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China, entre o papiro e o jornal online de rua

Inovação chinesa abrange todas as áreas, desde monitores na rua com jornais atualizados até papiros de decorações feitos com cabelos de jovens

Ponte em Haikou, na China: objetivo das criações é impulsionar a pesquisa e desenvolvimento na China e livrar-se do eterno empecilho de um país conhecido por suas cópias (Wikimedia Commons)

Ponte em Haikou, na China: objetivo das criações é impulsionar a pesquisa e desenvolvimento na China e livrar-se do eterno empecilho de um país conhecido por suas cópias (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 29 de abril de 2014 às 12h49.

Haikou - A inovação "Made in China" abrange todas as áreas: desde monitores em plena rua com jornais atualizados para que o cidadão possa se informar do que ocorre ao dar um passeio, até papiros de decorações feitos com o cabelo de jovens de 18 anos recolhido em barbearias.

São as criações que podem ser encontradas no centro de pesquisa de Haikou, capital da ilha tropical de Hainan, no sul da China, que pretende se transformar em um lugar de referência no país após a ampliação prevista para os próximos anos.

O objetivo é impulsionar a pesquisa e desenvolvimento na China e livrar-se do eterno empecilho de um país conhecido por suas cópias.

Mas como fazer isso? Apoiando, sobretudo, a criação jovem. Eles têm um lugar de destaque neste centro de Hainan, onde são incentivados a colaborar com empresas mais antigas ou a inovar em outras recém iniciadas.

No centro, na Hainan Resort Software Community, são descobertas criações de todo tipo, algumas mais ligadas à cultura milenar e outras baseadas em ideias importadas do estrangeiro, como um protótipo chinês da revolucionária impressora 3D.

Os papiros elaborados com cabelos de jovens de 18 anos ressaltam entre o exposto ao se conhecer a história da excepcionalidade da obra, criada pela empresa Haikou Ming Xiu.

Fio a fio se consegue construir paisagens de cores e retratos com uma paciência que faz honra à cultura da etnia miao e ao valor que esta dá ao cabelo das jovens.


Sua particularidade também está ligada à região na qual fica o centro de pesquisa, já que a matéria-prima - o cabelo - foi recolhida nas barbearias da região por seus criadores. Se alguém ver obras de perto, inclusive pode diferenciar algum fio solto.

Esta arte atípica compartilha espaço com os novos protótipos de telas nas quais se podem visualizar os jornais do dia atualizados - graças a uma conexão com a internet - pensados para serem instalados na beira da rua e permitir ao transeunte ler a imprensa online sem a necessidade de usar um tablet ou um celular inteligente.

A ideia nasce das telas de anúncios que já se encontram em algumas ruas principais da China - como por exemplo, em Pequim - e nas quais se expõem diariamente os jornais para todo aquele que deseje parar a ler artigos, sob o único custo de seu tempo.

A estampa de adultos de pé lendo as notícias através das telas é comum durante as manhãs em Pequim, por isso que o objetivo é conseguir o mesmo, mas em um "nível maior" com o uso das novas tecnologias.

Os monitores - do tamanho de um adulto -, que agora incluem até 20 jornais do grupo do oficial "Diário do Povo", são interativas e táteis, por isso que basta deslizar o dedo por elas para se ter acesso a todo tipo de notícias, incluindo o serviço do tempo ou mapas da cidade.

A instituição tentará impulsionar a exportação desta inovação, primeiro, nas principais cidades de Hainan, e posteriormente, por toda a China, segundo confirmou seu diretor, Wu Jia, a um grupo de jornalistas em uma recente visita à instalação.


Como destacou Wu, a Hainan Resort Software Community quer ficar conhecida através do sucesso de suas criações, que esperam que aumentem após a construção de suas oito áreas restantes - sem data de finalização prevista.

Por enquanto, conta com duas áreas que abrigam 260 empresas chinesas com ao redor de 3.500 pessoas, apesar de, quando estiverem levantadas as oito restantes, o número de funcionários alcançará os 50 mil e pode ser que se inclua alguma firma estrangeira.

"Cinquenta por cento é dedicado à pesquisa científica. Todas as empresas são daqui e a maioria de informática. Mas também temos pensado introduzir alguma estrangeira", explicou Wu.

Em 2012, o centro alcançou um valor de produção de 6,5 bilhões de iuanes (US$ 1,050 bilhão) e, segundo assegura seu diretor, após a ampliação a Hainan Resort Software Community será "uma das mais potentes do país".

A China começou a corrida da pesquisa para não ficar para trás. Por enquanto, nos últimos anos conseguiu o segundo lugar do mundo em sua contribuição para o âmbito da ciência: depois dos Estados Unidos, é o país com maior número de publicações.

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