Com queda de iPhones na China, Apple aposta nos serviços
Companhia divulga seus resultados trimestrais nesta terça-feira. Expectativa é de retomada nos números apenas em 2020
Da Redação
Publicado em 29 de janeiro de 2019 às 06h17.
Última atualização em 29 de janeiro de 2019 às 06h35.
Os últimos três meses foram duros para a gigante de tecnologia Apple — e tudo graças à China. Mesmo com novos iPhones no mercado, a empresa americana viu seus smartphones perderem espaço no território chinês graças ao fortalecimento da concorrência e a uma estratégia de preços que não agradou muito os consumidores. O resultado? Queda nas vendas e nas ações e uma aparente crise instaurada. É em meio a este cenário que a empresa divulga nesta terça-feira seus resultados financeiros do primeiro trimestre fiscal de 2019.
A própria Apple não está exatamente otimista em relação ao que esperar. Sua previsão inicial, de que a receita no período ficaria entre 89 e 93 bilhões de dólares, foi cortada para 84 bilhões de dólares em uma carta enviada pelo presidente Tim Cook a investidores no começo de janeiro. Cook elencou alguns dos motivos, mas destacou que o principal foi, de longe, o mercado chinês.
“Nós esperávamos alguns desafios em mercados emergentes, mas não previmos a magnitude da desaceleração econômica, particularmente na China”, escreveu Cook. A economia chinesa, no entanto, desacelerou apenas 0,2 ponto percentual, para 6,6% de expansão, o que mostra que o problema, mais do que na China, está na Apple mesmo.
Os problemas foram agravados pelo alto preço dos novos smartphones da empresa e pela guerra comercial que a região disputa hoje com os Estados Unidos, afetando a receita gerada geradas pelos iPhones. O executivo não cita os números exatos das vendas do celular e também não deverá fazê-lo: a partir deste trimestre, a empresa colocará os valores em uma categoria unificada, de produtos, junto com os totais de Macs, iPads e outros aparelhos.
Na estimativa do analista Gene Munster, da empresa de investimentos Loup Ventures, a queda deve ficar na casa dos 36% em relação ao mesmo período do ano passado. A China representa 20% da receita total da companhia.
O vácuo deixado pela Apple no país foi ocupado principalmente por rivais locais, com modelos mais acessíveis. Segundo dados da consultoria Gartner, Huawei, Xiaomi e Oppo, que têm atuação mais forte na China, têm nadado de braçada. A Huawei já tomou da empresa americana o segundo posto entre as maiores fabricantes de smartphone do mundo, atrás da sul-coreana Samsung.
Para Rod Hall, do banco Goldman Sachs, a previsão é de que esse cenário não melhore no próximo trimestre, porque os custos altos dos iPhones devem fazer com que os clientes não pensem em trocar de celular tão cedo. Em nota a acionistas, o analista cortou a expectativa do preço dos ações para os próximos 12 meses, de 182 para 140 dólares.
Mas nem todas as notícias são ruins. Na carta aos acionistas, Cook destacou que o setor de aparelhos vestíveis (o Apple Watch e os fones AirPods) e os serviços tiveram bons resultados. A receita do primeiro saltou 50% em 12 meses. Os serviços geraram cerca de 10,8 bilhões de dólares de receita no trimestre, um recorde na história da companhia.
O resultado desses negócios ainda não deve ser suficiente para salvar o ano fiscal de 2019 da Apple — na previsão da Loup Ventures, a empresa deve encerrar o período de 12 meses com uma queda de 5% na receita. Mas a expectativa é de que os números gerais voltem a crescer em 2020. O iPhone pode ter perdido espaço, mas a Apple deve continuar a crescer.