar a emancipação internamente, se valendo dos players do setor de tecnologia que fomentou nos últimos anos, numa tentativa de que não se desconecte de vez do resto do mundo.

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Um exemplo disso é a relação mais amigável com o Telegram, que já foi visto como uma problema pelo Kremli, mas que, antes mesmo do conflito com a Ucrânia, havia se tornado parte do arsenal de comunicação do governo.

Segundo osite Check Point Research (CPR), desde o início da invasão russa no dia 24 de fevereiro, o número de grupos e canais relacionados ao conflito aumentou cerca de seis vezes. “O Telegram tem tomado a vanguarda digital do conflito, e é a plataforma na qual as pessoas se posicionam online”, disse o head de pesquisa de vulnerabilidade de produtos da Check Point Software, Oded Vanunu.

No entanto, apesar do bom momento dentro da Rússia, a empresa não está livre de sofrer um apagão, pois há o problema de que as big techs ocidentais não fornecem apenas plataformas de comunicação e mídia, mas também as principais soluções tecnológicas, como softwares proprietários, sistemas operacionais e nuvens, responsáveis por rodar aplicações de inúmeras empresas, incluindo tecnologia base para a operação de companhias russas como o Telegram.

Quando o Google, por exemplo, restringe o uso do Android, como já fez com a chinesa Huawei, é preciso todo um esforço de inovação e desenvolvimento de software para suprir a falta do recurso. No caso da chinesa, foi preciso desenvolver um novo sistema operacional, que até hoje só funciona bem dentro da própria China e que, pela falta de entrada em outros mercados, custou quase 30% da receita da empresa 2021.

Mas diferente da China, que possui uma pujante economia tecnológica e equivalentes nacionais para boa parte das inovações criadas mundo a fora—vide que não depende de Google e Meta para suas redes sociais—a Rússia nunca foi um expoente nesse quesito.

Quando é o caso de uma empresa de tecnologia russa ser líder de mercado, como a Kaspersky e SearchInform, que são referências no setor de segurança cibernética, há a chance de se esvaziar a cartela de clientes, uma vez que o ocidente se torna mais reticente em fazer negócios com os russos.

Com isso, é previsto pelos analistas um enfraquecimento rápido do setor. E já existe ocorrências nesse sentido. Na quinta-feira, 3, o maior motor de busca da Rússia, a Yandex, responsável por cerca de 60% do tráfego de pesquisa na internet na Rússia, disse que pode ter de desativar sua operação.

A empresa tem sede na Holanda, mas suas ações estão cotadas na Nasdaq e na bolsa de valores russa. Com isso, as negociações dos papéis foram suspensas na última semana com o valor dos ativos russos desmoronando em Moscou e no mundo após a invasão.

A imposição de sanções pelos Estados Unidos, pela União Europeia e por outras grandes economias ocidentais, no final de semana passado, acrescentaram ainda mais pressão na companhia.

O exemplo da Yandex deve se repetir em outras empresas que já enfrentam dificuldade na retirada de dinheiro de bancos no exterior. Sem o recurso, fica mais difícil segurar as operações enquanto enfrentam sanções e controles de capital introduzidos pelo governo russo com o objetivo de evitar que as empresas internacionais drenem seus ativos.

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