Claro e Ericsson iniciam testes em 5G no Brasil
Parceria anunciada no ano passado saiu do papel. mostraram na Futurecom equipamentos utilizados para a experimentação da quinta geração de redes móveis
Victor Caputo
Publicado em 18 de outubro de 2016 às 15h57.
Última atualização em 19 de outubro de 2016 às 17h31.
A parceria anunciada no ano passado entre a Ericsson e a Claro para testes com 5G no Brasil enfim saiu do papel. As empresas demonstraram durante a Futurecom nesta segunda-feira, 17, os equipamentos utilizados para a experimentação da quinta geração de redes móveis, focando em throughput de 4,5 Gbps no local, com latência menor do que 1 ms.
As empresas utilizam a faixa de 15 GHz, com bloco de 400 MHz de capacidade (entre 14,7 GHz e 15,1 GHz), divididos em quatro portadoras de 100 MHz cada. "A Anatel só autorizou o uso aqui dentro, porque, se pudesse, poderíamos (mostrar) em campo aberto", declara o diretor de engenharia da unidade de mercado corporativo da Claro, André Sarcinelli.
Ainda em 15 GHz, o plano é entrar em uma segunda fase com aumento de modulação para chegar a velocidades de 12 Gbps. A antena tem tecnologia de múltiplas entradas e saídas (MIMO) 4 x 4.
Sarcinelli reconhece, contudo, que os testes "não são necessariamente para a Claro lançar (a 5G)" ainda, mas para verificar as características do futuro padrão, como a cobertura indoor. A tecnologia ainda precisa ser padronizada, conforme ressalta a representante da engenharia da Ericsson, Camila Duarte.
Mas isso não impede de fornecedores de focarem no desenvolvimento assim mesmo. "Trabalha-se mais nas frequências de 28 GHz nos Estados Unidos e 15 GHz na Europa", explica, citando testes da Ericsson com outras operadoras nesses países. "Em termos de equipamento, a gente está bem", conclui.
Ambas as bandas estão ocupadas no momento no Brasil, daí o papel dos testes para tentar definir um caminho a ser seguido. "O quanto antes a gente formatar o mercado, e a Anatel ver o espectro, melhor, pois isso leva tempo", declara André Sarcinelli. A padronização em si só deverá sair em 2020, contudo.
Justamente pelas frequências altas e a demanda por grandes blocos para cada portadora, a 5G não poderá ter abordagem de infraestrutura convencional. O diretor da Claro prevê que a quinta geração de redes móveis precisará se valer de cobertura de small cells para oferecer a capacidade indoor, mas, de certa forma, poderá se valer das frequências altas com ligação ponto a ponto para não apenas levar sinal e repeti-lo para ampliar a cobertura. Com isso, atenuam a necessidade de um backhaul de fibra muito próximo à todas as estações radiobase.
Texto publicado originalmente no siteTeletime.