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Ciberataque mostra fragilidade da cadeia de abastecimento global

O incidente da Hydro e outros ataques recentes evidenciam o quanto a tecnologia e a automação se tornaram fundamentais na indústria de metais e mineração

(Kacper Pempel/Reuters)

Lucas Agrela

Publicado em 24 de março de 2019 às 05h55.

Última atualização em 24 de março de 2019 às 05h55.

O ataque de ransomware (um vírus que codifica dados e os libera mediante pagamento de resgate) que paralisou uma das maiores fabricantes de alumínio do mundo também evidenciou a importância dos sofisticados sistemas digitais na indústria centenária de transformar rochas mineradas em produtos de metal.

Após um ataque cibernético "grave" às operações da Norsk Hydro nos EUA e na Europa, na manhã da última terça-feira, a empresa foi forçada a desativar várias linhas de produtos automatizadas e mantém suas fundições em operação usando processos manuais de produção. A Hydro informou que pretende reiniciaria alguns sistemas na quarta-feira para "possibilitar a continuidade das entregas aos clientes".

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A questão crítica para a Hydro agora é encontrar pedidos de clientes específicos e o método para atendê-los, disse o diretor financeiro Eivind Kallevik em uma entrevista, em Oslo, na terça-feira.

"Podemos conseguir isso limpando os sistemas e restaurando os backups e, em alguns casos, podemos voltar aos sistemas de backup e extrair os dados mais manualmente", disse ele. "Essa é uma grande tarefa em todas as fábricas."

O risco de uma interrupção do fornecimento na Hydro está repercutindo profundamente na indústria do alumínio, porque poucas empresas do mundo podem fabricar os produtos técnicos exigidos por empresas como a Daimler e a Ford Motor.

Isso significa que os efeitos podem ter grandes repercussões quando ocorre um problema, como ficou claro para os consumidores no ano passado, quando os EUA impuseram inesperadamente uma sanção à United Co. Rusal, a maior produtora de alumínio do mundo fora da China.

Automação fundamental

O incidente da Hydro e outros ataques recentes evidenciam o quanto a tecnologia e a automação se tornaram fundamentais na indústria de metais e mineração. Como parte de sua incursão pelo mercado automotivo europeu, a Hydro investiu em 2015 em sistemas de testes automatizados e ultrassônicos para buscar com precisão impurezas em seus produtos, a fim de atender a necessidades específicas de clientes do setor de transporte.

Sem essa certificação automatizada, as fabricantes de veículos não poderiam usar as peças, segundo Colin Hamilton, diretor administrativo de pesquisa sobre commodities da BMO Capital Markets. Na quarta-feira, a Hydro afirmou que a incapacidade de se conectar a alguns de seus sistemas de produção causou desafios e acrescentou que ainda é muito cedo para estimar o "impacto operacional e financeiro exato".

Mais do que outros metais básicos, a produção de alumínio é dominada por um punhado de empresas, o que significa que há mais risco de que as cadeias de abastecimento sejam interrompidas se houver um problema de produção, segundo Michael Widmer, chefe de pesquisa sobre metais do Bank of America Merrill Lynch em Londres.

A natureza interconectada das cadeias de abastecimento não é uma exclusividade da indústria de metais. À medida que os processos de fabricação se tornam cada vez mais complexos e dispersos pelo mundo, mais empresas terão que enfrentar o risco de uma interrupção provocada por ataques cibernéticos.

"Quanto mais automação você introduzir em seus sistemas, mais você precisará protegê-los", disse Widmer. "Assim como em outras indústrias, você pode começar a ver uma ênfase muito maior na segurança cibernética."

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