CEO da Apple preenche vazio de modelo para funcionários LGBT
Cook é o primeiro CEO de uma empresa S&P 500 a sair do armário publicamente, um momento divisor de águas para a comunidade gay
Da Redação
Publicado em 31 de outubro de 2014 às 13h43.
Nova York - Como CEO da Apple Inc., a empresa de tecnologia mais valiosa do mundo, Tim Cook pode falar o que ele quiser, inclusive anunciar que ele “tem orgulho de ser gay ” em uma entrevista da Bloomberg Businessweek ontem.
Fazer esse pronunciamento, que praticamente só recebeu elogios, seria muito mais arriscado para os executivos gays que ainda estão tentando chegar ao maior escritório da empresa.
“Ele ajudou muito a empurrar a pedra montanha acima para que haja mais abertura e oportunidades, mas isso não significa que os gays no nível executivo vão estar instantaneamente no paraíso”, disse Linda Hirshman, autora de “Victory, the Triumphant Gay Revolution”, sem edição em português.
Cook é o primeiro CEO de uma empresa S&P 500 a sair do armário publicamente. O momento é um divisor de águas para a comunidade gay, que ainda não está protegida contra a discriminação no ambiente de trabalho em 29 estados dos EUA.
Embora um número cada vez maior de líderes empresariais agora seja abertamente gay – como Christopher Bailey, CEO da Burberry Group Plc, Anthony Watson, diretor de informação da Nike Inc., e Robert Greenblatt, presidente do conselho da NBC Entertainment –, outros ainda se preocupam com o estigma que isso pode provocar.
“Mesmo no clima mais aberto de hoje, os gays que se assumem correm o risco de descarrilar seus avanços, especialmente para o cargo de CEO”, disse Pat Cook, presidente da Cook Co., uma exclusiva empresa de pesquisa em Bronxville, N.Y.
Em geral, espera-se que os funcionários gays sejam discretos com os consumidores ou clientes.
Indústria petroleira
John Browne, ex-CEO da BP Plc, foi obrigado a pedir demissão em 2007, quando um tabloide britânico o tirou do armário. Desde então, ele escreveu um livro, “The Glass Closet: Why Coming Out is Good Business”, sem edição em português, sobre ser gay sem revelar sua identidade sexual na indústria petroleira.
Enquanto ele estava no cargo, a BP tinha uma joint venture na Rússia, onde o presidente Vladimir Putin aprovou leis contra a homossexualidade.
"Para um headhunter, eu teria sido visto como "controverso", demasiado hot para aguentar", escreveu ele.
Bob Page, fundador da Replacement Ltd., em McLeansville, Carolina do Norte, uma empresa varejista que vende antiguidades, disse em uma entrevista que sofreu muitas demonstrações de intolerância por ser um empreendedor abertamente gay no “Cinturão Bíblico”.
‘Impacto significativo’
“O fato de Tim Cook se assumir como gay pode provocar um impacto significativo”, disse Page. “Outras pessoas podem ouvir e pensar: ‘está aí alguém que é famoso e admirado por sua inteligência empresarial e que se sente seguro para sair do armário’. Isso poderia ajudar outros adolescentes que estão lutando” com a própria identidade sexual.
Watson, 37, diretor de informação da Nike, que revelou sua identidade sexual quando estudava no Trinity College de Dublin, não teve um modelo gay a seguir na adolescência, disse ele em entrevista.
“Não havia um modelo de conduta a seguir, só algumas pessoas afeminadas ou afetadas na TV, de quem todos riam”, disse ele. A revelação de Tim Cook “muda as regras do jogo. Essencialmente, é uma mudança de perspectiva para os líderes LGBT”.
Funcionários LGBT
Nos EUA, mais de 40 por cento dos funcionários que são lésbicas, gays, bissexuais ou transexuais ainda estão no armário no ambiente de trabalho, de acordo com Todd Sears, fundador da Out Leadership, um grupo de defesa de funcionários LGBT em empresas, e ex-banqueiro de Wall Street, que trabalhou no Credit Suisse Group AG. Na Ásia, essa proporção é de 90 por cento.
A revelação de Cook transmite uma mensagem para os 78 países do mundo onde ser gay ainda é ilegal, de acordo com Sears. A Apple vende iPhone em todos esses países, inclusive em Cingapura, que confirmou nesta semana sua lei anti-homossexualidade.
“O que vão fazer da próxima vez que Tim Cook for a Cingapura, vão prendê-lo?”, questionou Sears. “Tim deu a cara para isso e, de modo indireto, colocou o produto dele lá. Vai ser muito difícil ser homofóbico com um iPhone na mão”.
David Geffen criou as gravadoras Asylum Records e Geffen Records, que lançaram bandas como Aerosmith e Guns N’Roses. Ele é co-fundador do estúdio de cinema DreamWorks. Hoje, aos 71 anos, está aposentado. Sua fortuna está em ações e em uma das maiores coleções privadas de obras de arte do mundo, estimada em 2 bilhões de dólares.
Nascida James Pritzker, Jennifer, de 62 anos, anunciou, em agosto de 2013, que viveria sua vida como uma mulher. Tenente-coronel aposentada do exército, Jennifer é uma das herdeiras da família Pritzker, que ficou bilionária com a venda da rede de hotéis Hyatt. Ela é presidente executiva da empresa de administração de riquezas Tawani Enterprises.
Fortuna: 1,65 bilhão de dólares Domenico Dolce, 55 anos, é co-fundador da marca italiana Dolce & Gabbana . Ele e Stefano Gabbana, seu parceiro nos negócios – e antigo parceiro na vida – são dois dos mais poderosos homens da moda. Ambos foram considerados culpados pela justiça italiana por deixar de pagar 277 milhões de dólares em impostos, mas a dupla vai apelar.
Stefano Gabbana, 51 anos, é co-fundador da marca italiana Dolce & Gabbana e ex-parceiro de vida de seu sócio, Domenico Dolce. Além do processo na justiça italiana por deixar de pagar impostos, a dupla ainda divide um iate Regina D’Itália.
Jon, 55 anos, é um dos herdeiros de Homer Stryker, o médico cirurgião inventor da cama móvel de hospitais e fundador da fabricante de equipamentos médicos Stryker Corp. Ele é o fundador da Arcus Foundation, uma organização que apoia o avanço dos direitos homossexuais pelo mundo. Stryker também é um dos maiores doadores do mundo para movimentos LGBT.
Este é o ano de estreia de Michael Kors na lista de bilionários da Forbes. O fundador da grife de roupas feminina que leva seu nome viu sua fortuna subir desde 2011, quando a empresa realizou sua oferta pública de ações. Kors começou a ficar conhecido pelo público fora dos Estados Unidos em 2004, ano de sua estreia como jurado do reality show Project Runway.