CNPq atrasa o pagamento de bolsas do Start-Up Brasil e preocupa empreendedores
Ao menos 40 empresas foram afetadas pela falta de repasse de recursos do governo federal ao CNPq
Da Redação
Publicado em 17 de abril de 2015 às 13h45.
Os bolsistas beneficiados pelo programa Start-Up Brasil, do governo federal, tiveram atraso no pagamento deste mês. A mensalidade de março deveria ter sido depositada no último dia 8 de abril, mas a transação não foi realizada, segundo apurou a INFO. Pelo menos 40 empresas foram afetadas. Procurado pela reportagem nesta sexta-feira, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), órgão responsável pela execução das bolsas, afirmou que os pagamentos foram liberados ontem (16) e serão realizados até segunda-feira, 20.
As bolsas do Start-Up Brasil variam entre R$ 2 500 e R$ 8 000 e são pagas mensalmente a sócios e funcionários das empresas beneficiadas. No total, cada startup pode receber até R$ 200 mil em bolsas.
Na terça-feira (14) um coordenador do CNPq entrou em contato por e-mail com as startups para informá-las do atraso. Na ocasião, ele afirmou que não havia previsão de quando o pagamento de março seria realizado.
A situação preocupou os empreendedores do Start-Up Brasil, que dependem dos recursos do governo para pagar os funcionários bolsistas. Algumas startups liberaram as equipes para trabalhar em casa, como uma forma de reduzir os gastos com transporte e alimentação. Mas a situação deixou os funcionários desmotivados.
Na troca de e-mails obtida pela INFO, os empreendedores diziam que, se a situação não fosse resolvida, iriam cortar gastos e já questionavam dispensar os colaboradores bolsistas. Apesar de trabalharem para as startups, parte dos bolsistas não tem vínculo empregatício com as empresas e recebem somente do valor das bolsas como benefício.
Futuro
A preocupação agora é com o pagamento nos próximos meses. A equipe do CNPq não informou às empresas se o atraso é momentâneo ou se poderá se estender pelos próximos meses. A explicação dada aos coordenadores de cada startup é que o atraso ocorreu por causa do "fluxo de caixa" dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) para o CNPq.
Questionado pela INFO se há risco de mais atrasos nos próximos meses, o CNPq respondeu apenas que os recursos para esta ação ( o Start-Up Brasil ) são provenientes de outras fontes, externas ao CNPq. Segundo o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), não há previsão para novos atrasos nos pagamentos.
Os recursos do Start-Up Brasil têm origem em um fundo setorial do governo federal chamado CT-Info, que faz parte do FNDCT. Mas o orçamento de 2015 do governo federal prevê uma queda de 94% no financiamento do CT-Info. No ano passado, a previsão orçamentária do fundo era de R$ 35,38 milhões, e neste ano cairá para R$ 2,2 milhões de acordo com o projeto da lei de diretrizes orçamentárias aprovada pelo Congresso há um mês. O orçamento deste ano ainda não foi sancionado pela presidente Dilma Rousseff.
Segundo dados oficiais, no ano passado o governo investiu R$ 13,2 milhões em bolsas para as empresas do Start-Up Brasil, seis vezes o orçamento previsto para todo o CT-Info em 2015. Ao todo, 183 startups participam -- ou já participaram -- do programa de fomento à indústria de tecnologia da informação.