Como a Apple faturou R$ 90 bilhões sem vender sequer um iPhone
Apesar de ter presença consolidada no mercado de smartphones, a Apple busca aumentar sua presença em outros segmentos sem relação direta com a fabricação e venda de eletrônicos
Lucas Agrela
Publicado em 28 de abril de 2021 às 18h23.
Última atualização em 30 de abril de 2021 às 18h12.
A Apple é uma empresa que se fez na era do computador pessoal e se reinventou em 2007 com a apresentação do iPhone . Hoje, a empresa se reveza com a Amazon como a mais valiosa do mundo na bolsa americana, e o iPhone ainda é a maior fonte de receita. Mas a empresa passou a olhar com mais atenção ao setor de serviços, uma vez que o segmento global de smartphones atingiu o fim do seu pico de crescimento. Agora, a divisão já está entre as maiores da companhia. Só no primeiro trimestre de 2021, o faturamento dessa área foi de 16,9 bilhões de dólares (90 bilhões de reais, em conversão direta), ante 13,3 bilhões de dólares há um ano.
A área de serviços da Apple é cada vez mais abrangente. Tanto que a empresa percebeu que estava confundindo os consumidores e unificou tudo no Apple One. Os serviços da companhia são de diferentes frentes. Há o iCloud, o armazenamento em nuvem da companhia para arquivos e backups de dispositivos com sistema iOS; o streaming de vídeo Apple TV+; o aplicativo de streaming de música Apple Music; e o serviço de streaming de games Apple Arcade.
Essa nova frente permite que a Apple se mantenha lucrativa no longo prazo, considerando um cenário de estabilização do mercado mundial de celulares, um certo grau de imunidade a crises na cadeia de fornecimento de componentes eletrônicos, e também permite uma receita de maior qualidade, ou seja, uma receita mais previsível, o que é positivo tanto para a Apple quanto para seus acionistas — outro ponto que animou os investidores foi o anúncio de que a empresa irá aumentar os dividendos em 7% e promover uma recompra de 90 bilhões de dólares em ações.
A estratégia de serviços, entretanto, está profundamente ligada com o estratégia de continuar a vender smartphones, computadores e tablets da empresa. Apesar de a maioria dos serviços estar disponíveis para smartphones e tablets Android ou computadores com Windows, a integração dos programas com iPhone, iPad e Mac é pensada para criar um ecossistema que fidelize o consumidor.
A Apple terminou o último trimestre de 2020 como líder global na venda de smartphones. No entanto, a empresa voltou à sua posição habitual de vice-liderança no primeiro trimestre de 2021, atrás da sul-coreana Samsung. Ainda assim, a consultoria Counterpoint Research indica que seis dos 10 modelos mais vendidos no mundo em janeiro eram da Apple, sendo os três primeiros da lista iPhone 12, iPhone 12 Pro Max e iPhone 12 Pro, um indicador da força dos lançamentos da companhia na era do 5G.
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